Bruno Henrique segue mostrando que é um dos jogadores mais decisivos da história do Flamengo
Quase metade dos gols de Bruno Henrique pelo Flamengo tiveram influência direta no resultado, algo que chama a atenção em quase cinco anos de clube

Desde que chegou ao Flamengo, Bruno Henrique tem sido pilar de diversos times vitoriosos. Campeão da Libertadores, da Copa do Brasil, do Brasileirão e de outros torneios importantes, o camisa 27 ganhou a alcunha de Rei dos Clássicos, pela característica de aparecer em grandes momentos contra rivais. Apesar disso, seu poder de decisão não para por aí.
O atacante acumula 85 gols em 209 partidas pelo Flamengo, que dá uma média de 0,41 por jogo. Ainda assim, quase metade desses tentos foram marcados em momentos importantes, ou seja, em que o Rubro-Negro precisava de um empate, ou para garantir um triunfo suado. Sem medo de ser feliz, é possível afirmar que Bruno Henrique é um dos jogadores mais decisivos da história do clube.
O que caracteriza um gol decisivo?
Para dar forma à matéria, a Trivela adotou um critério específico para contar gols decisivos de Bruno Henrique. A bola na rede é contabilizada na estatística em três situações, que interferem diretamente no resultado dos jogos do Flamengo. É importante frisar que os tentos que abrem o placar, mas não resultam em vitórias, não serão contabilizados.
- Garante empate em jogo que o Flamengo estava perdendo
- Abre o placar em uma vitória
- Marca o gol que dá a vantagem ou é o da vitória
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Estreia de gala com dois gols decisivos
Bruno Henrique não poderia ter começado melhor a trajetória no Flamengo. Sua estreia foi logo num clássico, diante do Botafogo, no Nilton Santos, e o atacante colocou o jogo no bolso. Ele entrou no intervalo, quando o Rubro-Negro ainda era comandado por Abel Braga e marcou dois gols decisivos: o primeiro para empatar a partida, e o segundo para dar a vantagem e o triunfo ao time. O jogador, inclusive, relembrou o momento após a vitória do último sábado (02), sobre o mesmo rival.
— Muito feliz de ter marcado esse belo gol. Na minha estreia em 2019, eu fiz dois, e justamente naquele gol. Hoje, fui premiado mais uma vez. Agradecer sempre a Deus, por estar sempre comigo nos momentos importantes — disse.
2019, ano mágico e decisivo para Bruno Henrique
Dentre os quase cinco anos de Flamengo, o primeiro foi o mais especial para Bruno Henrique. Logo que chegou, o atacante caiu rapidamente nas graças da torcida e formou dupla avassaladora com Gabigol. Os dois, inclusive, foram artilheiros do Brasil naquela temporada, com liderança do companheiro. Ao todo, o camisa 27 disputou 62 jogos, marcou 35 gols e distribuiu 15 assistências.
O ano mágico do Flamengo também viu um Bruno Henrique bastante decisivo. Claro que o companheiro de ataque, Gabi, marcou os dois na virada épica que garantiu o título da Libertadores, mas aquela campanha tem a assinatura de BH. Ao longo de toda a temporada, mais da metade dos gols do atacante entraram no critério apresentado acima, ou seja, foram decisivos.
Dos 85 gols do Rei dos Clássicos pelo Flamengo, inclusive, 41 foram classificados como decisivos, fato que o coloca em outro patamar na história do clube. O melhor ano, como mencionado, foi 2019, mas 2020 e 2021 também viram Bruno Henrique com excelente aproveitamento. Destaco, ainda, que BH27 marcou 65% dos seus tentos da carreira pelo Rubro-Negro.
E nas finais? Qual o desempenho?
Ao todo, Bruno Henrique entrou em campo em 11 finais pelo Flamengo — o recorte não inclui Taça Guanabara ou Rio —, sem ser o melhor da equipe no período. É difícil competir com Gabigol, que marcou em praticamente todas as decisões no período, mas BH não deixa a desejar, com cinco participações em gol. Além disso, naquele jogo contra o River Plate em 2019, que consagrou o companheiro, foi o camisa 27 que construiu toda a jogada que culminou no empate.
Além disso, durante a disputa do Mundial de Clubes, Bruno Henrique brilhou e foi eleito o segundo melhor jogador do torneio, atrás apenas de Mohamed Salah, campeão e craque do estrelado Liverpool, que bateu o Flamengo na final. Na decisão, o Rei dos Clássicos deixou Alexander Arnold, melhor lateral do mundo na época, totalmente perdido.
Bruno Henrique é carrasco de outro rubro-negro
Um rei não mede esforços para agradar a todos, mas claro que ele tem seus preferidos. No caso de Bruno Henrique, o Athletico Paranaense foi sua principal vítima e já era, inclusive, antes mesmo de chegar ao Rio de Janeiro. Contudo, foi no duelo de rubro-negros que ele mais se sentiu à vontade. O extremo disputou 18 jogos contra o Furacão na carreira e marcou 13 vezes. Pelo Flamengo, foram 10 partidas e oito gols.
Os primeiros dois anos de Bruno Henrique no Flamengo foram os principais na temporada de “caça” ao Athletico. Durante o período, o atacante foi decisivo em partidas do Campeonato Brasileiro, da Copa do Brasil e da Supercopa do Brasil, em três campanhas de título. O mata-mata nacional ele veio a ganhar em 2022, mas o ano reservou um desafio ainda maior para ele.
Primeira lesão pelo Flamengo
Em 2022, Bruno Henrique viveu um dos maiores dramas de sua carreira: a primeira lesão grave. Foi no confronto entre Flamengo e Cuiabá, no Maracanã, em julho, que o camisa 27 rompeu mais de um ligamento do joelho e teve que passar por procedimento cirúrgico. A contusão o afastou dos gramados por mais de 10 meses, porém a perseverança do jogador foi fundamental.

