‘Selvageria’: Flamengo condena atos de violência na Arena MRV e culpa Atlético-MG
Em nota, clube carioca elenca incidentes ocorridos na final da Copa do Brasil e cobra ação de autoridades
O Flamengo publicou, na noite desta segunda-feira (11), uma nota de repúdio “às cenas de selvageria” vistas na Arena MRV, em Belo Horizonte, antes, durante e depois do jogo de volta da final da Copa do Brasil, contra o Atlético-MG — mandante da partida e dono do estádio.
No texto, o Rubro-Negro elenca os incidentes e responsabiliza os gestores da Arena MRV e a diretoria do Galo pela insegurança no derradeiro duelo da decisão. O clube carioca lamentou o “cenário de guerra” criado pelos mineiros e cobrou medidas urgentes por parte das autoridades.
— Infelizmente, o cenário de guerra visto ontem não é uma novidade em jogos realizados em Belo Horizonte, contra a equipe do Atlético Mineiro. A rivalidade entre as equipes, que deveria ficar restrita ao ambiente desportivo, de forma salutar, extrapolou a barreira do razoável, de modo que as autoridades (Ministério Público, Órgãos de Segurança Pública, Superior Tribunal de Justiça Deportiva, Confederação Brasileira de Futebol, dentre outros) precisam e devem tomar medidas urgentes — diz trecho da nota.
O Clube de Regatas do Flamengo vem a público, após as lamentáveis cenas de selvageria ocorridas ontem, dia 10.11.2024, dentro e fora das dependências da arena do Clube Atlético Mineiro, manifestar seu absoluto repúdio em face das agressões sofridas pelos torcedores, profissionais… pic.twitter.com/ku0j948hFM
— Flamengo (@Flamengo) November 11, 2024
Panorama da confusão na Arena MRV
Horas antes da bola rolar para Atlético-MG x Flamengo, torcedores rubro-negros encontraram dificuldades para entrar na Arena MRV. O sistema de catracas falhou e provocou tumulto no lado de fora do estádio. Diante da tentativa de invasão por parte de alguns flamenguistas, a polícia usou gás de pimenta e bombas de efeito moral.
Já com o jogo rolando, diversos objetos foram atirados na direção de jogadores do Flamengo. Durante a comemoração do gol de Gonzalo Plata, uma bomba explodiu perto do equatoriano e de Gabigol.
Um dos explosivos arremessados, inclusive, atingiu o pé de um fotógrafo que trabalhava atrás de um dos gols. Nuremberg José Maria, de 67 anos de idade, foi levado a um hospital próximo ao estádio.
Por fim, mas não menos importante, houve tentativa de invasão ao gramado após a partida. Enquanto o plantel flamenguista celebrava o título, torcedores do Atlético-MG entraram em confronto com seguranças do estádio e ameaçaram entrar em campo.
Festa, má atuação, bombas em campo, caso de racismo…
Assim foi a primeira final do Atlético-MG na Arena MRV
✍️ @alecshms https://t.co/6b197K0WnK
— Trivela (@trivela) November 10, 2024
Possíveis punições ao Atlético-MG
Com todos os incidentes relatados na súmula do árbitro, o Atlético-MG pode pagar um alto preço pela selvageria de sua torcida. E mesmo que contribua com as autoridades no trabalho de identificação dos envolvidos, a tendência é que o clube alvinegro sofra uma severa punição.
O STJD deve denunciar o Atlético nos artigos 211 e 213 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva, que incide em multa entre R$ 100 e R$ 200 mil, além de perda de mando de campo de uma a 10 partidas, podendo chegar até na interdição do estádio.
Confira a nota do Flamengo na íntegra
O Clube de Regatas do Flamengo vem a público, após as lamentáveis cenas de selvageria ocorridas ontem, dia 10.11.2024, dentro e fora das dependências da arena do Clube Atlético Mineiro, manifestar seu absoluto repúdio em face das agressões sofridas pelos torcedores, profissionais envolvidos no espetáculo, jogadores e comissão técnica deste clube.
