Brasileirão Série A

Os bastidores e personagens que aproximam Palmeiras e WTorre de acordo por R$ 160 mi

Executivos das duas partes e mudanças de postura alteraram o tom da relação

O que já foi, literalmente, caso de polícia, jamais esteve tão próximo de chegar a um final feliz. Após um semestre de repasses mensais feitos corretamente, é possível dizer que WTorre e Palmeiras nunca estiveram tão perto de um acordo pelas dívidas referentes ao Allianz Parque.

Fontes ouvidas pela Trivela atestam que as conversas entre as partes vêm acontecendo de modo a ser possível tratar como palpável um acerto para quitação dos repasses atrasados de parte a parte. Algo muito distante da realidade no começo deste ano, quando a relação entre os parceiros chegou ao pior momento.

Ainda é difícil cravar ou mesmo prever uma data, e a pressa não faz parte da equação. Mas o relacionamento nunca foi tão bom — fruto, entre outros pontos, das trocas de comando na diretoria da WTorre Entretenimento, empresa do grupo criada para gestão de espaços de eventos. Mas, também de uma mudança na postura do Palmeiras.

 
 
Publicado por @diego_iwata
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Vice da WTorre é “boleiro” e passou por Santos e Flamengo

Desde fevereiro deste ano, é o executivo Marcelo Frazão, hoje vice-presidente da WTorre Entretenimento, quem encabeça as negociações pelo lado da construtora. Frazão, diferentemente de executivos anteriores da empresa, é também um homem do futebol.

Antes de chegar à WTorre, ele foi diretor de novos negócios do Flamengo (2016 a 2018) e comandou o marketing do Santos (2018 a 2021). Conhecer e ser sensível aos aspectos “boleiros” da relação entre clube e construtora têm sido fundamental para as partes se relacionarem melhor.

Frazão entendeu, por exemplo, que ampliar a boa-vontade na liberação do estádio para os jogos do clube seria um movimento-chave para uma abertura maior na relação.

Tipo de pensamento simples, mas que nem sempre era observado pelos gestores anteriores. Desde o início de sua gestão, o executivo também vem pessoalmente se envolvendo na construção do calendário de eventos no Allianz Parque, de modo a diminuir o número de dias que o time fica sem seu estádio — especialmente em jogos decisivos.

Também é muito importante frisar que foi na gestão de Frazão que os repasses devidos mês a mês, parados desde 2015, recomeçaram a ser feitos — o que acalmou muito os ânimos e mudou a percepção do Palmeiras.

 
 
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CEO do Palmeiras atua abaixo do radar da torcida

Pelo lado do Palmeiras, o CEO Cristiano Koehler é quem comanda as tratativas, ao lado do primeiro vice-presidente, Paulo Buosi. Koehler é uma figura silenciosa, mas fundamental no Palmeiras.

Desde abril de 2018, ele ocupa a função de CEO, executivo mais alto na hierarquia do Palmeiras.

Mas poucos são os torcedores que sabem de sua existência e de sua atuação. O CEO é o principal responsável pela gestão financeira e da governança do clube. Contando com o tempo de Palmeiras, Koehler tem 20 anos de atuação na elite do futebol brasileiro, com passagens por Flamengo, Grêmio e Vasco, entre outros.

Já Buosi, remanescente da gestão Mauricio Galiotte, que antecedeu Leila Pereira, é visto por todos como um conciliador — característica que também era atribuída ao ex-presidente. Sua participação nas negociações tende a ajudar a amenizar o clima.

Como são compostas as dívidas de Palmeiras e WTorre

O clube cobra, com encargos totais, cerca de R$ 160 milhões da companhia. O montante diz respeito aos percentuais de exploração de lojas, restaurantes, naming rights, shows e eventos conforme o estipulado em contrato assinado em 20.

Já a construtora reivindica cerca de R$ 40 milhões do Palmeiras referente a taxas de utilização e serviços nos dias de jogos. Tais como geradores de energia, manutenção e uso de eletricidade, entre outros. Tudo também registrado em contrato.

Com o conhecimento profundo da causa, pelo fato de ter sido o principal negociador para a construção do Allianz Parque, o ex-presidente Luiz Gonzaga Belluzzo declarou, em entrevista à Trivela, em fevereiro, não ter dúvida de que a WTorre vai quitar seus débitos com o Palmeiras.

Luiz Gonzaga Belluzzo, em sua biblioteca particular
Luiz Gonzaga Belluzzo, em sua biblioteca particular (Foto: Divulgação)

— Eu não tenho nenhuma dúvida de que eles vão ter de pagar — afirma ele.

— Hoje, o Allianz Parque, tenho certeza, é o maior gerador de receita da WTorre. Eles podem até empurrar esse pagamento, mas está tudo em contrato, a dívida é confessa. Em algum momento, a WTorre vai ter que pagar, mesmo que fazendo algum acordo, para continuar gerando receita — acredita Belluzzo.

Acordo que está cada vez mais próximo.

Foto de Diego Iwata Lima

Diego Iwata LimaSetorista

Jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero, Diego cursou também psicologia, além de extensões em cinema, economia e marketing. Iniciou sua carreira na Gazeta Mercantil, em 2000, depois passou a comandar parte do departamento de comunicação da Warner Bros, no Brasil, em 2003. Passou por Diário de S. Paulo, Folha de S. Paulo, ESPN, UOL e agências de comunicação. Cobriu as Copas de 2010, 2014 e 2018, além do Super Bowl 50. Está na Trivela desde 2023.
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