Botafogo: Bruno Lage tem problemas para resolver dentro e fora de campo
Foram quatro dias de folga e agora, no retorno, Botafogo e Bruno Lage terão de sentar para entender como resolver problemas

Depois de quatro dias de folga, o Botafogo se reapresentou na última quarta-feira de olho na sequência do Campeonato Brasileiro. O elenco vai ter oito dias de trabalho até a partida contra o Atlético-MG, no dia 16 de setembro, na Arena MRV, pelo Campeonato Brasileiro. Tempo suficiente para o técnico Bruno Lage tentar ajustar detalhes no time depois da primeira derrota no Nilton Santos, na última rodada, no clássico com o Flamengo. E tentar espantar qualquer resquício de crise que tenha ficado após a turbulência causada pelo próprio treinador.
O Botafogo já encara a situação do técnico Bruno Lage como resolvida. Depois da derrota para o Flamengo, o treinador afirmou que estava deixando o cargo à disposição da diretoria e abandonou a coletiva de imprensa, pegando todos de surpresa. Pouco depois, em um reunião informal, a diretoria e Bruno Lage se entenderam e o técnico segue no comando do time. Mas o burburinho causado pelo português mexeu, ao menos por algumas horas, com a torcida alvinegra.
A diretoria de futebol do Botafogo encarou a situação, ao menos publicamente, como um desabafo de Bruno Lage. Em recente entrevista ao “GE”, o diretor André Mazzuco afirmou que o técnico “não soube se expressar”. O clube entende que o português tentou blindar ao elenco e chamar as críticas para ele, e não para os jogadores – especialmente alguns atletas mais jovens que foram criticados recentemente, como JP, Júnior Santos e Segovinha.
— Até nos pegou de surpresa. Conversando depois com ele, ele não soube se expressar. Foi muito mais um desabafo da parte dele. Ele entende a responsabilidade que tem, como a gente tem. Para ele, também é difícil chegar a um ambiente que está funcionando. E a gente sabia que haveria oscilações, uma derrota, enfim, isso ia acontecer — afirmou André Mazzuco ao “GE”, no começo da semana.
Mas, se Bruno Lage já sofria com algumas (poucas) críticas por algumas escolhas no time e as atuações da equipe, o técnico foi ainda mais “cornetado” pela maneira como lidou com essa suposta pressão e por ter deixado o cargo à disposição apenas 12 jogos depois de assumir o time. Porém, se o Botafogo encara o tema como assunto encerrado, os próximos dias e a sequência do Brasileirão irão mostrar se, de fato, está tudo certo no clube e com o treinador.

Bruno Lage também precisa fazer ajustes, principalmente, dentro de campo
A pressão que Bruno Lage tanto cita por parte da torcida do Botafogo, de fato, existe. Mas, como em praticamente todo clube do mundo, essa pressão por resultado e para manter o embalo em um time que é líder de um campeonato é inerente a profissão e pode ser superada com resultados ou, ao menos, com bom desempenho da equipe. E, para isso voltar, o português precisa fazer alguns pequenos ajustes no time.
É fato que, antes de Bruno Lage chegar, o Botafogo não jogava bem 100% das vezes. Mas o nível das atuações caiu. A defesa, por exemplo, que ainda é um dos pontos fortes do time, ficou mais frágil. No entanto, o principal problema da equipe agora está pelos lados e na criação de jogadas. A escolha por JP e Segovinha, juntos na direita, contra o Flamengo, se mostrou errada. Contra o Defensa y Justicia, na Sul-Americana, a escalação de Marçal como titular, voltando de lesão, também não se justificou.
Aliás, contra o Defensa y Justicia, no jogo que determinou a eliminação do Botafogo na Sul-Americana, Bruno Lage testou Tchê Tchê aberto pela direita, o que também não se mostrou eficiente, dando espaço para o time adversário e pouco conseguindo ajudar ofensivamente.
A escolha por esse jogador que atue aberto na direita tem sido um desafio para Bruno Lage. Enquanto Victor Sá e Luís Henrique conseguem fazer uma boa disputa na esquerda, do outro lado o técnico tem encontrado dificuldade em achar um nome ideal. Segovinha foi titular nas últimas duas partidas, mas não correspondeu. Antes de ser negociado, Gustavo Sauer chegou a ser usado na posição, enquanto Júnior Santos, que já foi titular, perdeu espaço com o português.