Personalidade de Sampaoli reacende alerta no Flamengo antes da Libertadores
Ambiente no Rubro-Negro está pesado após agressão de preparador a Pedro, mas treinador não está ameaçado no cargo

O técnico Jorge Sampaoli é um caso interessante e curioso no Flamengo, especialmente por conta de sua personalidade e tudo que aconteceu nos últimos dias. Em meio ao turbilhão pelo episódio de agressão de seu preparador físico, Pablo Fernandez, a Pedro, artilheiro do time na temporada, a equipe sofreu uma derrota vexatória para o Cuiabá, por 3 a 0, pelo Brasileirão. O resultado, de certa forma, aumentou a pressão.
É até difícil falar que um treinador derrotado apenas duas vezes nos últimos 20 jogos vive instabilidade, mas é exatamente o momento de Sampaoli no Flamengo. Por mais que o time esteja vivo em todas as competições, o nome do argentino divide opiniões nos bastidores do Rubro-Negro. Apesar disso, antes de mais nada, a Trivela confirmou que o comandante – ainda – não está ameaçado.
Episódio com Pedro escancarou incômodo nas escolhas de Sampaoli
Mesmo que o Flamengo trate o “caso Pedro” como um episódio finalizado da porta para dentro – como o próprio Sampaoli comentou – ele ainda é latente no vestiário. A agressão de Pablo Fernandez, pela gravidade, agrega nesse clima de instabilidade. Conforme informou o GOAL, e a Trivela confirmou, era justamente o preparador físico que fazia a “ponte” entre atletas e treinador argentino.
Após o episódio, Pedro veio a público e se posicionou nas redes sociais, com uma carta que revelava “covardia psicológica” sofrida no dia a dia do Flamengo. O atleta deu a entender que lhe faltavam minutos no time titular, em relação a Gabigol, preferido por Sampaoli, e até Bruno Henrique, que tem sido escolhido nos últimos jogos. O centroavante, artilheiro do time no ano, não foi o primeiro a reclamar.
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Antes de deixarem o clube, Marinho e Vidal também tiveram problemas com a comissão técnica de Jorge Sampaoli. O extremo, inclusive, chegou a ficar afastado dos treinos da equipe profissional por conta da rusga, enquanto o volante reclamou do argentino em diversas oportunidades, nas redes sociais, mesmo que eles tenham trabalhado e sido campeões juntos na Seleção Chilena.

Personalidade do treinador afasta alguns atletas
Por mais que a metodologia de Sampaoli tenha gerado resultados ao Flamengo, ela não é mais tão bem vista pelos jogadores. A reportagem ouviu fontes ligadas ao dia a dia do clube, que apontaram falta de diálogo entre o treinador e alguns atletas, não só aqueles que receberam poucas oportunidades. Pela sua personalidade mais fechada, o argentino não consegue fazer ajustes que o elenco busca.
As entrevistas coletivas de Sampaoli também geram incômodo nos bastidores. Após o jogo contra o Cuiabá, por exemplo, o comandante praticamente assinou um atestado de que a equipe prioriza as Copas e citou a falta de gana em duelos como o do último domingo (06). O imbróglio está claro, e o argentino precisará ter “gelo no sangue” para contornar a situação.
— O time tem que melhorar, claro que muda muito em diferentes competições. Em cada jogo de eliminação o time está mais conectado, decidido. Hoje o time fez um primeiro tempo muito fraco, sem ilusão, sem paixão e terminou perdendo na segunda metade por um erro pontual. São coisas para melhorar. É preciso a mesma predisposição e atenção que temos em competições de eliminações — disse.
Sem caça as bruxas, mas com sinal de alerta ligado
Como mencionado, o Flamengo não pretende ir atrás de nenhum outro nome para treinador nesta temporada. O Flamengo conseguiu contornar um início de ano terrível com Vítor Pereira, em que foi vice-campeão de todas as competições que disputou. Durante o trabalho de Sampaoli, o Flamengo evoluiu, conseguiu eliminar rivais importantes nas competições “mata-mata” e teve resultados importantes, mas isso não significa que ele esteja isento de críticas.
A grande questão de momento é a oscilação do time durante a disputa do Campeonato Brasileiro. As derrotas para Bragantino e Cuiabá, rivais considerados abaixo do Rubro-Negro, fizeram com que um sinal de alerta fosse aceso nos bastidores. Não apenas pelo resultado em si, mas da maneira com que ele foi construído, com um Flamengo apático, parecendo – mesmo – que a cabeça estava em outro lugar.
Internamente, o trabalho de Sampaoli divide opiniões, embora elas sejam muito mais positivas do que negativas. Alguns dirigentes, inclusive, veem o trabalho do argentino como um dos melhores que passaram pelo Flamengo na gestão Landim. Enquanto isso, uma parcela menor se atenta na personalidade – já citada na matéria – difícil do treinador para apresentar críticas.

Jogo contra o Olimpia é divisor de águas
Depois de perder para o Cuiabá, o Flamengo está com todas as atenções voltadas para o jogo contra o Olimpia, pela Libertadores. O elenco folgou nesta segunda-feira (07) e se reapresenta na terça para realizar dois treinos antes de viajar para o Paraguai. O duelo diante do Decano pode ser decisivo para a instabilidade de Sampaoli, no ponto positivo ou não.
A Libertadores continua sendo a obsessão do Flamengo e, neste ano, tem um tempero ainda mais especial: a possibilidade de se tornar o clube brasileiro com mais título do torneio. O Rubro-Negro venceu o primeiro jogo por 1 a 0, no Maracanã, e carrega a vantagem do empate. Se vencer de maneira contundente, a paz pode voltar a reinar, mas, em caso de eliminação no Defensores Del Chaco, a espiral de Sampaoli pode ganhar contornos mais incisivos.
Cenas dos próximos capítulos, e a Trivela segue de olho.