À procura do 4º técnico no ano, Santos repete cartilha que rebaixou grandes para Série B
Trocar de técnico tantas vezes quanto o Santos foi um dos erros cruciais que grandes times cometeram quando foram rebaixados à Série B

A cada rodada que passa o Santos preenche uma página da cartilha dos grandes clubes do futebol brasileiro que foram rebaixados à Série B. E a decisão de promover mais uma troca de treinadores na temporada, nesta sexta-feira (15), mostra que o Peixe tem feito rigorosamente os exercícios necessários para deixar o seleto grupo de times que nunca disputaram a segunda divisão do futebol nacional. De acordo com um levantamento da Trivela, todos os gigantes times que já caíram tiveram, em algum descenso, quatro ou mais técnicos na mesma temporada.
Com a demissão de Diego Aguirre, que ficou apenas cinco jogos no clube, e o plano de buscar um novo comandante no mercado, o Santos irá atingir essa marca. Os nomes desejados até o momento são mantidos em sigilo. Mas o profissional que for contratado dará andamento ao trabalho que começou com Odair Hellmann e contou as participações de Paulo Turra e do próprio Aguirre.
Por decisão do Comitê de Gestão e da coordenadoria de futebol, o técnico Diego Aguirre não comanda mais o time profissional do Santos Futebol Clube. O treinador foi comunicado da decisão pelo coordenador técnico Alexandre Gallo, na tarde desta sexta-feira (15). Também deixam os… pic.twitter.com/NAAKvQ9cWU
— Santos FC (@SantosFC) September 15, 2023
Historicamente, as constantes mudanças de treinadores não costumam terminar da maneira esperada.
Em 1997, quando caiu pela segunda vez no Campeonato Brasileiro, o Fluminense já mostrava que essa prática era perigosa. À época, o Tricolor das Laranjeiras foi comandado por Júlio César Leal, Valdir Espinosa, Hugo de León, Carbone e Arturzinho. Resultado: segunda divisão!
Palmeiras e Botafogo testam a cartilha da queda
Cinco anos mais tarde, Palmeiras e Botafogo, desesperados com o risco de conhecer as profundezas da Série B, apostaram, juntos, em nove treinadores – considerando os interinos – e fracassaram.
Em 2002, o time do antigo Parque Antarctica contou com Vanderlei Luxemburgo, PC Gusmão (interino), Flávio Murtosa, Karmino Colombino (interino) e Levir Culpi.
Já a equipe de General Severiano teve Arthur Bernardes, Abel Braga, Ivo Wortmann e Carlos Alberto Torres.
Nada disso deu certo e os dois caíram abraçados.
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Grêmio faz uso da mesma receita
Em 2004, o Grêmio também recorreu à receita das várias trocas de treinadores na tentativa de evitar a segunda queda da sua história – a primeira foi em 1991 -, mas viu que ela é bem traiçoeira.
Na ocasião, o Tricolor gaúcho teve sentado em seu banco de reservas quatro técnicos ao longo da temporada. Trabalharam no clube: Adilson Batista, José Luiz Plein, Cuca e Cláudio Duarte. Ao fim do Brasileiro, o Grêmio também acabou rebaixado.
Atlético-MG preenche a cartilha infálivel
No ano seguinte à queda do Grêmio, foi a vez do Atlético-MG fazer uso da cartilha infalível para o rebaixamento.
O Galo começou 2005 sob as orientações de Procópio Cardozo, que foi demitido antes do início do Brasileirão. Na sequência, passaram pelo clube nomes como Tite, Marco Aurélio e Lori Sandri. Nada disso apresentou resultado e o Atlético-MG foi à segunda divisão.
Corinthians reforça a tese e cai
Em 2007, o Corinthians se viu no meio de um ano ruim e resolveu tentar se salvar dos resultados negativos com diferentes treinadores. A temporada começou com Emerson Leão, que foi demitido antes do início do Brasileiro. A partir daí, teve início a dança das cadeiras. Trabalharam no Parque São Jorge: Paulo César Carpegiani, Zé Augusto (interino) e Nelsinho Baptista. O final foi mesmo dos demais co-irmãos em anos anteriores.
Vasco e a insistência no mesmo erro
Com quatro rebaixamentos em sua história, o Vasco é o grande do futebol brasileiro que mais vezes caiu para a Série B. E em três dessas quatro quedas contou com quatro ou mais treinadores ao longo do ano.
Em 2008, por exemplo, foram cinco técnicos: Romário, Alfredo Sampaio, Antônio Lopes, Tita e Renato Gaúcho. Em 2013, quatro: Gaúcho, Paulo Autuori, Dorival Júnior e Adilson Batista.

Dois anos mais tarde, houve uma tentativa de mudança e a aposta em três comandantes, que não conseguiram evitar o rebaixamento: Doriva, Celso Roth e Jorginho. Por fim, em 2020, mais uma grande rotatividade sem sucesso: Abel Braga, Ramon Menezes, Ricardo Sá Pinto e Luxemburgo.
Cartilha chega no Beira-Rio
Após alguns bons anos se divertindo com os dois rebaixamentos do Grêmio, a cartilha da queda foi preenchida com sucesso pelo Internacional em 2016. Agoniado para não ter essa mancha na história, o Colorado tentou de tudo, mas não escapou da temida Série B após Argel Fucks, Paulo Roberto Falcão, Celso Roth e Lisca ditarem ordens no vestiário do Beira-Rio.
Cruzeiro contribui com a cartilha do rebaixamento
Em 2019, além de todos os problemas financeiros que já assolavam o Cruzeiro, as rotineiras mudanças de treinadores contribuíram, e muito, para a passagem de três anos do time mineiro pela segunda divisão. A temporada começou com Mano Menezes, teve Rogério Ceni, depois Abel Braga e terminou com Adilson Batista.

Botafogo e Grêmio fazem tudo igual
Mesmo sentindo na pele as consequências das diversas mudanças de treinadores em uma mesma temporada, Botafogo e Grêmio, em 2020 e 2021, respectivamente, decidem repetir os erros do passado e retornam à Série B
Sem convicção nas escolhas, a equipe carioca caiu pela terceira vez em sua história por passar o ano com quatro filosofias de trabalho distintas. Estiveram no Alvinegro: Paulo Autuori, Bruno Lazaroni, Emiliano Diaz (filho de Ramon Diaz, que não assumiu por questões de saúde) e Barroca.
O Grêmio, por sua vez, voltou à segundona após as trocas de Renato Gaúcho, Tiago Nunes, Luiz Felipe Scolari e Mancini.

Caíram com menos de quatro treinadores no ano:
- 2012 – Palmeiras: Luiz Felipe Scolari, Narciso (interino) e Gilson Kleina
- 2014 – Botafogo: Eduardo Húngaro e Mancini
- 2015 – Vasco: Doriva, Celso Roth e Jorginho
Com 21 pontos conquistados, o Santos é o 17º colocado do atual Campeonato Brasileiro. Enquanto a diretoria busca um sucessor para Diego Aguirre, a equipe se prepara para encarar o Bahia, segunda-feira (18), às 20 horas (horário de Brasília), na Arena Fonte Nova, sob o comando do interino Marcelo Fernandes.
O confronto em Salvador pode ser considerado o famoso ‘jogo de seis pontos', porque o Bahia é o 15° na tabela com 25 pontos conquistados.
Colaboraram com dados: Alecsander Henrick, Caio Blois, Diego Iwata, Gabriel Rodrigues, Jade Gimenez, Maic Costa e Nícolas Wagner