Brasileirão Série A

Botafogo: coletiva de Bruno Lage tem soco na mesa e palavrão depois de derrota

Técnico do Botafogo, Bruno Lage se exaltou após a derrota para a Corinthians e, mais uma vez, tenta puxar a pressão das derrotas para si

Após a quarta derrota seguida do Botafogo na temporada – a terceira no Campeonato Brasileiro -, a coletiva do técnico Bruno Lage teve direito a soco na mesa, palavrão e apelo para a torcida não deixar de apoiar o time. Assim como na entrevista após a derrota para o Flamengo, quando anunciou que estava deixando o cargo à disposição, o treinador parece querer tirar a atenção dos jogadores e dos resultados em campo, e puxar a pressão para si depois da derrota por 1 a 0 para o Corinthians, na Neo Química Arena.

E talvez possa funcionar para, de fato, chamar a atenção para si. Mas, de certa forma, também parece aumentar ainda mais a pressão e a desconfiança sobre o seu trabalho no comando do clube neste momento de instabilidade no Brasileirão. Na noite desta sexta-feira, por exemplo, Bruno Lage foi enérgico ao apelar para a torcida seguir apoiando o time mesmo com os resultados negativos.

— Puxem para cima agora, é do que eles (jogadores) precisam. O torcedor do Botafogo é apaixonado, de um clube grande, mas na primeira rodada estavam lá 10 mil. Agora estão 50, 60 mil a empurrar esse time. Foram eles (jogadores) que puxaram para cima. Agora eles precisam desse carinho. E não que “olha, vamos entregar o ouro, vamos perder”. Não, c******! Acreditem como nós, porque eles acreditam. Estavam com 10 jogadores a correr, p****. Deram a vida pelo capitão, que teve que sair aos 25 minutos. Agora é o momento de estarmos todos juntos. Se tiverem que bater, batam em cima do treinador, sem problema nenhum. Segundo turno é difícil, as equipes já sabem como o Botafogo joga, as virtudes, como podem nos atacar. Faz parte do nosso trabalho, do meu trabalho, entender como vamos ganhar. E vamos ganhar! — afirmou Bruno Lage durante a resposta em que deu um soco na mesa da sala em que acontecia a entrevista coletiva.

Em outro momento, o próprio Bruno Lage admitiu que estava sendo assertivo ao reforçar o pedido para que a torcida siga mandando boas energias ao time. E também se exaltou ao falar sobre o próprio comportamento na beira do gramado, que já foi questionado por aparentar ser muito calmo.

— Da mesma maneira que eu estou assertivo aqui, vocês entendam que é a forma que eu estou. As pessoas dizem: “Olha, como ele é parado na área técnica”. Sou parado porque estou me controlando. É assim que eu trabalho todos os dias com meus jogadores, passando energia positiva. Passem também, torcedores. Se tiverem que apontar o dedo, apontem para mim, sem problema nenhum. É no Bruno, é no Bruno, é no Bruno. Deem carinho máximo para eles, não exponham mais pressão ou mais ansiedade, deem liberdade total para eles jogarem o jogo — disse Lage.

No fim da coletiva, é importante ressaltar, Bruno Lage pediu desculpas, mais de uma vez, pelo soco na mesa e pelo palavrão falado durante a entrevista.

Bruno Lage evita falar em “sinal de alerta”

Logo na primeira pergunta da coletiva, Bruno Lage já mostrou um pouco assertividade. Questionado sobre Tchê Tchê ter falado que era o momento de ligar o “sinal de alerta”, o treinador “repassou” a pergunta para o próprio jogador.

— Foi o Tchê Tchê que falou, Tchê Tchê que pode responder o que significa o sinal de alerta. Hoje o que nós sentimos é isso, até mesmo fora, o adversário tem um enorme respeito. E nós temos que ter essa dimensão de campeão, e perceber quais são os passos das equipes que jogam contra nós. Fomos contra o Atlético-MG, jogaram atrás, e aqui a mesma coisa, perceberam que éramos muito fortes em transição, em blocos, com saída rápidas. Se o sinal de alerta é isso, temos que perceber o que precisamos fazer quando tivermos a posse de bola. Os adversários viram o Botafogo jogar seis meses, e agora temos que perceber onde estão os espaços para darmos continuidade ao nosso jogo — disse Bruno Lage, antes de completar, em outra resposta, sobre a sequência negativa do time e como o clube pode tentar mudar esse cenário.

— O sinal vermelho são as derrotas. Mas isso já tem vindo antecipar um pouco a equipe desde o início, quando eu cheguei. Quem está do outro lado, também estuda o nosso adversário. E não está a dar o espaço que nós criávamos. Nós temos que continuar a trabalhar e também jogar da maneira que é: ter o espaço para jogar, não ter espaço nas costas e, quando o adversário nos oferece o espaço, para construir. Nos jogos anteriores, em dois, três passes a gente estava dentro da área. Quando agora o adversário joga em bloco baixo, não conseguimos fazer isso de estar em dois, três passes. Temos que desmontar com posse, criar outro tipo de jogo. E é ter as duas coisas. A equipe tem trabalhado muito bem nisso. Com o Flamengo fez um bom jogo, criando oportunidades desta forma — finalizou o treinador.

Foto de Gabriel Rodrigues

Gabriel RodriguesSetorista

Jornalista formado pela UFF e com passagens, como repórter e editor, pelo LANCE!, Esporte News Mundo e Jogada10. Já trabalhou na cobertura de duas finais de Libertadores in loco. Na Trivela, é setorista do Vasco e do Botafogo.
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