Brasileirão Série A

Cruzeiro rescinde com Henrique e se afasta ainda mais do passado

Jogador havia sido reintegrado ao clube celeste no último mês de junho por decisão judicial

Cruzeiro e Henrique, volante que marcou história em três passagens pelo clube, firmaram, nesta quinta-feira (3), um acordo na 6ª Vara da Justiça do Trabalho de Belo Horizonte para a rescisão amigável do contrato entre as partes. O jogador, oitavo na história com mais jogos com a camisa celeste (524), havia retornado à Raposa por meio de liminar no último mês de junho.

Henrique frequentou as instalações do Cruzeiro até o último dia 31 de julho, pouco antes do fechamento do acordo de rescisão contratual. Os valores firmados entre as partes no encerramento do vínculo não foram divulgados, pela existência de uma cláusula de confidencialidade.

A ideia de Henrique é continuar jogando. O volante, que não entra em campo desde 2020, fica livre no mercado e buscará um novo clube para atuar. A informação é do GE. Mesmo com a janela de transferências fechada no Brasil, há a possibilidade dos clubes fecharem com atletas sem contrato até o próximo dia 15 de setembro.

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Ação judicial milionária

O imbróglio envolvendo Cruzeiro e Henrique durou cerca de um ano e contou com diversas reviravoltas na Justiça. O jogador acionou SAF e associação do clube celeste em agosto de 2022 alegando que o encerramento de seu contrato, que terminou em dezembro de 2021, aconteceu durante um período em que o volante se recuperava de uma lesão no joelho, sofrida em 2020.

De acordo com a defesa de Henrique, a lesão o impossibilitou de continuar a exercer a sua profissão até o final de 2022. Por isso, foi ajuizada uma ação no valor de R$ 10,4 milhões. Num primeiro momento, o pedido foi negado pela Justiça, que alegou não ser possível concluir “em sede de cognição sumária, pela existência do nexo causal entre a alegada lesão e a atividade desenvolvida na reclamada, tampouco pela incapacidade para o trabalho quando do fim do contrato e seu atual estado laboral”.

Os advogados do volante, por sua vez, recorreram e conseguiram, no início do último mês de junho, uma decisão favorável que obrigava o Cruzeiro a reintegrar o volante ao e-social, projeto do governo federal que busca digitalizar e unificar o envio das informações fiscais, previdenciárias e trabalhistas das empresas. A decisão era válida tanto para a SAF quanto para a associação do clube.

Henrique atende a torcedores do Cruzeiro em 2018
Henrique era um dos jogadores mais queridos pela torcida do Cruzeiro, mas temporada de 2019 mudou os rumos da relação – Foto: Vinnicius Silva/Cruzeiro

Reviravoltas e reintegração de Henrique ao Cruzeiro

A decisão judicial previa, ainda, multa diária de R$ 10 mil a cada dia de não cumprimento da decisão. O Cruzeiro entrou com recurso e conseguiu, num primeiro momento, suspender a aplicação da multa por um “entrave burocrático”.

O clube mineiro alegou que “o e-social (sistema digita que unifica informações das obrigações trabalhistas das empresas) impede a SAF de promover a reintegração de um contrato que fora encerrado pela Associação. Ou seja, não é possível (de acordo com o e-social) promover a reintegração de um empregado que nunca foi seu”.

Esse era, inclusive, um dos principais argumentos da SAF do Cruzeiro durante o processo. O clube celeste afirmou nunca ter tido vínculo com Henrique, já que o jogador deixou o clube ao final de 2021, antes da Tara Sports, empresa do ex-jogador Ronaldo Nazário, o “Fenômeno”, concluir a compra da Raposa, em abril de 2022. “Sequer consta na ata de constituição da SAF com a transferência do contrato de jogadores que integravam o Clube Associativo”, argumentou o jurídico da SAF celeste.

Apesar da alegação, a Justiça entendeu que bastava que o clube celeste fizesse a transferência do contrato de Henrique da associação para a SAF. Dias depois a suspensão da multa caiu e o Cruzeiro precisou reintegrar o jogador ao seu quadro de funcionários.

