Cruzeiro paga caro por seus camisas 9 garantirem poucos pontos no Brasileirão
Enquanto os três centroavantes do Cruzeiro garantiram apenas quatro pontos no Brasileirão, os nove de Vasco e Santos têm sido muito mais decisivos
O Cruzeiro chegou na reta final do Campeonato Brasileiro como um dos principais postulantes ao rebaixamento. No Z4, ocupando a 17ª colocação, com 37 pontos em 31 jogos, a Raposa pode até deixar o grupo dos quatro últimos se vencer o jogo que tem a menos em relação aos seus concorrentes, mas ainda assim, o drama celeste deve se arrastar por mais algumas semanas.
Alguns pontos recentes explicam a entrada do Cruzeiro no Z4, mas a campanha ruim do time no Brasileirão como um todo passa por um dado específico: os centroavantes da Raposa garantiram poucos pontos para o time no campeonato, diferentemente do que acontece com alguns dos principais rivais do clube na luta contra o descenso. Santos e Vasco, por exemplo, conseguiram melhora considerável na competição tendo seus “camisas 9” como comandantes da reação.
Quando se fala em “garantir” pontos, falamos de gols decisivos que abrem o placar ou iniciam o caminho para reação nas vitórias, ou que resultam em empates. Ou seja, aquele gol feito pelo centroavante quando o placar já aponta um 3 a 0 a favor no placar não entra nessa estatística.
Claro que qualquer gol é importante no futebol. Não é incomum vermos viradas impressionantes, como já aconteceu inclusive na atual edição do Brasileirão, mas esse dado não deixa de ser relevante, pensando no poder destes jogadores, que ocupam função tão importante dentro do futebol brasileiro, de resolver partidas que sem eles poderiam complicar a equipe.
O Cruzeiro é um exemplo claro dessa ausência, já que em diversos jogos perdeu pontos por não conseguir marcar gols mesmo apresentando rendimento superior que o de seus adversários. Contra o São Paulo, na 31ª rodada, o time celeste foi melhor que os paulistas durante todo o segundo tempo, mas em uma chegada forte ao ataque, o Tricolor marcou com Luciano, garantindo três pontos importantes.
Os centroavantes do Cruzeiro e seus desempenhos
O Cruzeiro teve quatro centroavantes na temporada, sendo que um deles, Matheus Davó, mesmo adquirido com investimento financeiro, deixou o clube antes mesmo do Brasileirão começar. Os outros nomes foram o de Gilberto, hoje afastado do elenco, Henrique Dourado, mais um que saiu da Raposa, e Rafael Elias, o Papagaio, único nome da função no time celeste, atualmente.
Gilberto, contratado para ser o titular da equipe na temporada, fez 20 jogos no Brasileirão e marcou apenas três gols. Destes, pode se dizer que nenhum foi decisivo para os resultados. Contra o RB Bragantino, o atacante marcou o segundo gol celeste na vitória por 3 a 0.
Contra o América-MG, Gilberto fez dois, o terceiro e o quarto na goleada por 4 a 0.
Foi neste jogo contra o América-MG, inclusive, a única vez que um centroavante marcou um gol decisivo para uma vitória cruzeirenses neste Brasileirão. Henrique Dourado fez, de cabeça, o primeiro gol celeste no clássico, o que abriu caminho para a goleada que estaria por vir. Esta foi a única vez que o Ceifador balançou a rede em sua segunda passagem pelo Cruzeiro, na qual disputou 11 jogos.
Rafael Elias, o Papagaio, fez apenas um gol pelo Cruzeiro nos sete jogos que disputou desde que chegou, na janela do meio do ano. O gol do camisa 40 garantiu um pontinho, que por pouco não foram três, contra o Corinthians, no Mineirão.
PAPAGAIO ABRE O PLACAR PRO CABULOSO!
⚽ Vem ver o gol e a comemoração do Rafael Elias!? #CRUxSCCP | 1-0 | ? #FechadoComOCruzeiro pic.twitter.com/UboHgPlAyD
— Cruzeiro ? (@Cruzeiro) August 20, 2023
Papagaio abriu o placar daquele jogo, mas viu, no finalzinho da partida, Gilberto perder uma bola e o Corinthians sair em contra-ataque rápido, no qual Romero bailou em cima da marcação ruim de Palacios e cruzou para Gustavo Mosquito marcar. Empate com sabor de derrota, mas um pontinho na conta de Rafael Elias, como prêmio de consolação.
Vegetti dá as cartas no Vasco
Após um primeiro turno de virtual rebaixado, o Vasco se recuperou no segundo turno e, apesar de ainda ser sério candidato à queda, conseguiu forças para lutar, muito pelo que faz o atacante argentino Pablo Vegetti, de 35 anos.
Vegetti chegou ao cruz-maltino na janela de meio do ano e, desde então, jogou 15 partidas, marcando oito gols e dando uma assistência. A média supera um gol a cada dois jogos.
