Brasileirão Série A

Paiva corneta torcida do Vasco após protestos: ‘Não vejo torcida que vaia mais’

Técnico do Vasco e jogadores foram alvos de protestos e xingamentos após a derrota por 1 a 0 para o Inter, em São Januário

A terceira derrota seguida do Vasco neste Campeonato Brasileiro foi marcada por vaias e xingamentos para os jogadores e o técnico Rafael Paiva. Antes mesmo da bola rolar, a torcida vascaína já protestou em São Januário. E as reclamações, é claro, aumentaram durante o jogo e após a derrota por 1 a 0 para o Internacional.

Antes da partida, a torcida do Vasco vaiou os nomes do zagueiro Léo e do meia Galdames durante o anúncio da escalação do time titular que enfrentaria o Inter.

Durante o jogo, os protestos começaram após o Internacional abrir o placar com Wesley, aos 19′ do segundo tempo. E só pararam depois do apito final. O técnico Rafael Paiva foi xingado e chamado de “burro”.

Já os jogadores do Vasco foram chamados de “time de frouxo” e “time sem vergonha”. A torcida também protestou com uma música que fala em “obrigação é ganhar no Caldeirão”.

 

Após a partida, em entrevista coletiva, o técnico Rafael Paiva comentou sobre os protestos da torcida do Vasco. E o treinador deu uma “cornetada” no comportamento dos vascaínos, relembrando outros jogadores que também já foram vaiados e hoje fazem sucesso em outras equipes.

— Não vejo torcida vaiar mais jogador do que a torcida do Vasco. Já falei aqui o exemplo do Pec e do Orellano, que eram jogadores vaiados aqui, e um foi o melhor e o outro o terceiro melhor da liga americana. Acho que aqui a gente sofre muito, todo mundo, torcida, estafe, jogadores, por essa ânsia que a gente tem de ver o Vasco onde o Vasco merece estar, que é disputar títulos – disse Rafael Paiva.

— A gente tem sofrido muito com isso e acho que o reflexo da torcida é vaiar alguns jogadores, ânsia de ter jogadores que resolvam o problema. Acho que a gente tem que acreditar no processo de que o Vasco tem que ser passo a passo. A gente não pode cair esse ano, a gente tem que brigar por Libertadores, por Sul-Americana, mas a gente tem que ter paciência com o que aconteceu com a 777 – completou o treinador.

Paiva classifica vaias como injustas

Rafael Paiva ainda defendeu Léo e Galdames. Sem citar nomes, o treinador chegou a dizer que outros jogadores “erram mais que o Léo” e não são criticados pela torcida do Vasco.

— Acho que acaba estourando em alguns jogadores, eu acho injusto. O Léo tem muita qualidade, ele não está à toa aqui. Vejo a mesma coisa o Galdames, é um jogador de nível de seleção chilena. Assim como o Puma foi muito vaiado em algum momento, assim como o Rayan já foi vaiado. Eu não estou defendendo jogadores a qualquer custo, mas eu acho injusto porque são profissionais que se dedicam muito e vão ter mercado quando sair daqui. Então a gente precisa de mais apoio da torcida porque faz muita diferença. O Léo para não ser vaiado tem que fazer uma partida quase perfeita, a gente tem jogadores que às vezes, na minha opinião, erram mais que o Léo e a bomba sempre vai pro Léo, vai pro Galdames – disse Paiva.

Paiva cita Roberto Dinamite para justificar vaias

Em outro momento da coletiva, Rafael Paiva citou até o ídolo Roberto Dinamite para tentar explicar as cobranças da torcida do Vasco. Dinamite, no entanto, foi vaiado e cobrado pela torcida enquanto era presidente do Vasco. O ídolo comandava o clube durante dois rebaixamentos do Cruz-Maltino: 2008 (assumindo na metade da temporada) e 2013.

— Eu fui vaiado no primeiro jogo quando a gente eliminou o Fortaleza. Peguei a equipe duas vezes na zona, tanto com Ramon quando com o Álvaro. E meu primeiro jogo foi fora contra o Fortaleza e fui vaiado. Faz parte. É uma torcida muito apaixonada e tem sofrido. A gente entende, não levo para o lado pessoal. Todo mundo tem parcela de culpa. Não dá para colocar a culpa num grupo, numa pessoa. A gente está tentando melhor, precisa melhorar, sim. Quantas rodadas a gente está na primeira página? Quando o Ramon saiu ou o Álvaro saiu, dificilmente alguém ia imaginar que a gente poderia chegar onde está agora. Nos incomoda demais as derrotas, estamos oscilando – disse Rafael Paiva.

– A gente construiu um cenário muito bom que poderia estar muito melhor. Se a gente ganha, estaria a um ponto do G7. Você fica o tempo todo muito próximo da Libertadores, mas se olha para trás as equipes estão se aproximando. O Vasco já vaiou o Dinamite, quem sou eu para achar que não vou ser vaiado? Faz parte da profissão. Enquanto estiver aqui vou tentar levar a equipe para o melhor lugar possível. A gente acredita numa Libertadores, num G7, num G8 ou G9. Sou extremamente grato ao Vasco por tudo que me proporcionou, pelo que sou hoje, por 34 jogos na Série A do Brasileiro. Independente do que aconteça, do que a torcida canalize em mim, vou sempre ser grato ao Vasco e tudo que aconteceu aqui – finalizou Paiva.

Foto de Gabriel Rodrigues

Gabriel RodriguesSetorista

Jornalista formado pela UFF e com passagens, como repórter e editor, pelo LANCE!, Esporte News Mundo e Jogada10. Já trabalhou na cobertura de duas finais de Libertadores in loco. Na Trivela, é setorista do Vasco e do Botafogo.
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