Corinthians: Por dias melhores, Fabinho e Dorival vão ao limite para segurar crise política
Executivo de futebol e treinador tiveram grandes dificuldades em blindar o elenco corintiano após os mais recentes episódios de disputas pela presidência do clube
Para além do descanso e recuperação física dos atletas, a pausa do futebol brasileiro durante o período do Mundial de Clubes será importante para o Corinthians amenizar a crise política e os impactos dela no futebol.
Desde o afastamento de Augusto Melo, a repercussão das questões administrativas tem sido cada vez maior no elenco. Fato que tem gerado incômodo a uma série de atletas.
A Trivela apurou que a maioria dos jogadores considera o ambiente instável, sobretudo com as ameaças constantes de novas mudanças na diretoria.
O presidente afastado não se dá por vencido e busca retomar o posto antes mesmo da Assembleia Geral de Sócios, marcada para o dia 9 de agosto e que votará em última instância o impeachment ou a continuidade dele.
Augusto e apoiadores entraram com uma série de liminares e outras medidas judiciais. Até o momento, todas foram negadas.
Se silenciosos fossem, esses movimentos não trariam grande impacto ao grupo de atletas. O problema, porém, tem sido a exposição dessas situações.
As constantes aparições de Augusto dão cada vez mais luz aos problemas de bastidores do Corinthians e tiram o foco do futebol.
Os jogadores mais “quadrados” veem essa situação com desconforto. Já outros consideram inusitado o cenário de um clube “com dois presidentes” e até brincam com a situação.
Dentre esses, há uma grande segurança depositada em Fabinho Soldado e o entendimento de que o executivo é o “verdadeiro presidente do clube”.
Ainda assim, o dirigente teve cada vez mais trabalho em blindar o elenco após os episódios mais recentes.
A Trivela apurou que o homem forte do futebol corintiano teve que lidar com uma quantidade maior de questionamentos sobre os impactos do momento político do clube no futebol e até mesmo com alguns casos de desânimo e insatisfação.
Ainda assim, a postura do presidente interino Osmar Stábile em manter Fabinho à frente dos assuntos do futebol foi bem vista pelos atletas.
Já no departamento de futebol, a sensação é de que, mesmo com a blindagem, a situação estava chegando cada vez mais perto de “estourar”. Por isso, a pausa é comemorada internamente.
Dorival também ajudou na blindagem do elenco do Corinthians
Ao lado de Fabinho Soldado, o técnico Dorival Júnior também ajudou na blindagem do elenco.
De uma forma mais comedida, o treinador também mantém diálogo aberto com os atletas sobre o tema.
O comandante corintiano tem segurado as pontas, sobretudo no elo com a direção interina.
Ao chegar no clube, o técnico buscou referências sobre o cenário político. Ele não só conversou bastante com Fabinho Soldado, que teve papel fundamental para a contratação, como teve acesso a informações através de outras pessoas.
Ao saber do cenário de instabilidade política e do iminente afastamento de Augusto Melo, Dorival não tratou assuntos relacionados ao planejamento e estratégia com o presidente afastado em momento algum.
Embora sempre tenha lidado com diplomacia e tratado Augusto com cordialidade, Dorival Júnior manteve todo o trabalho atrelado a Fabinho Soldado.
– O Centro de Treinamentos é respeitado pelos dois lados do clube. É natural que gere uma instabilidade, sim, ninguém pode fugir de uma situação como essa. Instabilidade gera, mas, com o esforço de todos, colaboração e entendimento dos jogadores, respeitamos da melhor forma possível – destacou Dorival em entrevista coletiva após o empate do Timão com o Grêmio, pelo Campeonato Brasileiro.
A partida foi a última do Corinthians no intervalo de um mês. Sendo que durante 15 dias os atletas ganharão férias, o que é visto como crucial por dias mais tranquilos.
Tanto que, conforme soube a Trivela, pessoas ligadas ao grupo que administra o clube interinamente levaram mensagens de segurança ao trabalho de Dorival antes mesmo da assinatura do contrato.
Os recados foram passados indiretamente, por meio de contatos em comum, que deram ao treinador a tranquilidade de que, mesmo havendo mudança na diretoria, o tempo de trabalho seria respeitado.
A permanência de Fabinho Soldado também já havia sido assegurada com antecedência ao técnico, o que foi fundamental para o aceite.
