Brasileirão Série A

Flamengo: entenda os pontos em comum nas derrotas para Cuiabá e Bragantino

Rubro-Negro foi superado nos números nas duas partidas, mas passividade da equipe é fator determinante e assustador

O Flamengo sofreu sua segunda derrota dos últimos 20 jogos sob o comando de Jorge Sampaoli, neste domingo (06), diante do Cuiabá, na Arena Pantanal. O outro revés veio há seis rodadas, quando o Rubro-Negro enfrentou o Bragantino, também fora de casa, e sofreu uma goleada por 4 a 0. Nos dois jogos, os comandados de Sampaoli sofreram críticas que vão muito além do resultado.

A teoria de que o Flamengo “escolhe” os jogos em que vai estar concentrado é cada vez mais real nas redes sociais e, na coletiva após a derrota para o Cuiabá, Sampaoli voltou a frisar os problemas do Rubro-Negro. Como tal afirmação jamais será comprovada pelo clube, a Trivela analisou as semelhanças e as diferenças entre os resultados negativos, para entender um pouco mais do que se passa com a equipe.

Flamengo passivo deixa adversários “deitarem e rolarem”

Nos dois jogos, o Rubro-Negro entrou em campo com algumas mudanças significativas, embora diante do Cuiabá elas tenham sido maiores, pensando no duelo contra o Olimpia, pela Libertadores. Curiosamente, os dois problemas que mais afetaram o Flamengo foram na ala esquerda: em Bragança Paulista, Sampaoli poupou Ayrton Lucas e não tinha Filipe Luís à disposição, por isso foi de Léo Pereira, enquanto, neste domingo, o camisa 6 precisou ser substituído, e Thiago Maia “quebrou o galho”.

O que se viu nos dois jogos foi uma avenida por aquele lado. Contra o Bragantino, Henrique Mosquera marcou duas vezes atuando pelo setor. Já em Cuiabá, o terceiro gol dos mandantes saiu de linda jogada de Wellington Silva por ali. Claro que a atuação da defesa como um todo também não foi boa, mas os problemas na esquerda foram tão visíveis que fica difícil não citá-los.

No mais, é possível afirmar que o Flamengo foi amplamente superado nos dois jogos. Contra o Bragantino, a equipe de Sampaolo sofreu – incríveis – 36 finalizações, sendo 13 na direção da meta defendida por Matheus Cunha, o nome do Flamengo no duelo. A falta de eficiência imperou pelo lado rubro-negro, tendo acertado apenas quatro dos 17 arremates tentandos ao longo dos dois confrontos.

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Ayrton Lucas entrou no segundo tempo contra o Bragantino (Foto: Marcelo Cortes / Flamengo)

Ainda que os números exponham semelhanças, a principal é realmente a postura do time dentro de campo. Passivo, o Rubro-Negro pareceu não se importar muito com o que se passava, especialmente no jogo contra o Bragantino. A “sorte” foi que o Cuiabá tinha peças inferiores ao do time de Pedro Caixinha e, por isso, fez um gol a menos. Faltou gana de vencer.

Mudanças no time são diferenças importantes

Apesar das semelhanças, é possível afirmar que os dois jogos possuem ainda mais diferenças. Primeiro, é importante frisar o momento que o Flamengo vivia antes de enfrentar o Bragantino: quatro vitórias seguidas, classificação sobre o Fluminense – pedra no sapato – na Copa do Brasil e, em especial, a parada para a Data Fifa. Como tem acontecido, o Rubro-Negro piorou seu desempenho após período livre de treinos para Sampaoli.

Contra o Cuiabá, no entanto, o Flamengo vinha de uma sequência pesada de decisões, tendo, inclusive, enfrentado o Olimpia, pela Libertadores, três dias antes. Por isso, Sampaoli não mandou força máxima, a exemplo do que foi diante do Bragantino, mas um time “misto”, repleto de reservas. O resultado ainda foi melhor do que o adquirido em Bragança Paulista.

No Nabi Abi Chedid, o Rubro-Negro foi totalmente dominado, até na posse de bola, que é um dos seus pontos fortes. A “paixão pelo balón” foi mais vista contra o Cuiabá, mas, mesmo assim, pouco efetiva. Nesse caso, a falta de entrosamento entre alguns atletas, especialmente do meio para frente, onde o Flamengo estava sem Gabigol, Arrascaeta e Everton Ribeiro, foi um fator que não pode ser ignorado no naufrágio.

Contra o Bragantino:

  • 7 finalizações (nenhuma na direção do gol)
  • 40% de posse de bola (menor de Sampaoli no clube)
  • 73% na precisão de passe (menor de Sampaoli no clube)
  • -15 na diferença de escanteios

Contra o Cuiabá:

  • 10 finalizações (4 na direção do gol)
  • 63% de posse de bola
  • 90% na precisão do passe
  • -4 na diferença de escanteios
Ficou feio para o Flamengo diante do Cuiabá, na Arena Pantanal (Foto: Gil Gomes/AGIF/Sipa USA/Icon Sport)

O que pensar das teorias e oscilações do Flamengo?

Em um clube de futebol, é natural que haja pressão, ainda mais depois de uma derrota elástica para um rival de menor expressão. Como o Flamengo é protagonista no últimos anos, as críticas são amplicadas, pois, em algumas partidas, o nível é realmente muito abaixo do esperado, tanto no lado futebolístico quanto na questão da vontade.

Diversos fatores podem fazer com que um time perca uma partida de futebol. Neste domingo, o Rubro-Negro foi superado pelos erros excessivos de Sampaoli, além da postura passiva de alguns atletas. Isso não significa, necessariamente, que o elenco do Flamengo escolha jogos. A verdade mesmo é que o jogo contra o Olimpia, pela Libertadores, ganhou contornos ainda mais decisivos.

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O Rubro-Negro se reapresenta nesta terça-feira (08), pela manhã, no Ninho do Urubu, e Sampaoli terá dois dias de treinos para definir os relacionados para a viagem ao Paraguai. Se voltar de Assunção eliminado, a pressão pode crescer ainda mais, mas a classificação dá um “chega para lá” nesse princípio de crise. O treinador argentino, sem dúvida, estará em evidência até o fim de sua passagem pelo Flamengo.

Foto de Guilherme Xavier

Guilherme Xavier

É repórter na cobertura do Flamengo há três anos, com passagens por Lance e Coluna do Fla. Fã de Charlie Brown Jr e enxadrista. Viver pra ser melhor também é um jeito de levar a vida!
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