Brasileirão Série A

Vasco: como Maicon ganhou a confiança de Ramón Diaz e virou exemplo no elenco

Depois de chegar sob desconfiança da torcida do Vasco, o experiente zagueiro Maicon cresceu na disputa por posição e viu um dos líderes do elenco vascaíno

Em meio a uma campanha de recuperação no Campeonato Brasileiro, o Vasco tem contado com alguns jogadores que cresceram de produção após a chegada do técnico Ramón Diaz. E um dos casos que mais surpreendeu o torcedor foi o do zagueiro Maicon. Reserva no Santos, seu último clube, o experiente jogador chegou sob forte desconfiança do vascaíno. Mas, agora com mais oportunidades, o defensor tem justificado a sua contratação.

Contratado no fim de junho, Maicon chegou ao Vasco quando o clube vivia o seu pior momento no Campeonato Brasileiro e nesta temporada. Naquela fase, o Cruz-Maltino convivia com problemas fora de campo, com a interdição de São Januário, crise na diretoria da SAF, além da péssima fase do time no Brasileirão.

Naquele momento, Maicon também vivia uma fase complicada. Sem espaço no Santos, o zagueiro de 34 anos vinha atuando pouco. Depois do fim do Campeonato Paulista, em maio, Maicon entrou em campo apenas três vezes pelo Peixe. E sempre entrando durante os jogos. Fora dos planos do clube, o Vasco surgiu como uma oportunidade de buscar novos ares.

Apesar da desconfiança da torcida, Maicon ganhou o voto da nova comissão técnica, comandada por Ramón Diaz. Ele estreou contra o Cruzeiro, ainda sob o comando do interino Willian Batista. E demorou a jogar com Ramón, mas isso não significa que o jogador estava fora dos planos. Só contra o Atlético-MG, no Maracanã, no quinto jogo do novo treinador, que Maicon foi utilizado.

Desde então, passou a atuar com mais frequência e foi titular quatro vezes. Brigando por posição com o Medel, Maicon costuma atuar quando o chileno está suspenso, como aconteceu no empate com o São Paulo, ou foi o capitão atua como volante. Na próxima quarta-feira, contra o Fortaleza, em São Januário, ele deve voltar a ser titular. Isto por que Medel, que está com a seleção do Chile, não deve voltar a tempo para a partida. E, na última sexta-feira, ele falou sobre a briga por posição na zaga do Vasco.

– Como sempre falei, em todos os lugares onde estive sempre joguei e sempre estive nos 11 iniciais. Ninguém gosta de ficar fora, de ficar no banco. Meu profissionalismo está acima de tudo, tenho que trabalhar o máximo, minha entrega tem que ser ainda maior para que eu consiga provar ao professor que eu tenho condições de jogar. Vou sempre estar numa briga sadia com o Medel e com o Léo para que a oportunidade venha – afirmou Maicon em entrevista coletiva.

– Não gosto de ficar no banco, ninguém gosta, nenhum profissional gosta de ficar fora, mas a briga interna é sadia. Tanto um quanto o outro têm condição de jogar, mostrei que tenho condições e vou trabalhar ainda mais para que o professor possa depositar a confiança em mim – completou o zagueiro.

Maicon deve seguir como titular na próxima quarta, contra o Fortaleza (Foto: Leandro Amorim/Vasco)

Maicon virou um dos líderes do vestiário do Vasco

Um dos pontos que chamou a atenção da comissão técnica e que fez Maicon ganhar pontos com Ramón Diaz foi a sua liderança no vestiário. Mesmo quando não vinha atuando, o zagueiro já mostrava que poderia ser um dos líderes do elenco. Experiente, ele passou a ter voz no elenco. E usou isso para motivar e liderar o grupo.

– No começo o Ramón teve uma reunião, se apresentou, disse quem é, falou o que queria do grupo. Depois vieram jogadores importantes, o Medel, Vegetti, Payet, jogadores experientes. Juntamos experiência com juventude, eles agregaram. Era um grupo muito jovem, pressão muito grande em cima deles. O Léo, como você se referiu, é um grande jogador e um grande líder, mas também estava assumindo a responsabilidade sozinho. Quem chegou para agregar e ajudá-lo. E também ajudar o Vasco da Gama, nosso objetivo é um só. Agora é dar continuidade a esse trabalho – afirmou Maicon sobre as conversas dentro do elenco e, especialmente, com jogadores mais novos.

Além do papel de líder pela experiência e pela conversa, Maicon também dá exemplo para os jogadores mais jovens. Aos 35 anos, ele se mantém bem fisicamente. Nas redes sociais, mesmo durante as folgas, é comum ver o jogador publicando fotos e vídeos treinando e fazendo exercícios físicos. Para ele, isso tem sido essencial para o seu momento no Vasco.

– Nos meus últimos anos, sempre fiz trabalho extra. Cada atleta tem sua maneira de trabalhar, eu me sinto confortável quando faço trabalhos por fora para que fisicamente eu fique bem. Estou com 35 anos, quanto melhor eu puder trabalhar dentro e fora do clube, para mim vai ser de grande valor. Fisicamente estou muito bem, consegui manter uma forma física muito boa nesses últimos anos e isso tem me ajudado. Quando solicitado, consigo dar uma resposta positiva. Vou sempre trabalhar, sempre puxando os mais jovens. A gente tem conseguido mostrar isso através do exemplo, os mais jovens têm visto – disse Maicon.

– Quando tive a reunião com o Paulo (Bracks), deixei bem claro que a minha intenção de vir para o Vasco era somente somar, queira jogando ou não. A gente tem que ter o máximo de responsabilidade e profissionalismo possível. Todos os lugares em que estive, fui profissional ao extremo. Costumo dizer que não sou um jogador de futebol, sou um atleta, dedicado naquilo que faço. Tenho muito compromisso. Quando a gente chegou na primeira entrevista aqui, o Vasco tinha nove pontos. Hoje a história é totalmente diferente – completou o zagueiro em outra resposta sobre a reação do time e sobre seu profissionalismo.

Números de Maicon no Vasco

  • Jogos: 8
  • Minutos em campo: 531
  • Interceptações por jogo: 0,6
  • Bolas recuperadas por jogo: 3,1
  • Rebatidas: 41
  • Duelos vencidos: 68%
  • Faltas cometidas: 4
  • Cartões amarelos: 1
Foto de Gabriel Rodrigues

Gabriel RodriguesSetorista

Jornalista formado pela UFF e com passagens, como repórter e editor, pelo LANCE!, Esporte News Mundo e Jogada10. Já trabalhou na cobertura de duas finais de Libertadores in loco. Na Trivela, é setorista do Vasco e do Botafogo.
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