Situações distintas, esperança igual: Tite e Díaz são símbolos de renovação para Flamengo e Vasco
Clássico entre Flamengo, de Tite, e Vasco, de Ramón Diaz, neste domingo, no Maracanã, vai colocar frente a frente técnicos com o mesmo objetivo: recuperar os times no Brasileirão
O clássico entre Flamengo e Vasco, neste domingo (22), às 16h (horário de Brasília), vai colocar frente a frente dois clubes que apostaram, principalmente, na mudança de treinadores para mudar o cenário durante o Campeonato Brasileiro. Na beira do campo do Maracanã, Tite e Ramón Diaz fazem um duelo entre técnicos que simbolizam a esperança de uma renovação dentro dos clubes. Em situações muito distintas, Flamengo e Vasco sonham com objetivos diferentes na competição. Mas, para os técnicos, a missão é a mesma: recuperar os respectivos times no Brasileirão.
Há mais tempo no cargo, Ramón Diaz, é claro, está alguns passos na frente nesta missão em comparação com Tite. Mas de nada valerá a atual arrancada do time se, no fim, o Vasco não escapar do rebaixamento no Brasileirão. Já para Adenor, que tem apenas um jogo pelo Flamengo, o caminho está só começando. Mas a vitória sobre o Cruzeiro, no Mineirão, já deu indícios de que o Rubro-Negro pode ter um final de temporada digno e, mais do que isso, também pode sonhar com voltar a disputar grandes títulos em 2024.
Tite fala em vaga na Libertadores, mas custa sonhar com o título?
Se no Vasco o objetivo de Ramon Díaz é fugir do rebaixamento, com a já célebre frase “no va a bajar”, não vai cair em português, Tite no Flamengo tem os olhos na vaga na Libertadores. Mesmo que o título do Campeonato Brasileiro ainda seja possível, a vantagem de 11 pontos do Botafogo, no momento, é considerada muito difícil de ser tirada. Por isso, o novo treinador do Rubro-Negro prefere os pés no chão.
O primeiro passo foi dado na vitória contra o Cruzeiro, por 2 a 0, na última quinta-feira (19). O time do Flamengo mostrou evolução com relação aos trabalhos de Vítor Pereira e Sampaoli, especialmente no sistema defensivo. Durante a coletiva, inclusive, Tite confirmou que o outro objetivo é ter uma equipe equilibrada nas três fases de jogo: defesa, ataque e jogo áereo. Só assim o Rubro-Negro poderá vencer com tranquilidade.
Sobre o Campeonato Brasileiro, o Flamengo ocupa a terceira posição no momento, com 47 pontos. A vantagem para o primeiro clube fora da zona de classificação para a Libertadores é de quatro pontos, maior do que para o vice-líder, Red Bull Bragantino, por exemplo. Uma vitória sobre o Vasco, de Ramon Díaz, pode colocar o Rubro-Negro na segunda colocação e, quem sabe, diminuir um pouco a distância para o Botafogo.
O maior desafio vai além do campo e bola
Outra meta importante estabelecida por Tite é de recuperar a confiança dos jogadores do Flamengo, depois de um 2023 repleto de decepções. O “olho no olho” do treinador tem sido fundamental, e elenco e comissão técnica parecem estar na mesma página após poucos dias de trabalho. Esse, talvez, seja o grande desafio do clube para o ano que vem, no intuito de retornar às glórias dos anos anteriores.
Vasco no va a bajar com Ramon Díaz?
Depois de um péssimo começo de Campeonato Brasileiro, com penas nove pontos em 14 jogos, Ramón Diaz chegou ao Vasco com a dura missão de fazer o time escapar do rebaixamento. Naquele momento, o clube ocupava a ingrata 19ª colocação, quatro pontos atrás do primeiro time fora do Z-4. Além da crise dentro de campo, o Vasco também vivia com problemas fora das quatro linhas, com São Januário interditado pela Justiça. E, apesar das duas derrotas nos dois primeiros jogos, Ramón Diaz conseguiu recuperar o time.
Depois da vitória sobre o Grêmio, no começo de agosto – a primeira do clube como mandante no Brasileiro -, o clima no clube mudou. E muito pela presença, pelas falas e pelo comportamento de Ramón Diaz. O experiente técnico argentino conseguiu dar consistência defensiva ao time. Com os reforços, a equipe também passou a ter mais qualidade no meio e no ataque.
Desde a chegada de Ramón Diaz, foram 13 jogos, com seis vitórias, três empates e quatro derrotas. Um aproveitamento de 53,8%, que deixaria o time perto do G-6 do Campeonato Brasileiro. Atualmente, o Vasco é o 16º colocado, com os mesmos 30 pontos de Santos e Goiás, que estão na zona de rebaixamento.
Para além da melhora tática e técnica do time, o comportamento dos jogadores e do treinador também foram essenciais para a mudança na situação do time. Em todas as suas coletivas, Ramón Diaz gosta de exaltar a história do Vasco, a grandeza do clube e a força da torcida. Depois do empate com o Bahia, seu sétimo jogo pelo clube, Ramón Diaz deu a sua já famosa declaração, que virou febre entre a torcida, de que o “Vasco no va a bajar”. De outras formas, ele reforçou a ideia em algumas outras partidas. E, apesar de a luta ainda estar longe do fim, o sentimento de boa parte da torcida já é esse. Ou, ao menos, otimismo passou a ser maior do que era antes da chegada de Ramón Diaz. E uma vitória sobre o Flamengo certamente daria ainda mais ânimo para a reta final da competição.
Treinadores têm um confronto marcante no currículo
Experientes, Tite e Ramón Diaz já se enfrentaram uma vez na história. Em 2002, quando comandava o Grêmio, no trabalho que o deu projeção nacional, Tite eliminou o River Plate de Ramón Diaz nas oitavas de final da Copa Libertadores daquele ano. E com um passeio do time tricolor. Na primeira partida, em pleno Monumental, o Grêmio venceu por 2 a 1, com gols de Tinga e Gilberto. Curiosamente, o gol dos argentinos foi marcado por Eduardo Coudet, hoje técnico do Inter. Além dele, o River tinha nomes como D'Alessandro, ídolo colorado, Ayala, Ortega, Cambiasso e Cavenaghi.
No jogo da volta, no Olímpico, o Grêmio de Tite não deu chances para o River Plate, que ficou com dez jogadores ainda no primeiro tempo, quando a partida estava 0 a 0. O Tricolor, então, aproveitou a vantagem e venceu por 4 a 0, com gols de Rodrigo Mendes, Luizão, Zinho e Luís Mário. Naquela Libertadores, o Grêmio foi até as semifinais, quando foi eliminado pelo Olimpia, do Paraguai, que viria ser campeão sobre o São Caetano. Já o River Plate de Ramón Diaz, poucos dias depois da eliminação para o Grêmio, foi campeão do Clausura do Campeonato Argentino.