Negacionismo do Corinthians no Campeonato Brasileiro parece ter terminado depois de empate caótico com o Grêmio
Empate em 4x4 com os gaúchos expôs ainda mais as fragilidades de um Corinthians que não consegue melhorar sob Luxemburgo
Seis minutos. Esse foi o tempo que o Corinthians levou para conseguir empatar e depois virar o placar contra o Grêmio, nesta segunda-feira (18), em um jogo tão louco como histórico em Itaquera. A reação alvinegra, contudo, não foi suficiente para que o time comandado por Vanderlei Luxemburgo conseguisse a primeira vitória em cinco jogos.
A reação e os quatro gols marcados pelo Corinthians fizeram a Neo Química Arena pulsar, o torcedor que esteve presente sequer conseguia respirar com tantas reviravoltas na partida. Porém, o empate em 4×4 ficou longe de ser satisfatório, já que o time jogava em casa e, além disso, precisava de uma vitória para tentar subir ao menos duas posições na tabela do Campeonato Brasileiro.
Mesmo se forcarmos a análise na produção ofensiva do Corinthians, os quatro gols marcados diante do Grêmio não retratam uma postura organizada e consistente da equipe paulista. O Timão precisou correr atrás do empate duas vezes, uma no começo da partida, quando o Grêmio já ganhava por 2 a 0, e depois no final, quando estava 4 a 3 para os gaúchos.
Negacionismo de Luxemburgo e elenco parece ter chegado ao fim
Finalmente, ao que parece, Luxemburgo e o elenco entenderam que a situação no Brasileirão está longe de ser confortável para o Corinthians. Nas entrevistas anteriores, tanto o treinador quanto os jogadores evitaram falar sobre pressão para sair de perto da zona de rebaixamento, sobre mudança de postura e a necessidade de reagir na competição.
Porém, agora a luz amarela foi acesa tanto para os jogadores quanto para Luxemburgo, que finalmente admitiu estar incomodando com a situação da equipe que dirige:
– Não tenha dúvida que estou incomodado, se não estiver tem alguma coisa errada. Temos que entrar para ganhar, precisamos fugir dali, estamos a só três pontos da zona do rebaixamento. Tem que incomodar a mim e aos jogadores, incomodar todo mundo para podermos avançar. Está incomodando, tem que incomodar, disse o treinador em coletiva.
Talvez a mudança de postura do comandante alvinegro tenha origem no fim de uma esperança que ele nutria há tempos. Isso porque o duelo contra o Grêmio era válido ainda pela 15ª rodada do Campeonato Brasileiro. O “jogo a menos” em relação aos rivais era constantemente citado por Luxemburgo como um trunfo para subir na tabela.
Sem a aguardada vitória e com o triunfo do Santos sobre o Bahia, o Corinthians agora não tem como fugir da sua dura realidade no Brasileirão. Prova disso foi a fala de Cássio na zona mista.
– Temos que parar de falar de Sul-Americana, temos que focar no Campenato Brasileiro. Quando chegar o momento, vamos nos preparar. Não podemos falar disso [semifinal contra o Fortaleza] tendo jogos importantes pela frente, o jogo mais importante é sempre o próximo. O foco é 100% no Botafogo, independente de quem vai estar.
Reações heróicas têm garantido o sempre ameaçado Luxemburgo
Luxemburgo vem sendo pressionado há muito tempo por conta dos resultados e do desempenho nada satisfatórios do Corinthians. Viradas na Copa do Brasil e atuações valentes na Sul-Americana têm garantido sobrevida ao trabalho do treinador.
Vale lembrar que o clube paulista virou eliminatórias diante do Atlético-MG e do América-MG pela Copa do Brasil e, na Sul-Americana, garantiu classificações mesmo quando jogou pior diante de Newells Old Boys e Estudiantes.
Nem mesmo esses resultados e a presença na semifinal da Sul-Americana parecem encobrir o mal trabalho de Luxemburgo no Corinthians. A diretoria vem sofrendo críticas por respaldar o treinador sem uma melhora considerável em campo, fato que nem sempre aconteceu com outros técnicos.
Antes mesmo do jogo caótico que expôs ainda mais a confusão que hoje é o Corinthians em campo, Luxemburgo foi vaiado pelos presentes na Neo Química Arena quando teve seu nome anunciado. Após o empate, ele pareceu ter entendido que precisava abandonar a postura combativa diante da imprensa.
– Sou o técnico do Corinthians e o Corinthians não está bem. Não tenho dúvida que vai vir para cima de mim. Desde sempre é assim no Brasil. Quando cheguei em 1998 para disputar o Campeonato [Brasileiro] que ganhamos, a torcida foi em Atibaia [local onde o treinador escolhia para períodos de treinamentos mais longos com o elenco]. É o Corinthians, cara. Se não estiver ganhando, vão fazer pressão. Agora, se ganharmos, vão gritar ‘Luxemburgo'. Eu não gostaria que fosse dessa forma, mas o técnico brasileiro hoje só tem uma única chance: ganhar. Se não ganhar, ele está perdido.