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Ferroviária despejou até sua última gota para segurar o recordista Corinthians e ficar com título do Brasileirão Feminino nos pênaltis

Tudo indicava que o Corinthians se encaminhava ao bicampeonato do Brasileirão feminino. Finalista contra a Ferroviária, a equipe havia quebrado o recorde mundial de vitórias consecutivas entre qualquer equipe de futebol, masculino ou feminino, alcançando 28 triunfos e estendendo o número a 34. A sequência acabara justamente na partida de ida da final, empate em 1 a 1.

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O volume de jogo do primeiro tempo, que ainda por cima cresceu no segundo, parecia desenhar o caminho do título do Corinthians, mas na verdade escrevia uma história paralela: a superação da equipe de Araraquara. Depois do 0 a 0 no tempo normal, a Ferroviária bateu o Corinthians nos pênaltis por 4 a 2, para ficar ela com seu segundo título do Brasileirão Feminino.

Foi uma surra de finalizações. A Ferroviária pouco chegou ao gol do Corinthians, que por sua vez cansou de desperdiçar oportunidades. Victória foi quem levou mais perigo ao gol defendido por Luciana no primeiro tempo, enquanto na segunda etapa o festival de gols perdidos teve em Millene sua grande protagonista. A atacante pecou muito na finalização, mesmo ficando cara a cara com a goleira da Ferroviária em algumas oportunidades.

Diante das favoritas, de campanha impecável até a final, a visitante desta tarde de domingo fez o que pôde: se fechou, absorveu a pressão do Corinthians e tentou jogar no erro das adversárias. Correndo muito atrás da bola para marcar, chegaram ao fim da partida exauridas, os músculos já basicamente as deixando na mão. A condição física preocupava mesmo para as cobranças de pênalti que viriam pela frente, mas a superação do time comandado por Tatiele Silveira não conhece fim.

O Corinthians abriu a disputa de penalidades máximas com gol de Victória. Luana empatou em seguida, Gabi Zanotti converteu para as alvinegras, e Aline Milene voltou a igualar para a Ferrinha. Foi então nos pés de Tamires, que esteve na Copa do Mundo deste ano, que começou a queda corintiana. A lateral bateu mal o terceiro pênalti do time, parando em defesa de Luciana; Andreia aproveitou e colocou a Ferroviária à frente. Na sequência, Ingryd tentou tirar do alcance de Luciana, exagerou na força e mandou para fora, rente à trave direita, enquanto a goleira pulou para o outro lado. Caminho aberto para o título da Ferrinha, e Géssica não desperdiçou: 4 a 2 para a Ferroviária.

Esta foi apenas a sétima edição do Campeonato Brasileiro feminino, e a equipe de Araraquara chegou agora ao seu segundo título, se isolando no ranking de campeãs (Corinthians, Santos, Flamengo, Rio Preto e Centro Olímpico têm, cada um, um título).

O triunfo memorável neste domingo na Fazendinha marca também a primeira vez que uma equipe comandada por uma mulher é campeã do Brasileirão Feminino. Tatiele Silveira fez carreira como atleta no Internacional e lá mesmo começou sua trajetória como treinadora. Depois de dois anos e apenas duas derrotas no Colorado, chegou à Ferroviária neste ano, em sua primeira oportunidade à frente de um time de primeira divisão. Com tamanho sucesso, é bom Pia Sundhage trazer resultados na seleção brasileira – sua sombra começa a se formar e se estabelecer.



Foto de Leo Escudeiro

Leo Escudeiro

Apaixonado pela estética em torno do futebol tanto quanto pelo esporte em si. Formado em jornalismo pela Cásper Líbero, com pós-graduação em futebol pela Universidade Trivela (alerta de piada, não temos curso). Respeita o passado do esporte, mas quer é saber do futuro (“interesse eterno pelo futebol moderno!”).
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