Cruzeiro: as 5 lições que a derrota para o Palmeiras deixou para Seabra
O time celeste foi derrotado pelo excelente Palmeiras, fora de casa, em jogo marcado por polêmicas de arbitragem

O Cruzeiro já direciona suas atenções para quarta-feira (24), quando enfrentará o Juventude, às 19h, no Mineirão, pela 19ª rodada do Campeonato Brasileiro. Apesar disso, a derrota por 2 a 0 para o Palmeiras, no sábado (20), ainda reverbera.
E o barulho é tão alto que a Raposa entrou com uma representação na CBF contra a arbitragem do jogo que, nas palavras do clube, anulou gol legítimo marcado pelo meio-campista Lucas Silva. O lance aconteceu no final do primeiro tempo e empataria o confronto.
Alexandre Mattos, CEO de futebol do Cruzeiro, já havia dito que iria à entidade, na zona mista após o jogo, e cumpriu a promessa. Segundo ele, o time celeste foi prejudicado. Veja a nota estrelada:
O Cruzeiro protocolou, nesta segunda-feira, o envio de uma reclamação formal à Comissão de Arbitragem da Confederação Brasileira de Futebol, a respeito da atuação do árbitro e a interferência do VAR na anulação de um gol legítimo, ao final do primeiro tempo da partida contra o Palmeiras, no último sábado (20).
Derrota para o Palmeiras deixou lições para o Cruzeiro
Sem dúvidas o assunto que mais reverberou no fim de semana cruzeirense foi a arbitragem, mas para além dela, a partida deixou algumas lições que precisam ser consideradas pelo time de Fernando Seabra.
Apesar de conseguir competir contra equipes fortes, o Cruzeiro tem tido dificuldades para pontuar contra os principais times do campeonato, especialmente quando joga fora de casa.
O gol anulado certamente mudou os rumos de Cruzeiro e Palmeiras, já que no segundo tempo o time celeste se viu encaixotado dentro do jogo que o Verdão mais gosta de fazer: abrir o placar e se organizar de forma que os adversários levem pouco perigo à sua meta, que ainda é defendida pelo excepcional Weverton.
A Trivela separou alguns aspectos que não funcionaram bem contra o Palmeiras:
1. Escape da pressão adversária
O Cruzeiro sofreu com a pressão palmeirense, muito organizada, que transformou a saída de bola em um pesadelo. Foram muitos erros nesse sentido e poucas boas escapadas.
Geralmente, o time celeste consegue sair jogando bem e muitas vezes encontra o adversário desorganizado. Contra o Palmeiras, isso foi raro e é por esse motivo que a Raposa construiu tão pouco durante o jogo.
Sem muita inspiração de seus principais jogadores, o time celeste agrediu pouco e se frustrou em muitos momentos, precisando recomeçar a construção com seus zagueiros ao encontrarem uma defesa muito bem postada.
2. Saída de bola
Normalmente, o Cruzeiro utiliza uma saída de bola curta e foi isso que tentou fazer contra o Palmeiras. Ainda que a pressão palmeirense tivesse recuperado a bola diversas vezes, o time celeste continuou insistindo neste tipo de jogada, que pouco deu certo.
Os treinadores costumam se arriscar neste tipo de lance, pois uma quebra dessa pressão pode ser fatal e decisiva, mas não foi o que se viu contra o Palmeiras e alguns jogadores tiveram muita dificuldade em dar prosseguimento aos lances.
Neste caso, destaco Cássio. A reposição com os pés nunca foi seu forte e ele parece ter problemas para utilizá-la. É provável que sua falta de ritmo de jogo — foi apenas sua segunda partida em quase três meses — influencie nisso, assim como foi como Anderson, que melhorou consideravelmente com o passar dos jogos, mas é um ponto de atenção.
Caso o goleiro não consiga distribuir com maior precisão, Seabra precisará pensar em novos mecanismos para a saída de bola.
O camisa 1 se mostrou bem mais efetivo quando saiu com as mãos e mais certeiro ao “fatiar” bolas, tendo o suporte também das mãos para lançar a bola no ar.

Além disso, o Cruzeiro “preferiu perder a bola” em alguns momentos do que dar um chutão. É entendível pela incapacidade de brigar pelo alto com os volantes e zagueiros do Palmeiras, mas perigoso, dada a área do campo onde as perdas aconteceram.
Outro ponto importante é que a baixa estatura do Cruzeiro faz com que o time perca muitas disputas pelo alto, o que indica que Seabra terá que aumentar a estatura do time.
3. Falta de intensidade no meio de campo do Cruzeiro
Lucas Silva fez um gol que seria muito importante se fosse anulado, mas o Cruzeiro pareceu sentir falta de um meio de campo que atuasse em maior rotação, para sustentar a intensidade palmeirense.
Faltaram triangulações e decisões rápidas para pegar o Palmeiras desorganizado, visto que quando a equipe de Abel Ferreira se monta, fica muito difícil encontrar brechas.
Para a partida contra o Juventude, que deve jogar fechado, uma boa opção seria a utilização de Matheus Henrique na vaga de Lucas Silva e do garoto Vitinho no lugar de Barreal, para o time já se acostumar com um meio mais dinâmico.
4. Jogar sem um ‘9' contra defesas físicas pode ser um problema
O Palmeiras, assim como o Botafogo, adversário do próximo dia 27, são equipes muito físicas em seu setor defensivo e jogar sem um centroavante dificulta muito para o Cruzeiro.
Além de Arthur Gomes e Veron não terem muitas chances de ganhar destes jogadores em disputas físicas, o time fica sem a opção de realizar ligações diretas ou lançar bolas para a área quando a defesa adversária se encontra fechada.
Outro problema é que zagueiros como Gustavo Gómez podem saltar linhas para ajudar os volantes incomodar Matheus Pereira, que passa a não ter espaço, dificultando sua visão de jogo.

A presença de um ‘9' neste tipo de confronto pode ser fundamental, visto que este tipo de jogador segura a dupla de zaga e aí sim, Matheus e os pontas poderão ter confrontos individuais, onde conseguirão ter mais sucesso.
Contra o Palmeiras, faltaram opções, já que Kaio Jorge ainda não tem plenas condições de jogo e Dinenno e Rafa Silva não foram relacionados por estarem se recuperando de lesões. Mas para o futuro será importante apostar nesse tipo de solução, ao menos em parte dos jogos.
5. Falta de concentração
Por fim, o Cruzeiro pecou na falta de concentração em alguns lances e, após dois erros individuais bobos, foi punido. O time celeste errou passes simples nos dois gols palmeirenses, primeiro com William e depois com Robert.
Num jogo tão tenso, detalhes fazem a diferença e o time celeste pecou redondamente neste sentido. Além disso, pareceu haver falta de comunicação entre Robert e João Marcelo no lance que selou o triunfo alviverde.
- - ↓ Continua após o recado ↓ - -
Dinenno, Marlon e Walace são liberados no Cruzeiro
Se a partida contra o Palmeiras não foi das mais felizes para os cruzeirenses, três boas notícias animaram o dia da torcida celeste.
O Cruzeiro informou que o atacante argentino Juan Dinenno, o lateral-esquerdo Marlon e o volante Walace foram liberados pelo Departamento de Saúde e Performance para treinar integralmente com o grupo.
Em breve o trio deve figurar entre os relacionados de Fernando Seabra. Há muita expectativa, em especial, pelo retorno de Dinenno e pela estreia de Walace.