Brasileirão Série A

Zé Ricardo vai contra própria promessa e gera desgaste no Cruzeiro

Zé Ricardo vem sendo questionado por torcedores e imprensa sobre as escassas chances aos jovens da base do Cruzeiro, indo contra sua própria promessa

O treinador Zé Ricardo chegou ao Cruzeiro prometendo utilizar os jogadores da base do clube, que viriam, após sua contratação, a conquistarem os títulos da Copa do Brasil e do Campeonato Mineiro sub-20. Com histórico de lançamento de jovens atletas, o técnico alimentou a esperança de melhores dias para os garotos no time principal, visto que Pepa, ex-comandante celeste, recebeu muitas críticas por insistir em peças que não vinham entregando futebol ao invés de apostar nas crias da Toca da Raposa.

— Temos uma comissão técnica muito competente, de todos os profissionais aqui, da categoria de base, o Fernando Seabra, com o sub-20, e o Fernando Oliveira, com o sub-17. Hoje mesmo utilizarei esses meninos, que vão trazer juventude, energia. Creio que eles serão muito importantes pra gente, temos que treinar com a intensidade dos jogos. Não podemos perder isso em nenhum momento — disse Zé Ricardo em sua coletiva de apresentação.

Hoje, 6 de novembro, após exatos dois meses de sua apresentação, a subutilização de jovens da base cria certo desgaste para o comandante celeste, que passa a ser questionado por isso. Para se ter ideia, o treinador recebeu pelo menos três perguntas que abordaram o tema durante a entrevista coletiva após a derrota para o Internacional, por 2 a 1, nesse domingo, em partida válida pela 32ª rodada do Campeonato Brasileiro.

— Estamos tentando ter um pouco de cuidado. É um momento sensível e colocar todos os jovens ao mesmo tempo pode ser prejudicial para eles, pelas cobranças que vão acontecer. Estamos utilizando os garotos. Todos os jogos têm um ou dois jogando ou entrando. Temos o costume de achar que quem está fora é a solução e isso pode causar ainda mais instabilidade — justificou o treinador, numa de suas respostas, após o jogo em questão.

Com campanha instável no Brasileirão, o Cruzeiro chega na reta final da competição ainda com sérios riscos de rebaixamento. Assim, muitos jogadores acabam sendo questionados por suas atuações e temporada no geral. Isso, somado a boa temporada da base celeste faz com que, cada vez mais, os torcedores cobrem nomes dos times sub-20 e sub-17 no time principal.

Fernando recebe poucas chances no Cruzeiro

Além disso, quando esses nomes foram acionados, não decepcionaram. Contra o Atlético-MG, Kaiki e Japa foram bem, Robert teve boa atuação contra o Inter. Mas, entre esses, o mais pedido é Fernando, que teve alguns poucos minutos na derrota contra o Flamengo.

Artilheiro do ano no sub-20, com 26 gols, o atacante de 18 anos subiu para o time profissional após a conquista da Copa do Brasil da categoria, juntamente com outros cinco destaques daquele time: o zagueiro Ruan Santos, os meio-campistas Japa e Henrique Rodrigues, e os pontas Robert e João Pedro. A Trivela fez um especial contando um pouco sobre cada um dos nomes e suas características.

Como foi o principal nome da campanha, naturalmente o atacante passou a ser pedido pelos torcedores, que queriam ver mais do jogador em campo. Mas, após o jogo contra o Flamengo, ele chegou a ser relacionado contra Atlético-MG e Bahia, só que não entrou em campo. Depois disso, não foi para mais nenhum jogo. Zé Ricardo comentou sobre a escolha após a partida contra o Inter.

— O Fernando é um jogador que joga pelo lado do campo, assim como o Robert, que vem treinando muito bem e entrou nos dois últimos jogos. O Fernando tem apenas 18 anos, não é da posição do Papagaio (Rafael Elias), tem dificuldade em jogar de costas, e a gente entende que para esse jogo, a gente não sabe para a sequência, tem alguns jogadores que poderiam cumprir, como o Arthur Gomes, que fez, fez bem, acho que foi uma das melhores apresentações do Arthur. Vai ser dada a oportunidade para o Fernando, mas a gente tem que ter calma para não queimar etapas — falou Zé Ricardo.

Jovens realmente têm jogado pouco?

Desde que o Cruzeiro promoveu os seis jovens da base, na segunda-feira, dia 16 de outubro, foram cinco partidas disputadas, contra Flamengo, Atlético-MG, Bahia, São Paulo e Internacional.

Contra o Flamengo, jogou Kaiki, lateral-esquerdo que já vem no time principal do Cruzeiro de outras temporadas, improvisado como ponta. Ele começou como titular. Também iniciou a partida o volante Ian Luccas, promovido por Paulo Pezzolano, no início da temporada. Aos 40 do segundo tempo, com o rubro-negro vencendo por 2 a 0, Fernando entrou.

No clássico contra o Atlético-MG, foi a vez de Kaiki ser titular na ala esquerda, substituindo o titular Marlon, que estava suspenso. O bom jogo do garoto rendeu elogios, mas ele se lesionou, sendo substituído por Japa, que também foi bem.

As chances para a base diminuíram contra o Bahia. Ian Luccas foi chamado aos 48 da etapa final, junto com Fernando Henrique, este outro jovem, mas formado no Grêmio.

Robert entrou contra o São Paulo, aos 43 do segundo tempo, com o time já perdendo. Ele voltou a ser utilizado contra o Internacional, indo a campo aos 35 da etapa final, juntamente com Ian Luccas.

Assim, podemos notar um padrão: os jovens têm entrado, mas no máximo dois de cada vez, como disse o próprio Zé Ricardo, e sempre nos minutos finais, exceto quando foi um caso de maior urgência, como na ausência de Marlon e na lesão do próprio Kaiki.

Além do que diz o campo, que determinados jogadores, titulares e reservas, não têm rendido, o próprio Zé Ricardo criou a expectativa de usar a base, o que não tem acontecido de forma consistente. Por isso, ele terá que lidar com esses questionamentos.

E claro, sem pensar que jovens inexperientes precisam ser a solução de um clube que faz temporada pífia, é possível se segurar nas próprias palavras do treinador: “Esses meninos que vão trazer juventude, energia. Creio que eles serão muito importantes pra gente, temos que treinar com a intensidade dos jogos. Não podemos perder isso em nenhum momento”.

Foto de Maic Costa

Maic Costa

Maic Costa nasceu em Ipatinga, mas se radicou na Região dos Inconfidentes mineiros. Formado em Jornalismo na UFOP, em 2019, passou por Estado de Minas, Superesportes, Esporte News Mundo e Mais Minas. Atualmente, escreve para a Trivela e para o Futebol na Veia.
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