De volta ao Cruzeiro, Henrique passou a utilizar as instalações do clube para se recuperar da lesão sofrida. Segundo o diretor de futebol do time mineiro, Pedro Martins, o foco da Raposa era colocar o atleta em condições de atuar para que ele pudesse seguir sua carreira. O período que o volante passou na Toca da Raposa II foi amigável e de boa relação com todos os profissionais.

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Henrique poderia ter voltado a atuar pelo Cruzeiro?

Após ser reintegrado, a dúvida de muitos torcedores era se Henrique passaria a fazer parte do elenco de Pepa. Apesar do jogador ter demonstrado interesse em continuar sua carreira no futebol, sua integração ao elenco profissional do Cruzeiro nunca esteve em pauta.

A reintegração ao e-social do clube, prevista por liminar, obrigava o time celeste a voltar a pagar salários e benefícios previstos no último contrato do jogador com o Cruzeiro.

Mas a possibilidade de Henrique voltar a atuar pelo Cruzeiro existia, desde que esse fosse o desejo de diretoria e comissão técnica do clube celeste.

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“Novo” Cruzeiro cada vez mais distante do “velho”

A rescisão com Henrique é mais um passo do “novo” Cruzeiro, que opera no formato de SAF, na direção contrária do que foi o clube antes da chegada de Ronaldo. Henrique era um dos últimos jogadores do período ainda vinculados ao time celeste e agora seguirá caminho distinto.

Além da ruptura com um dos jogadores mais longevos do Cruzeiro e que, apesar da carreira vitoriosa, acabou marcado pelo rebaixamento em 2019, a saída de Henrique significa mais um acerto para quitação de débitos financeiros e morais adquiridos por outras gestões celestes.

O acordo de rescisão firmado ainda encerra o processo trabalhista aberto por Henrique contra o Cruzeiro. Para um clube que há poucos anos colecionava acionamentos judiciais, a diminuição de mais um deles, sendo este de alto custo, é mais uma vitória rumo ao saneamento dos departamentos jurídico e de futebol celeste, no que diz respeito a dívidas e problemas na Justiça.

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Henrique e Cruzeiro

Ex-capitão e com três passagens pelo Cruzeiro, Henrique acumulou 524 partidas e dez títulos oficiais pela Raposa. Entre as conquistas, estão os bicampeonatos Brasileiro (2013 e 2014) e da Copa do Brasil (2017 e 2018), nos quais o jogador teve papel importante. Ele ainda conquistou seis títulos estaduais.

Considerado ídolo por parte da torcida, Henrique viu seu status diminuir consideravelmente após o rebaixamento celeste em 2019. O jogador foi acusado de omissão por parte dos torcedores, principalmente após conceder uma entrevista coletiva ao lado do então dirigente Itair Machado, em meados daquele ano, quando os escândalos administrativos envolvendo o Cruzeiro estavam prestes a estourar.

Na ocasião, Itair tentou colocar “panos quentes” nas polêmicas, afirmando que tudo corria bem no clube, tendo Henrique, então capitão do Cruzeiro, ao seu lado, para reforçar suas palavras.

Henrique e Itair Machado, em 2019, durante entrevista coletiva no Cruzeiro
Henrique em infame coletiva ao lado de Itair Machado – Foto: Vinnicius Silva/Cruzeiro

Após a queda, Henrique foi emprestado ao Fluminense, onde passou a primeira metade da temporada. Sem muito espaço no Tricolor Carioca, o jogador voltou ao Cruzeiro, onde disputou oito partidas na Série B de 2020, até se lesionar e não mais entrar em campo.

Cruzeiro dá destino a encostados e define elenco que termina 2023

Foto de Maic Costa

Maic CostaSetorista

Maic Costa é mineiro, formado em Jornalismo na UFOP, em 2019. Passou por Estado de Minas, No Ataque, Superesportes, Esporte News Mundo, Food Service News e Mais Minas, antes de se tornar setorista do Cruzeiro na Trivela.
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