Por conta do problema físico, Bruno Henrique não pôde participar das fases mais agudas das campanhas vitoriosas do Flamengo na Copa do Brasil e Libertadores, embora tenha recebido a medalha de campeão do mesmo jeito. Dessa forma, o ano terminou com 23 partidas e apenas três gols, ainda que tenha distribuído oito assistência. Quem achava que BH estava acabado, contudo, não poderia ter se enganado mais.
— É uma mistura de sentimentos. Foram dez meses de muita luta e sofrimento. Mas só chega lá no alto quem passa pelo processo. Hoje estou aqui fazendo o que mais amo, que é jogar futebol — disse, logo depois de retornar aos gramados.
Volta por cima, como nos velhos tempos
A preocupação pela volta em alto nível do atacante era grande, com razão: a lesão nos ligamentos do joelho era grave no ponto em que o local teve que receber uma reconstrução. A evolução na fisioterapia animou, a volta aos treinos trouxe ainda mais expectativa, até que, dez meses depois, veio o reencontro com a Nação. Ao todo, Bruno Henrique ficou 262 dias fora e voltou contra o Coritiba, em abril.
Três meses depois, contudo, Bruno sofreu com mais um susto: um estiramento ligamentar no mesmo joelho que lhe havia causado problemas. Não houve fratura, e ele pôde retornar normalmente antes do esperado, algo que se tornou comum para o atacante. Nessa altura do campeonato, ele já tinha marcado o primeiro gol desde a volta, diante do Grêmio, e sido decisivo novamente contra o Athletico, pela Copa do Brasil.
Para ter uma ideia do tamanho da volta de BH, ele dobrou o número de gols com relação ao ano anterior, em apenas quatro meses de cancha. Já são seis tentos, sendo três decisivos, contra Olimpia e, mais recentemente, Botafogo, além do Athletico, já citado na matéria. As outras bolas nas redes foram diante de Olimpia — novamente — e Aucas.

Vale destacar que o atacante tem contrato com o Flamengo até dezembro, mas deve renovar por pelo menos mais uma temporada com o clube. O desejo é mútuo, e o departamento de futebol aguarda o término da Copa do Brasil para iniciar as conversas. Amado pela torcida, Bruno Henrique tem 32 anos e pode até encerrar a carreira no Ninho do Urubu.
Rei dos Clássicos, BH27 e Unicórnio são apenas alguns apelidos carinhosos, que não escondem o fato máximo: Bruno Henrique é ídolo do Flamengo, um dos maiores e mais decisiva de uma geração vitoriosa. Vindo da várzea, de família humilde, a identificação com a torcida rubro-negra foi instantânea. Agora, ele tentará decidir novamente, dessa vez na grande final da Copa do Brasil, diante do São Paulo.