Em sua estreia, contra o Grêmio, o atacante precisou de 16 minutos em campo para fazer o gol da vitória por 1 a 0. No jogo seguinte, contra o RB Bragantino, marcou o gol vascaíno na partida, antes do empate do Massa Bruta. Contra o Bahia, empatou o jogo, garantindo um ponto. No clássico contra o Flu, desempatou a partida no 1 a 1 e deu a assistência para Gabriel Pec fechar o placar em 4 a 2.
Na goleada sobre o Coritiba, Vegetti fez o terceiro e o quarto gol vascaíno, não entrando em nossa estatística. O Vasco foi goleado pelo Santos por 4 a 1 e o argentino chegou a empatar a partida em 1 a 1, mas o cruz-maltino acabou goleado. Contra o Goiás, marcou o gol que abriu o placar, mas foi expulso e viu o Esmeraldino empatar.
É mais um gol do Vegetti em São Januário!
O Pirata tá muito on ?☠️??✔️#VASxCFC 4️⃣-0️⃣#BrasileiroNaVascoTV#VascoDaGama pic.twitter.com/2rOmYND8FH
— Vasco da Gama (@VascodaGama) September 21, 2023
Assim podemos contar 9 pontos ganhos pelo Vasco com participação direta de seu centroavante, o que permite que o cruz-maltino ainda sonhe com uma permanência na elite do futebol brasileiro.
Marcos Leonardo comanda no Santos, mas Furch contribui
Se no Santos, mais um que reage neste segundo turno de Brasileirão, é Marcos Leonardo que comanda o Peixe, o argentino Julio Furch, de 34 anos, é uma espécie de talismã. O jogador fez apenas dois gols em 16 jogos na competição e é reserva, mas quando balançou a rede, foi muito importante.
Contra o Grêmio, o atacante entrou em campo aos 42 do segundo tempo e aos 45 marcou o gol que daria a vitória ao Santos, por 2 a 1, sobre o Tricolor Gaúcho. Seu segundo gol saiu contra o Bahia. A partida estava empatada e após entrar os 47 da segunda etapa, o centroavante precisou de apenas dois minutos para dar a vitória ao Peixe. Com isso, garantiu duas vitórias, seis pontos, para o alvinegro praiano.
O poder de decisão de Marcos Leonardo no Santos
É fato que Furch ajudou o Santos com seus gols no apagar das luzes, mas o destaque ofensivo da equipe é Marcos Leonardo. O atacante, inclusive, foi quem marcou o primeiro gol nos dois jogos em que o veterano argentino decidiu, tendo participação direta nas vitórias, empatando as duas partidas em que seu time havia saído atrás.
Foram 13 gols e duas assistências em 25 jogos no Brasileirão. O primeiro deles já foi decisivo, logo na terceira rodada da competição, quando fez o gol que deu a vitória ao Santos sobre o América-MG, por 3 a 2. Ele ainda deu uma assistência contra o Cruzeiro, na rodada seguinte, mas seu time foi derrotado. O jogador ainda perdeu cinco rodadas do campeonato nacional ao defender o Brasil no Mundial Sub-20, onde marcou cinco gols e deu uma assistência.
Na vitória santista por 4 a 3 sobre o Goiás, Marcos Leonardo marcou os dois primeiros do Santos, sendo primordial na vitória. Contra o São Paulo, fez o gol de honra na derrota por 4 a 1. No empate em 2 a 2 com o Botafogo, o atacante fez os dois do Peixe. No 1 a 1, contra o Athletico-PR, foi dele o gol santista.
Em seguida, voltou a marcar contra Grêmio e Bahia, já citados. Na goleada por 4 a 1 sobre o Vasco, Marcos Leonardo fez o primeiro, abrindo caminho, e o terceiro gol, quando o placar mostrava 2 a 1 para o Santos. Ele também garantiu o triunfo santista contra o Palmeiras, quando fez o segundo gol do Peixe. A partida terminou em 2 a 1. Por fim, garantiu mais uma vitória ao fazer o segundo gol do 2 a 1 sobre o Coritiba, na 29ª rodada.
É o Marcos Leonardo, Menino da Vila! Mais um gol do artilheiro na temporada. ⚡️ pic.twitter.com/FqoomvyRO1
— Santos FC (@SantosFC) October 27, 2023
Assim, podemos dizer que Marcos Leonardo teve participação direta em 23 dos 38 pontos conquistados pelo Santos neste Brasileirão. Mais da metade dos 45 tidos como “pontuação mágica” para evitar o rebaixamento. Os números são assombrosos e mostram o impacto de se ter um centroavante de impacto na competição.
O Cruzeiro, por sua vez, pena com um ataque improdutivo, único do Brasileirão que não alcançou a marca de 30 gols e, por consequência, o pior de todo o campeonato. Recuperado de lesão e voltando de suspensão, Rafael Elias tem a missão de melhorar esses números para dar maiores esperanças de permanência ao clube celeste.