Infelizmente, o cenário de guerra visto ontem não é uma novidade em jogos realizados em Belo Horizonte, contra a equipe do Atlético Mineiro. A rivalidade entre as equipes, que deveria ficar restrita ao ambiente desportivo, de forma salutar, extrapolou a barreira do razoável, de modo que as autoridades (Ministério Público, Órgãos de Segurança Pública, Superior Tribunal de Justiça Deportiva, Confederação Brasileira de Futebol, dentre outros) precisam e devem tomar medidas urgentes.
O país inteiro foi testemunha das diversas e graves violências praticadas ontem por parte dos torcedores do Atlético Mineiro. Não se pode ignorar ou simplesmente deixar cair no esquecimento, os episódios de violência que ocorreram no domingo. Eles precisam ser tratados com a importância e atenção que merecem.
Os gestores da Arena MRV, juntamente com a diretoria do Clube Atlético Mineiro, tinham a obrigação legal de organizar o evento e assegurar a segurança dos presentes e não se desincumbiram disso. A fiscalização e revista de pessoas foi totalmente falha, permitindo o ingresso de bombas e outros artefatos, que causaram danos e ferimentos a pessoas.
Mesmo a imprensa já tendo elencado os absurdos acontecidos ontem, o Flamengo entende que é de extrema importância relembrar alguns desses acontecimentos:
entrada da torcida do Flamengo ao estádio houve confusão generalizada, uma vez que o sistema de catracas do setor visitante não comportava a entrada da torcida. A Polícia Mineira agiu com truculência, jogando gás de pimenta nos torcedores, onde estavam idosos, mulheres e crianças.
Na2. Os bares destinados à torcida do Flamengo pararam de vender bebidas e refrigerantes ainda no primeiro tempo de jogo, sendo que além do calor intenso os torcedores do Flamengo não tinham sequer acesso a água potável, para limpar o rosto em razão do uso constante de gás de pimenta e, ainda, para hidratação.
3. O camarote destinado aos dirigentes e à comissão técnica do Flamengo não contou com a segurança necessária para um evento desta magnitude. Diversos torcedores do Atlético Mineiro ofenderam e ameaçaram os dirigentes, os profissionais do Flamengo e seus respectivos familiares, no trajeto de acesso e saída dos camarotes.
4. Inúmeras bombas foram lançadas dentro de campo, uma delas estourou muito próxima ao goleiro do Flamengo (Rossi), outra quase atingiu o jogador Plata, durante a comemoração do gol e uma terceira, infelizmente, atingiu um repórter que estava trabalhando no jogo (Nuremberg José Maria), o qual não teve, sequer, auxílio da maca em campo, tendo que caminhar com dedos quebrados e um tendão rompido, vindo, inclusive, a ser submetido a uma cirurgia, como amplamente divulgado pela mídia.
5. Durante toda a partida, foram arremessados copos e outros objetos nos jogadores do Flamengo, em campo e no banco de reservas, sem que a segurança da Arena intervisse para conter esses arremessos.
6. Invasão de campo pela torcida do Atlético Mineiro, com o objetivo de agredir fisicamente os jogadores e integrantes da comissão técnica do Flamengo.
7. Durante toda a comemoração e a cerimônia de premiação, os responsáveis pela Arena MRV, de forma deliberada e antidesportiva ligaram, no último volume, o sistema de som do estádio para tocar repetidamente, por quase uma hora, o hino do Clube Atlético Mineiro, em uma atitude desrespeitosa e contrária ao Fair Play.
8. Foram verificados atos de racismo e de misoginia praticados por torcedores do Atlético Mineiro em face da torcida do Flamengo e de mulheres profissionais de imprensa.
9. Destaca-se, ainda, diversos relatos de emboscadas de torcedores do Atlético Mineiro aos ônibus das torcidas do Flamengo, bem como reclamações de jornalistas sobre as condições de trabalho do estádio.
Assim, considerando os fatos acima narrados, bem como a nítida falta de segurança dentro e fora da Arena MRV, esperamos que a Justiça Desportiva, conjuntamente com a CBF, se posicione com firmeza para que sejam punidos todos os responsáveis pelos atos de vandalismo, agressão e selvageria que mancharam a imagem de uma das maiores competições do futebol brasileiro.