Brasileirão Série A

Em coletiva muito confusa, Paulo Autuori é apresentado como treinador do Cruzeiro

Diretor técnico do Cruzeiro, Paulo Autuori foi apresentado oficialmente como treinador interino do clube na tarde desta terça-feira (14)

Paulo Autuori, anunciado na manhã desta terça-feira (14) como treinador interino do Cruzeiro até o fim do Campeonato Brasileiro, concedeu entrevista coletiva direto de Itu, interior de São Paulo, onde o time celeste se prepara para enfrentar o Fortaleza, em partida que será disputada no sábado (18), às 18h30, na Arena Castelão.

Ao lado do diretor Pedro Martins — que abriu a coletiva com um pronunciamento que será repercutido em breve na Trivela —, Paulo Autuori passou cerca de 1h30 respondendo questionamentos dos jornalistas que participaram, de forma online, da entrevista.

Apesar da disponibilidade em responder calmamente todos os questionamentos, Autuori divagou em diversos momentos, o que acabou deixando algumas perguntas importantes sem a resposta esperada. Nas redes sociais, muitos torcedores questionaram as falas do agora treinador interino do Cruzeiro, classificando-as como confusas e de difícil entendimento. Ele ainda se irritou com questionamentos de um dos profissionais presentes.

De fato, boa parte da entrevista foi um emaranhado de filosofias e rodeios que passaram bem longe de algumas das questões caras ao clube no momento. Bastante prolixo, o agora novamente treinador protagonizou alguns momentos controversos, como, por exemplo, ao dizer que não mudará nada em relação aos trabalhos dos dois últimos treinadores da Raposa, Pepa e Zé Ricardo, ambos demitidos. Ainda assim, Autuori tratou de temas importantes, que destaco agora.

Aceite ao convite para treinar o Cruzeiro

Perguntado sobre o que o motivou a aceitar o cargo de treinador interino do Cruzeiro, após dizer em diversas oportunidades que não mais comandaria um clube de futebol, preferindo trabalhar internamente, como diretor, Autuori elencou alguns dos motivos que o fizeram reconsiderar.

— Tenho uma gratidão ao Cruzeiro, por ter me proporcionado participar de uma campanha vitoriosa (conquista da Libertadores em 1997). Eu tenho uma gratidão por isso. Dei meu contributo e chegou a hora de dar em outro momento. Não é para dentro do clube, para os jogadores, para imprensa ou torcida. É para minha vida, meus netos. Todos vivemos entre alegrias e tristezas, vitórias e derrotas. Eles (meus netos) têm que estar preparados para encarar isso de frente. É por eles — disse ele.

— Outras duas coisas são fundamentais. Lealdade pelas pessoas que estão nesse projeto seríssimo. Acima de tudo, fidelidade ao projeto que acredito piamente — explicou Autuori, que deixou claro que a chance dele seguir como treinador do Cruzeiro após o fim do Brasileirão é zero, mas que pretende seguir no cargo de diretor técnico.

Paulo Autuori irá trabalhar com Fernando Seabra, técnico do sub-20 do Cruzeiro, e Vinicius Rovaris, auxiliar técnico do clube, em sua comissão técnica. Ele exaltou o trabalho da dupla, dizendo que são eles os treinadores.

— São situações reais nas quais fui convencido a poder, nesses seis jogos, contribuir com os dois treinadores, porque esses sim são treinadores, tanto o Seabra e o Vinicius. Eles são os treinadores e eu sou o diretor técnico. Se vocês falarem ‘ah, fala isso, mas ele é o treinador’, não me importa. De maneira nenhuma, vou me preocupar com isso, porque sei exatamente o que estamos fazendo aqui e qual a minha função — falou Autuori.

Paulo Autuori diz que não fará nada de diferente

Perguntado sobre o que pretende fazer de diferente no Cruzeiro nesta reta final de Brasileirão, Paulo Autuori afirmou que não irá mudar nada por entender que o trabalho feito por Pepa e Zé Ricardo era muito bom, apesar de não ter dado certo. Ele trabalhou tanto com o português quanto com o brasileiro antes de suas respectivas demissões.

