Demissão de Paulo Turra mostra como sua escolha foi um erro para o Santos
Técnico durou apenas sete jogos no comando do Santos, com um futebol muito ruim e o time ameaçado pelo rebaixamento
O Santos demitiu o técnico Paulo Turra depois de apenas sete jogos no comando do Peixe. Ele foi anunciado no dia 23 de junho e comandou a equipe em apenas uma vitória, três empates e três derrotas. A sua contratação já parecia um erro desde que foi especulada e se provou em campo com atuações que não só não melhoraram, como ainda pioraram o time. Ameaçado pelo rebaixamento, o Santos parece ter entrado em um buraco difícil de sair.
Turra estreou pelo Santos em jogo da Copa Sul-Americana, contra o Blooming, em um 0 a 0 horroroso na Vila Belmiro. Depois, perdeu para o Cuiabá por 3 a 0 fora de casa, venceu o Goiás por 4 a 3 em casa, foi goleado pelo São Paulo por 4 a 1, empatou com o líder Botafogo por 2 a 2 (depois de estar vencendo por 2 a 0), perdeu do Fluminense por 1 a 0 e neste sábado ficou no empate por 1 a 1 com o Athletico Paranaense, ex-clube de Turra, na Vila Belmiro.
Paulo Turra no Santos:
- 7 jogos
- 1 vitória
- 3 empates
- 3 derrotas
- 8 gols marcados
- 11 gols sofridos
Era uma escolha já bastante questionável quando foi feita. Turra vinha de um trabalho onde os resultados do Athletico Paranaense comandados por ele pareciam melhores do que o futebol jogado. Com a saída de Felipão do cargo de diretor técnico para voltar a ser treinador no Atlético Mineiro, Turra tinha a ideia de permanecer no Furacão, mas a diretoria do clube entendeu que o melhor era demiti-lo.
O Santos, no desespero de ver a zona do rebaixamento se aproximando, escolheu um técnico que, por característica, poderia dar segurança ao time. Não funcionou, o time continuou muito pobre ofensivamente, dependendo demais do jovem Marcos Leonardo, e também sofrendo defensivamente.
Há tempos a direção do Santos parece bastante perdida em relação aos seus trabalhos e nenhum treinador parece bom no comando do Peixe. Esse é um aspecto importante do time alvinegro, que cada vez mais tem problemas. Atualmente, o time está em 16º na tabela, com 18 pontos em 18 jogos, mas tem jogos a mais que os times dentro da zona de descenso. O Bahia, que joga neste domingo à noite, tem três pontos a menos, em 17º, mas um jogo a menos também.
Futebol pobre e sem segurança defensiva
A chegada de Turra poderia significar um time mais seguro defensivamente, algo que é a sua característica como treinador, mas não foi o que se viu. A equipe do Santos continuou sendo frágil defensivamente, sem conseguir segurar resultados. Nesses sete jogos sob o comando do treinador, 11 gols sofridos. Uma média altíssima para um clube que precisa somar pontos.
Medo da bola: Santos era o 2º time com menos posse
O jogo contra o Athletico Paranaense foi o primeiro que o Santos teve mais posse de bola que o adversário. Em todos os outros, o time não conseguiu ter mais posse de bola. Isso, claro, é apenas um dado, mas ao assistir aos jogos do Santos, é possível perceber como o time tem dificuldade para controlar as ações. Há times que jogam com pouca posse de bola sabendo o que precisam fazer, a ideia e sua estratégia para chegar ao gol adversário. O Santos não parece ter isso.
Isso ficou evidente até mesmo na vitória sobre o Goiás por 4 a 3. Mesmo saindo com os três pontos, graças a um pênalti no final, o Santos foi dominado pelo Goiás no segundo tempo. Em outros jogos, isso ficou ainda mais evidente.
Turra durou menos que Lisca
Nessa loucura que o Santos se tornou, Paulo Turra quebra uma marca não muito honrosa: durou menos ainda que Lisca, contratado em 2022 para apenas oito jogos. A campanha é bastante parecida: duas vitórias, três empates e três derrotas. Um jogo a mais e uma vitória a mais.
Assim como foi daquela vez, a escolha foi baseada em desespero. O Santos não sabia muito bem o que fazer e buscou um técnico que estava no mercado, disponível. Assim como daquela vez, não funcionou.
Quem será o próximo técnico do Santos?
Segundo apurado pela Trivela, o Comitê Gestor do Santos se reuniu logo depois da demissão de Paulo Turra para discutir nomes. Não há nada fechado com ninguém, nem proposta feita. Os dirigentes analisam os possíveis nomes, dentro do que o clube quer e do que pode contratar.
A escolha deve ser difícil. Rogério Ceni está desempregado, mas é muito ligado a um rival e fez um trabalho que foi muito questionado, tanto que acabou demitido para dar lugar a Dorival Júnior. Mano Menezes foi recentemente demitido do Internacional e possivelmente tem um custo alto para o Peixe.
Há nomes que geram muita rejeição, como Argel Fuchs, atualmente na Chapecoense, e Antonio Carlos Zago, recentemente demitido no Coritiba. O técnico do Água Santa, finalista do Paulista 2023, Thiago Carpini, está no Juventude desde maio, trabalhando na Série B, e é um nome que pode ser uma aposta do Peixe.
O presidente do Santos Andrés Rueda, tem sido muito questionado em sua administração. A sua escolha para este momento pode ser decisiva para que o time consiga escapar do temido rebaixamento. O Santos é um dos poucos times a nunca ter sido rebaixado no Campeonato Brasileiro, junto a Flamengo e São Paulo.