Maurício Noriega: Nestor e Dorival, os símbolos do justo São Paulo campeão da Copa do Brasil
Nestor, mesmo sendo um dos meio-campistas mais modernos do país, era perseguido por parte da torcida; Dorival deu ao São Paulo a calma que faltava em momentos decisivos
Dois nomes se destacam no incontestável título do São Paulo na Copa do Brasil: Rodrigo Nestor
e Dorival Júnior.
O meio-campista injustamente perseguido por parte da torcida tricolor paulista é um atleta moderno, versátil e que jogou muita bola nas duas partidas decisivas. Não somente pelo passe para o tento de Calleri no Maracanã e pelo belo gol no Morumbi, mas por oferecer ao time múltiplas opções táticas e por jamais sucumbir ante a pressão de seus perseguidores.
Torcedores que marcam jogadores existem em todos os clubes. No São Paulo, em virtude da carência de títulos importantes – encerrada ontem – muitos atletas foram marcados por torcedores com o perfil de intolerância. Casemiro, Kaká, Maycon, Igor Gomes, entre outros. Foram vários. Que agora esses são-paulinos saibam reconhecer a importância de um atleta como Rodrigo Nestor, formado pelo clube. Jogador para carreira na Europa e oportunidade em seleção. Que os lacradores saibam reconhecer o erro grave que vinham cometendo.
Dorival Júnior é um treinador experiente e consagrado. Sofreu muito para chegar ao topo, geriu mal a carreira por um tempo e teve sérios problemas particulares. Passou por tudo que qualquer pessoa passa na vida e amadureceu da melhor forma possível: estudando e trabalhando. Sempre soube que o São Paulo não tinha elenco para brigar pelo Brasileirão, mas poderia sonhar com Copa do Brasil ou Sul-americana. Quando o caminho se abriu na competição nacional, ele administrou um momento de desequilíbrio e apostou tudo na Copa do Brasil. A diretoria deu a ele um jogador importante como Lucas Moura, e a tranquilidade que emanou de Dorival durante a turbulência foi determinante para a conquista, desenhada no primeiro jogo, com grande
atuação. A segunda partida foi prejudicada pelo calor insano e se apresentou mais lenta e sem grandes momentos. O São Paulo não precisava deles para ser o justo campeão da Copa que faltava em sua galeria.
O Flamengo comprovou ser o maior desperdício de talentos da América do Sul. Um clube que se deixou levar pela absurda vaidade de seus dirigentes, de seu treinador e de parte de seus atletas. Houve ao menos dignidade na partida do Morumbi, mas não existe qualquer traço de time, de coletividade. Resta saber se haverá alguma mudança, que deve começar pelo topo da escala administrativa e técnica. É preciso peito para barrar ou até mesmo vender alguns atletas históricos e talentosos que se posicionam acima do clube e tocar uma profunda reformulação.