Feliz e sorridente, Tite dá mostras de que entende bem os processos no Flamengo
Tite deu boa coletiva ainda no Mineirão, analisou a parte tática, sem se estender e elogiou os atletas de Flamengo e Cruzeiro
Tite começou o trabalho no Flamengo com o pé direito, ao vencer o Cruzeiro nesta quinta-feira (19) por 2 a 0, no Mineirão. Depois do jogo, o treinador concedeu longa entrevista coletiva e abordou diversos pontos do jogo, tanto na parte tática quanto na parte emocional. Adenor estava feliz e aliviado, além de respeitar muito o Rubro-Negro e seus atletas.
O que Tite disse?
- Valorizou a união do elenco
- Explicou as mudanças feitas durante o jogo
- Se emocionou ao falar da estreia e relembrar a carreira como jogador
- Explicou os problemas físicos de David Luiz e Bruno Henrique
O orgulho de Tite depois da primeira vitória pelo Flamengo
— O orgulho desafiador do trabalho. É jogo a jogo, não dá para fugir disso. Se eu ficar pensando em situações, podemos perder o foco na nossa recuperação. É para ficar feliz, claro que estou contente, claro que minha família está contente. Não há desrespeito ao adversário, estamos curtindo a vitória. Eu admiro muito o Zé, falei com ele que é muito difícil jogar contra gente de alto nível, que queremos bem. Tenho um carinho muito grande pelo Paulo André, Elias. Agora, a minha felicidade é de estar em um clube extraordinário, que me dá todas as condições para trabalhar. É difícil se impor, ganhar do Cruzeiro aqui, eles exigiram muito da gente.
O treinador ainda explicou algumas mudanças realizadas ao longo da partida, como a inversão de Gerson e Everton Ribeiro. Didático, mas sem deixar o torcedor perdido, Tite se mostrou extremamente satisfeito com a perfomance dos jogadores do Flamengo no Mineirão.
— Foi muito intenso, tem sido e vai continuar dessa forma. Entrar dentro de um trabalho, procurar as informações corretas. Iniciar um trabalho onde a relação de confiança precisa ser feita. Olho para o Fabinho e agradeço, as informações foram fundamentais para que o atleta estivesse bem para o jogo, físico e mentalmente. Isso é muito difícil. A mudança tática é natural, ela está se ajustando, adquirindo confiança, dei sequência a esse trabalho (do Mário Jorge). Como do lado esquerdo a gente precisava de um jogador de maior contenção e depois mobilidade, por isso inverti (Everton com Gerson) — concluiu.
Ayrton Lucas elogia Tite
Autor do primeiro gol do Flamengo, Ayrton Lucas falou após a partida. O lateral esquerdo analisou o lance do tento marcado e fez muitos elogios ao novo comandante, que lhe deu mais liberdade para atuar no ataque, algo que dificilmente era visto com Sampaoli.
— Foi um lance muito rápido, você tem que acabar tomando uma decisão. Na hora que dominei, pensei em chutar de primeira, ainda bem que dei mais um toque e tive a oportunidade de fazer o gol. Feliz pelo gol e pela vitória — disse.
— A gente sabia que eles iam acabar pressionando nos primeiros minutos, por estar jogando em casa. Sabíamos que íamos precisar de tranquilidade. (O Tite) É um treinador que faltam palavras, campeão de tudo. Claro que motiva um pouco mais. A gente vem procurando ouvir ele para aprender e poder fazer o que ele pede dentro de campo — finalizou.
O Flamengo volta a campo no próximo domingo (22), às 16h (de Brasília), para enfrentar o Vasco da Gama, pela 28ª rodada do Brasileirão. O duelo será disputado na Maracanã e é o primeiro de Tite perto da torcida rubro-negra no estádio. No momento, a equipe está dentro da zona de classificação para a Libertadores e tem XX pontos.
Veja outros pontos abordados na coletiva
Mais sobre o jogo
— O Cruzeiro começou melhor, mais acelerado, não conseguimos ter uma velocidade maior por conta do campo. Eles estavam agressivos no processo de marcação, os primeiros 15 minutos foram muito fortes. Aos poucos fomos ditando o ritmo nas características do Flamengo. O Flamengo gosta de ter a bola, eu gosto de ter a bola, queria agregar a essa característica. Entrar em jogos assim é muito difícil, e os quatro que entraram foram bem, isso é muito importante. Os jogos tem sido de um nível de exigência muito grande, é uma disputa muito acirrada. Todos poderem dar sua contribuição me deixa muito feliz.
— Teve um movimento do Cruzeiro para dar amplitude com o Marlon. Precisamos ajustar com uma troca envolvendo o Wesley. O objetivo era balançar o adversário ofensivamente, buscar a profundidade do Bruno escondendo o passe. A defesa precisou se mexer para quebrar as linhas. Treinamentos isso durante a semana, mas o nervosismo do jogo atrapalhou um pouco.
— É difícil falar de tática quando os atletas cumpriram tudo que pensamos, foram muito eficientes. A fase ofensiva e criativa tem que acontecer quando jogamos bem, a solidez defensiva também. A bola parada também. Quando se une os três, fica mais fácil. Não existe controle os 90 minutos, equipe nenhuma. Temos que saber administrar. Todos são importantes. É conceitual.
Problemas físicos de David Luiz e Bruno Henrique
— A lesão do David Luiz foi traumática, ele torceu o tornozelo. A do Bruno parece que foi cãibra, não temos lesão. O departamento médico do Flamengo é de alto nível. Quando o atleta machuca lá dentro, o problema é do técnico e do preparador, não usaram cargas suficientes para ele atuar. Pode ter o componente do atleta também, mas é fundamentalmente nossa, como comissão técnica.
Pés no chão
— Próximo jogo, esse é o nosso pensamento. Sempre com serenidade, em paz. É um desafio muito grande. Era muito mais fácil iniciar o campeonato ano que vem, mas é um desafio. Estamos tentando evoluir como trabalho, nisso está inserido o atleta também. Estou conhecendo todos dentro do bastidor, no Ninho. Aos poucos, nós vamos nos entrosando.
— É o Flamengo do Flamengo. Nos da comissão técnica queremos preservar aquilo que é da história do Flamengo, dos atletas também. O técnico não pode ser super valorizado, temos que ajustar as peças e potencializar eles. Tenho uma visão mais sutil de ajustar a engrenagem.
Nervosismo antes do jogo
— Boca seca, perna tremendo, ansiedade. Continuo tendo todos esses sentimentos humanos (risos).
Lembrança de gol contra o Vasco
— Eu sofri muito com lesões. Quando eu fiz o gol contra o Vasco, era um timaço do Vasco, eu confesso que olhei para o céu e disse que voltei a jogar futebol. O atleta sente uma pressão muito grande no desempenho. Me fez lembrar o tempo de atleta.