Em pontas diferentes da tabela, Vasco e Botafogo disputam ‘clássico da pressão’
Em São Januário, Vasco e Botafogo jogam a vida por objetivos completamente diferentes no Brasileirão
Vasco e Botafogo medem forças na noite desta segunda-feira (6), em São Januário, pela 32ª rodada do Campeonato Brasileiro. Apelidado de ‘clássico da amizade', o duelo entre os clubes cariocas desta vez não levará ao pé da letra tal alcunha. Pelo contrário. Em situações completamente opostas na tabela de classificação, tanto o Cruzmaltino quanto o Glorioso prometem dar a vida em campo, já que ambos vivem momentos de extrema pressão nesta reta final de temporada.
Mandante do clássico, o Vasco luta contra o rebaixamento e precisa vencer para seguir firme em busca da permanência na Série A. Com 34 pontos conquistados, três a menos que o Cruzeiro (primeiro time fora do Z4), o Gigante da Colina ocupa a 18ª colocação. Em contrapartida, o Botafogo é o líder do Brasileirão, mas com bem menos gordura se comparado com o cenário de semanas atrás. Sem vencer há três partidas, o Alvinegro mira o triunfo em São Januário para recuperar a confiança.
A força de São Januário para o Vasco dar continuidade a sua campanha de recuperação
O péssimo primeiro turno do Vasco no Campeonato Brasileiro fez inúmeros torcedores cruzmaltinos perderem a esperança de dias melhores no clube. Porém, futebol é uma caixinha de surpresas, e tudo pode mudar em um curto espaço de tempo. Não diria que tudo, mas muita coisa melhorou a partir da chegada de Ramón Díaz. O Gigante da Colina voltou a competir e cresceu de produção, seja em desempenho e nos números.
Graças a essa notável melhora, o Vasco hoje segue vivo na briga contra o Z4 e tem condições de escapar do descenso. Nos últimos cinco jogos, o Cruzmaltino obteve duas vitórias (Fortaleza e Cuiabá), um empate (Goiás) e duas derrotas (Flamengo e Internacional). Os números podem parecer tímidos, mas não se pegarmos a performance do clube no primeiro turno.
Se olharmos a tabela, o triunfo diante do Cuiabá, conquistado na última quinta-feira (2), foi de suma importância para as pretensões vascaínas. A equipe de Ramón Díaz está a três pontos de deixar a zona de rebaixamento e empurrar o Cruzeiro para tal. Uma vitória no clássico cairia como uma luva e o Cruzmaltino teria boas chances de embalar uma sequência positiva, já que após o jogo contra o Botafogo, recebe o lanterna e virtual rebaixado América-MG, também em São Januário.
Falando em São Januário, o caldeirão histórico mais uma vez será um aliado importante. A torcida do Vasco esgotou todos os ingressos colocados à venda e promete empurrar a equipe rumo à vitória. Essa sinergia é importante e muitas vezes decisiva. O grito da arquibancada serve como um combustível extra para os jogadores, e os próprios atletas já frisaram isso. Bom, de barulho os vascaínos entendem, e apoio certamente não faltará durante os 90 minutos.
Líder Botafogo tem margem de erro zero daqui para frente
O Botafogo lidera o Campeonato Brasileiro desde a terceira rodada. De lá para cá, muita coisa aconteceu. O Glorioso teve quatro técnicos diferentes e, mesmo com essa dança de cadeiras bizarra, a equipe se manteve firme e sólida na corrida pelo título. Ao menos até a última quarta-feira (1º), quando o Alvinegro Carioca sofreu talvez sua pior derrota no século.
Diante de um Palmeiras experiente e multicampeão, o Botafogo fez primeiro tempo arrasador no Nilton Santos e abriu um incontestável 3 a 0. Quem assistiu os 45 minutos iniciais não tinha dúvida de que o Glorioso venceria o jogo, tamanha a superioridade apresentada. Nada disso. Lembra da frase colocada acima, de que “futebol é uma caixinha de surpresas”? Pois bem, ela se confirmou novamente. Na volta do intervalo, o Alvinegro sucumbiu à reação palmeirense, e o Alviverde, sob a batuta de Abel Ferreira, conseguiu aquilo que para muitos (quase todos) parecia impossível. O jovem Endrick, de 17 anos, colocou a partida no bolso e comandou a virada dos paulistas: 4 a 3.
O revés para o Palmeiras deixou torcedores e jogadores do Botafogo incrédulos. A ficha demorou a cair. Mas essa página precisa ser virada, pelo bem do clube. Cinco dias depois da dolorosa derrota, o Glorioso volta a campo e tem a oportunidade de somar três pontos e provar que não é líder por acaso. A tarefa não é fácil. Rival desesperado por vitória, ambiente hostil e concorrentes no cangote querendo tomar a ponta da tabela.
É bem verdade que o Botafogo ajudou a se complicar nas últimas rodadas, mas ninguém disse que a corrida pelo título brasileiro seria simples. O que o Glorioso precisa agora é de foco e atenção redobrada. A distância na liderança, que chegou a ser de dois dígitos, simplesmente desapareceu. Não existe mais gordura e o momento é totalmente favorável a Palmeiras (vice-líder) e Red Bull Bragantino (terceiro colocado).
Por isso, daqui para frente, é erro zero. Caso contrário, a família Botafogo, que tanto deseja esse troféu, assistirá de camarote outro clube gritar “é campeão” em dezembro.