Paulo Autuori e Fernando Seabra comandaram treino do Cruzeiro nesta terça-feira (14), em Itu-SP
Paulo Autuori e Fernando Seabra comandaram treino do Cruzeiro nesta terça-feira (14), em Itu-SP – Foto: Gustavo Aleixo/Cruzeiro

— Eu, nessa função, junto com os dois treinadores (Fernando Seabra e Vinicius Rovaris), não vamos fazer nada de diferente, porque havia muito trabalho, de muita qualidade. E nem sempre trabalho de qualidade dá certo. Tem uma frase de um amigo meu que já faleceu, peruano, que diz: ‘o futebol é generoso, porque quem faz tudo para ganhar, não ganha. e quem não fez nada para ganhar, pode ganhar’ — disse Autuori, que ainda citou alguns jogos em que o Cruzeiro deixou pontos escaparem “no detalhe”.

O treinador interino do Cruzeiro explicou, também, os motivos da ida do Cruzeiro para Itu, no interior de São Paulo. Segundo ele, a mudança de ares foi uma necessidade para que o time tivesse mais chances de vitória contra o Fortaleza.

— Uma coisa é vontade e outra é necessidade. Queríamos estar dentro de nossas casas, mas a necessidade nos faz entender que temos que fazer. Nós temos uma coisa a fazer nesse jogo: ganhar. E temos que trabalhar de uma maneira que saibamos o que fazer nessa partida — falou.

Paulo Autuori se irrita com questionamento

Durante a coletiva, o treinador Paulo Autuori se irritou com pergunta feita por um dos jornalistas presentes. Questionado sobre a possibilidade de uma maior utilização das categorias de base e sobre uma suposta insatisfação em assumir o cargo, por estar “olhando para baixo” e com “expressão de apreensão”, Autuori se irritou, chamando a colocação de “oportunista”.

— Olhar para baixo? Isso não é pergunta. Você está tirando conclusões. Não está aqui para olhar no meu olho. De repente, no futuro, vamos olhar no olho e vou te responder com muito prazer. E você, por favor, junte as letras, forme uma frase, junte as frases e concatene uma ideia. Deixe o oportunismo de lado em determinadas perguntas que coloca. Se você quiser falar de assuntos que posso aprofundar, vai ser um prazer, mas esses clichês, que por vezes nós somos acusados de ter, é grande. Há necessidade de debate mais sério e não esse tipo de pergunta que ‘está olhando pra baixo’. Não estou entendendo e vou ficar sem entender. Vocês falam o que querem e a gente tenta, com fatos, mostrar a realidade — respondeu, irritado, Paulo Autuori.

Uso das categorias de base

Paulo Autuori foi perguntado se em seu período à frente do Cruzeiro, jovens formados nas categorias de base do clube ganhariam mais oportunidades e afirmou que é preciso ter calma nesses momentos. Segundo ele, com duas, três partidas ruins, o jogador pode ser queimado, impedindo seu sucesso no clube. Ainda assim, destacou que sempre deu oportunidades a promessas em todos os clubes pelos quais passou.

Mineirão sem torcida

Sobre a possibilidade do Cruzeiro ser punido pela invasão de campo contra o Coritiba e ter que jogar de portões fechados, Paulo Autuori lamentou, mas ressaltou que o cruzeirense estará apoiando o time seja de onde estiver.

— Não é fácil, não será fácil não contar com o apoio da nossa torcida que é algo fundamental. Melhor do que eu, vocês podem dizer, eu estava longe, fora do Brasil, o papel que a torcida sempre teve e teve ano passado na subida para primeira divisão. Se acontecer de jogar sem a torcida, que já vai estar sem a possibilidade de ver o jogo, então nada melhor do que poder oferecer a ela as vitórias mesmo que ela não esteja presente. Não estará presente fisicamente no estádio, mas estará certamente presente conosco na força que sempre deu e continuará a dar porque essa é a origem da torcida do Cruzeiro — falou o treinador.

Foto de Maic Costa

Maic Costa

Maic Costa nasceu em Ipatinga, mas se radicou na Região dos Inconfidentes mineiros. Formado em Jornalismo na UFOP, em 2019, passou por Estado de Minas, Superesportes, Esporte News Mundo e Mais Minas. Atualmente, escreve para a Trivela e para o Futebol na Veia.
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