Brasileirão Série A

‘Sofredor com orgulho’, torcedor do Corinthians não aguenta mais sofrer

Corinthians vem pressionado na temporada mesmo com o apoio da torcida que deseja um pouco de calmaria

Em 13 de outubro de 1977, quando Basílio balançou a rede no Morumbi, diante da Ponte Preta, dando ao Corinthians o título de Campeão Paulista depois de 23 anos de jejum de títulos, Osmar Santos, então narrador da Rádio Globo, consagrou a frase “Corinthians, você enche de lágrimas os olhos desse povo, você enche de felicidade o coração dessa gente, Corinthians. O grito sufocado de um povo!”.

Na época, a torcida do Timão era, em sua maioria, formada por migrantes, grande parte nordestinos que vinham tentar a vida em São Paulo e se identificavam com a luta do Corinthians. Assim, a ‘Fiel' foi se formando, sofrendo com jejuns de títulos, sofrendo com o rebaixamento e com jogos difíceis, acreditando e apoiando o time até o último o minuto, assim como aconteceu neste domingo (22), na Neo Química Arena. Diante do América-MG, mais de 38 mil corintianos estiveram em Itaquera para ver o time desempenhar a sua pior partida do ano até agora.

Enquanto cantavam “sou maloqueiro, corintiano e sofredor”, era possível ver no semblante, na postura e em algumas conversas vindas das arquibancadas que o torcedor do Corinthians está cansado. O empenho e apoio da torcida são reconhecidos por alguns jogadores, especialmente os mais experientes, como reconheceu Gil na saída do Maracanã, depois do empate em 3 a 3 diante do Fluminense, em jogo que o Corinthians tinha o resultado na mão:

— Acho que a nossa força é o nosso torcedor, aquilo que eles têm proporcionado. Eles têm enchido a nossa casa e nós jogadores temos que nos conscientizar disso, eles vão para ver nossa vitória, nossa entrega, nossa dedicação.

Protestos depois do jogo contra o América-MG 

O apoio enquanto a bola rola é uma das características da torcida corintiana. Os protestos geralmente acontecem depois que o juiz apita. Diante do América-MG, não foi diferente. Depois do fim da partida, vaias ecoaram na NeoQuímica Arena, e embora o sistema de som tentasse encobrir os gritos com o hino do clube, foi possível ouvir gritos de ordem vindos do setor das organizadas. ‘Ei, você ai, acabo com a sua vida se o Coringão cair”; “Não é mole não, tem que ser homem pra jogar no Coringão”; “Dúilio c****** fora do Timão”, diziam.

Tentativa de invasão à Neo Química Arena depois do jogo 

Depois que o jogo com o América-MG terminou, e os jogadores e comissão técnica estavam no vestiário, alguns torcedores organizados do Corinthians tentaram invadir os vestiários da Neo Química Arena por um dos estacionamentos do estádio.

Segundo apurado pela reportagem da Trivela, um deles conseguiu entrar, indo até a zona mista, mas foi retirado pela polícia que se posicionou fechando a entrada e saída do local, o policiamento também foi reforçado até que os dois times deixassem Itaquera.

Corinthians chega aos seis anos de jejum em torneios nacionais 

Claramente o jejum de títulos vivido hoje pelo Corinthians não chega nem perto do que foi em 1977, o último Campeonato Brasileirão conquistado pelo Corinthians foi em 2017, com uma campanha absurda nos pontos corridos, depois em 2019, o Campeonato Paulista, os dois sob o comando do mesmo treinador: Fábio Carille, que também vem da escola formadora tática “Mano/Tite”.

Agora em 2023, o Timão amargou eliminações no Paulistão, Copa do Brasil, Libertadores e Sul-Americana, no Campeonato Brasileiro, a situação é alarmante, sem vencer há um mês, o Corinthians está pressionado por uma reação possa espantar de uma vez a zona do rebaixamento, atualmente o alvinegro está em 15º lugar, com 33 pontos, mesma quantidade que tinha em 2007, quando caiu para Série B da competição, apesar disso o treinador Mano Menezes tentou tranquilizar o torcedor quanto as possibilidades de um segundo rebaixamento:

– A gente tem potencial para entregar mais em um curto espaço de tempo. Pontuando em todas as rodadas, não estaremos na condição que o torcedor teme.

Foto de Jade Gimenez

Jade Gimenez

Jornalista, fascinada por esporte desde a infância, paixão que se tornou profissão. Além do futebol me mantenho por dentro de outras modalidades desde Fórmula 1 até NFL. Trabalhei como repórter em TV e rádio cobrindo partidas de futebol, futsal e basquete.
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