Brasileirão Série A

Como eleição do Internacional pode influenciar na permanência de Coudet para 2024

Eleição para a presidência no final do ano já tem a permanência de Coudet para 2024 como principal pauta

O final de ano do Internacional será agitado fora de campo com a eleição para a presidência do clube. Na última sexta-feira (6), foram oficialmente inscritas duas chapas, lideradas, de um lado, por Alessandro Barcellos, atual mandatário, e, de outro, por Roberto Melo.

A primeira semana de campanha já foi marcada por aquela que deve ser a principal pauta da eleição: a permanência, ou não, de Eduardo Coudet para 2024. Contratado por Barcellos, o treinador tem contrato com o Inter somente até o final deste ano.

Em caso de reeleição, não há dúvida que o desejo do atual presidente é de que o argentino permaneça. Afinal, Coudet sempre foi o treinador dos sonhos de Barcellos. Os dois desenvolveram ótima relação na primeira passagem do treinador pelo Inter, em 2020, e ‘Chacho' só não retornou antes, na gestão iniciada em 2021, porque estava empregado — primeiro no Celta de Vigo, depois no Atlético-MG.

Coudet e Barcellos. Foto: Ricardo Duarte/SC Internacional

Roberto Melo, Marcelo Medeiros e o ‘MIG'

O outro lado é mais complexo. Melo foi um dos responsáveis pela contratação de Coudet para sua primeira passagem. O acerto aconteceu no final de 2019, quando o então vice-presidente de futebol colorado viajou à Argentina para fechar com o treinador campeão nacional com o Racing. Mas o dirigente não permaneceu para o ano seguinte, sendo substituído justamente por Barcellos.

Roberto Melo foi vice-presidente de futebol do Internacional de 2017 a 2019. Foto: Jeferson Guareze/AGIF

Naquela primeira passagem, um dos motivos da saída de Coudet foram as desavenças com o presidente Marcelo Medeiros, que faz parte do Movimento Inter Grande (MIG), o mesmo de Melo. Em entrevistas posteriores, o ex-mandatário criticou abertamente o treinador argentino, especialmente pelo retrospecto negativo em Gre-Nais — curiosamente, quebrado no último domingo (8), com a vitória por 3 a 2 no Beira-Rio.

— Coudet não ganhou um Gre-Nal. Coudet não sabe jogar Gre-Nal. Gre-Nal é diferente de outro jogo. Gre-Nal é não é mais um jogo. O Abel [Braga] sabe, o [Diego] Aguirre também. Gre-Nal é ‘o jogo'. Teve um dia, depois de uma derrota, que eu entrei no vestiário e disse assim: ‘vocês não sabem jogar contra o Grêmio. O Grêmio entrega a bola para nós, vocês continuam jogando do mesmo jeito, e o Renato deita e rola. Rouba a bola e vai para dentro'” — disse Medeiros, em novembro de 2021, ao podcast “Dus 2”.

Em contato recente com o GE, Melo disse que gosta do trabalho de Coudet e, até por isso, o monitorou e buscou em 2019. Também afirmou que mudar de treinador pode ser “traumático” e que, quando possível, a continuidade é sempre a melhor opção.

Desejo de Coudet será decisivo

Entretanto, um ponto fundamental para a permanência do argentino será seu próprio desejo. Ele estaria disposto, por exemplo, a trabalhar com Melo e seu grupo político?

De acordo com informação do repórter Lucas Collar, Coudet recebeu, na última segunda-feira (9), convite para retornar ao Racing, que demitiu Fernando Gago. O treinador do Inter recusou a proposta.

Considerando a proximidade do término do contrato, é possível que Coudet receba assédio de outras equipes. Especialmente pela boa campanha na Libertadores, em que conduziu o Colorado de volta a uma semifinal após oito anos, sendo eliminado pelo Fluminense.

Apesar do bom desempenho, trabalho ainda sofre algumas críticas

A campanha na competição continental, em que deixou para trás River Plate e Bolívar, para muitos já seria suficiente para o Inter renovar contrato com o treinador. Soma-se a isso um time protagonista, como Coudet gosta de dizer, que propõe o jogo e cria diversas oportunidades de gol — as quais precisam ser melhor aproveitadas para que o grande volume de jogo se transforme em mais vitórias, e tranquilas.

Ainda assim, o treinador não é unanimidade entre os colorados. Alguns ainda têm pé atrás devido a polêmicas da primeira passagem, como escalações controversas e a saída conturbada para o Celta de Vigo. Mais recentemente, Coudet foi criticado por não ter fechado o time quando estava vencendo o Fluminense, no Beira-Rio. E a campanha no Campeonato Brasileiro, aquém do tamanho e investimento do Inter, também incomoda.

Situação no Campeonato Brasileiro

A primeira vitória do treinador em Gre-Nal colocou o Inter na 12ª colocação do Brasileirão, com 32 pontos. A distância para a zona de rebaixamento aumentou para cinco pontos. Agora, o Colorado mira uma vaga na Libertadores, embora o Fortaleza, último time do G-6, tenha 10 pontos a mais. Disputar a principal competição do continente mais uma vez em 2024 é outro elemento a considerar para a possível manutenção de Coudet.

Foto de Nícolas Wagner

Nícolas Wagner

Gaúcho. Formado em Jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Antes de escrever pela Trivela, esteve na Rádio Grenal e na RDC TV. Também é coordenador de conteúdo da Rádio Índio Capilé.
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