Brasileirão Série A

Abel tem explicação para mau futebol do Palmeiras. Mas, contra o Botafogo, não cola

Pelo segundo jogo, o agora líder do Campeonato Brasileiro foi inferior ao adversário, mesmo vencendo

A vitória sobre o Atlético-GO foi o segundo jogo seguido em que o Palmeiras foi inferior ao seu adversário.

De ambos, saiu com vitórias que o levaram à ponta do Campeonato Brasileiro. Mas até a bandeira de escanteio do Allianz sabe que essa bolinha de Salvador e Goiânia será insuficiente para encarar o Botafogo na terça-feira (26).

Na entrevista coletiva após o 1 a 0 contra o rebaixado Dragão, Abel deu sua esbravejada de sempre, ao explicar o porquê de duas partidas tão irregulares. Mas, antes, reconheceu que chegou a temer perder o jogo.

— Não posso dizer que não que não senti (receio), porque o futebol é mágico. No futebol, um arremate de fora da área, um sobressalto, um gol-contra. Isto tudo pode acontecer — disse o técnico.

Condições climáticas atrapalharam o Palmeiras

Abel colocou na chuva, parte da responsabilidade pela apresentação ruim. Bem como nas dificuldades do gramado e das condições climáticas — também do jogo contra o Bahia:

— Estava no hotel, e começou chover dentro do meu quarto. Eu disse: ‘tem que buscar umas toalhas'. Comecei a rezar para que o campo se portasse minimamente bem. E acabamos por ter sorte, mas (ficou) um campo pesado, duro — disse.

— Já tinha sido um jogo extremamente difícil na Bahia. Campo difícil, calor, desidratação da equipe é absurda (…) Vamos ser sinceros, o importante é ganhar. O importante agora. Ninguém se vai lembrar que somos o melhor ataque, somos a melhor (defesa) Ninguém se vai lembrar. O que se vai lembrar é das Vitórias. E, hoje, era preciso sair do corpo em função do não só do nosso adversário mas, sobretudo, do maior adversário que, na minha opinião, hoje, foi o gramado, pelo peso — completou.

O aspecto psicológico do Palmeiras

A esbravejada da noite veio quando um repórter lhe perguntou sobre as correções necessárias para encarar o Botafogo, diante do fato de o Palmeiras ter encerrado a partida sofrendo enorme pressão do último colocado disparado do Brasileirão.

— Eu acho isso muito interessante, que vocês falam. Há um aspecto que ninguém toca, que é o lado mental, que é ninguém toca nisso, porque ninguém sabe. Ninguém mais que os jogadores sentem a pressão de ser obrigado a ganhar, e ninguém toca nisso e isso de fato… é preciso saber lidar com esses momentos — disse ele.

Abel falta com a verdade. Não existe uma entrevista em que o aspecto mental do Palmeiras não é mencionado. O lema de sua equipe é simplesmente “Cabeça fria, coração quente“. Então é lógico que o aspecto mental do time do Palmeiras é sempre considerado. Mas o português seguiu:

— Às vezes, quando olham para os jogadores, acham que nós somos máquinas, que os jogadores são máquinas. O que eu queria, o que eu pedia aos jogadores, era para chegar aqui, pôr a bola no chão, não deixar o Goianense sair de lá e fazer três ou quatro gols. Isto foi que eu pedi aos meus jogadores. Isto foi o que eu pedi aos meus jogadores. Só que os meus jogadores têm emoções. Tem o adversário. Só que vocês nunca metem isso na equação — continuou.

Tá ok, mas é preciso melhorar

Tanto isso não é verdade, e que o adversário é sim considerado, que todos sabem que o futebol apresentado nas última duas rodadas não é suficiente para encarar o Botafogo na terça-feira.

Porque se já foi complicado emocionalmente enfrentar o Bahia, que vinha de cinco jogos sem vencer, e o Atlético-GO, rebaixado, jogar contra o time que liderou mais de 20 rodadas do Brasileiro, finalista da Copa Libertadores e algoz do próprio Palmeiras, será ainda mais complicado.

A favor do Palmeiras, joga o fato de o Botafogo também estar em um claro momento emocional complicado, vindo de três empates que permitiram ao Palmeiras assumir uma liderança que era administrada pela equipe há 19 rodadas.

E às vésperas de jogar o jogo mais importante de sua história: a final da Libertadores, contra o Atlético-MG, no dia 30.

Foto de Diego Iwata Lima

Diego Iwata LimaSetorista

Jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero, Diego cursou também psicologia, além de extensões em cinema, economia e marketing. Iniciou sua carreira na Gazeta Mercantil, em 2000, depois passou a comandar parte do departamento de comunicação da Warner Bros, no Brasil, em 2003. Passou por Diário de S. Paulo, Folha de S. Paulo, ESPN, UOL e agências de comunicação. Cobriu as Copas de 2010, 2014 e 2018, além do Super Bowl 50. Está na Trivela desde 2023.
Botão Voltar ao topo