Brasil

Cada vez mais ídolo, Calleri não cansa de decidir para fazer o São Paulo voltar a ser São Paulo

Calleri amplia rótulo de carrasco do Corinthians e quer São Paulo ambicioso para vencer Supercopa do Brasil

Decidiu na final da Copa do Brasil, decidiu de novo na primeira vitória em um Majestoso na Neo Química Arena. Calleri fala com a propriedade de poucos quando o assunto é empilhar feitos inéditos pelo São Paulo. O centroavante que veste a camisa do clube como um torcedor em campo, também dá voz ao sentimento dos são-paulinos diante das câmeras e do microfones.

Calleri é ídolo da torcida do São Paulo pelos gols, pela entrega e também pelas palavras, em um português ainda muito carregado de um espanhol portenho. A entrevista que ele concedeu minutos após marcar um dos gols que quebraram o tabu em Itaquera na vitória por 2 a 1 sobre o Corinthians, na última terça-feira (30), pelo Campeonato Paulista, é uma prova disso.

O argentino poderia muito bem surfar na onda de mais um gol decisivo pelo clube, anotado em um clássico histórico. Mas preferiu – acredite – adotar um tom mais corriqueiro para falar de uma vitória inédita esperada há quase dez anos pelos torcedores. Atitude e palavras de quem sabe que entrar para a história não é vencer partidas, mesmo contra um rival que estava engasgado, mas sim, vencer campeonatos. Como a Copa do Brasil também inédita que ele ajudou o clube a conquistar.

“Entrar na história é sair campeão da Copa do Brasil. Hoje foi um bonito jogo, Corinthians não vem muito bem e conseguimos a vitória. Tomara que o São Paulo volte a ser o que foi 15, dez anos atrás. Que volte a ser campeão normalmente e que todos que estão aqui fiquem contentes de vestir essa camisa, porque para nós é um privilégio” (Calleri)

Este Calleri autor do gol da vitória por 1 a 0 sobre o Flamengo na final da Copa do Brasil e do gol que abriu caminho para a quebra do tabu quer eternizar ainda mais seu nome na galeria de ídolos do clube. E fala como quem trabalha para isso. Ao dizer que o São Paulo precisa voltar a ser o que era 15 anos atrás, a sua ambição é transformar os títulos não em feitos inéditos, mas em rotina do Tricolor.

– A torcida nos abraçou no ano passado no pior momento do time. A gente conseguiu ganhar a Copa do Brasil que ninguém acreditava. Vocês não acreditavam que a gente ia passar pelo Palmeiras, passamos pelo Corinthians, do Flamengo, falaram que os caras iam nos amassar. A gente conseguiu levantar a taça. Demos uma demonstração que o São Paulo voltou a ser São Paulo. O tabu foi quebrado e que a gente nunca mais fale que o São Paulo não ganhou – afirma Calleri.

Domingo é mais importante do que a terça-feira

Tanto isso é verdade, que o argentino já falava do tabu em Itaquera como algo do passado ainda nos corredores da Neo Química Arena. E o mesmo vale para o título inédito da Copa do Brasil, ainda fresco na memória de muitos são-paulinos. Minutos após decidir em Itaquera, Calleri começava a projetar o duelo com o Palmeiras, no próximo domingo (4), às 16h (horário de Brasília), no Mineirão, pela Supercopa do Brasil. Nas palavras do ídolo: este, sim, é o clássico mais importante da semana.

– A gente acreditou e foi campeão. Quebramos o tabu da Copa do Brasil, quebramos o tabu da Arena. Vamos por mais, domingo é mais importante do que hoje. Vamos fazer o máximo possível para que o São Paulo volte a ser o que foi 10 anos atrás, quando era campeão normalmente – ressalta.

O duelo com o Palmeiras, aliás, acirra uma rivalidade crescente entre os dois clubes, repleta de confrontos decisivos nos últimos anos. Para Calleri, as duas equipes chegam à decisão em condição de igualdade, mas com leve vantagem do Alviverde por ter um trabalho de anos com Abel Ferreira.

– Sempre tento trabalhar o máximo possível, mas não dá para eu estar na minha melhor fase com 23 dias de pré-temporada. Precisamos de mais tempo, mas acho que os dois times estão do mesmo jeito (fisicamente). Eles ganharam um Paulista, nós eliminamos eles na Copa do Brasil. Eles não gostam de jogar contra a gente, sabemos que são um time entrosado, com um grande treinador, grandes jogadores. Qualquer um dos times pode levar a taça. Acho que eles têm um pouco mais de vantagem porque se conhecem há mais tempo e tem melhor time. A responsabilidade é deles, vão precisar ganhar da gente. Tomara que a gente faça o melhor para levar a taça ao Morumbi

No Majestoso, pode tocar no Calleri, que é gol(s)

Em Itaquera, Calleri deu uma amostra de que pegou gosto por jogos decisivos. O gol que abriu o placar foi o seu primeiro na temporada e desde a cirurgia no tornozelo esquerdo, feita ainda no segundo semestre de 2023. Agora, o gol está longe de ser o seu primeiro em Majestosos. O argentino já marcou seis vezes e deu uma assistência em 12 clássicos disputados. O Corinthians é seu rival favorito na carreira.

– Muito feliz por voltar a fazer um gol. Passei meses muito difíceis depois da lesão que tive. Fiz cirurgia, fazia tempo que não conseguia jogar como eu queria. Por sorte, consegui fazer um gol em um estádio bonito, em um time que sempre gosto de jogar. Muito feliz de quebrar o tabu, que a gente tanto fala – celebra o argentino.

Próximos jogos do São Paulo

  • Palmeiras x São Paulo – Supercopa do Brasil – domingo, 04 de fevereiro, 16h00 (horário de Brasília)
  • São Paulo x Água Santa – Campeonato Paulista – quarta-feira, 07 de fevereiro, 21h35 (horário de Brasília)
  • Ponte Preta x Corinthians – Campeonato Paulista – sábado, 10 de fevereiro, 18h00 (horário de Brasília)
Foto de Eduardo Deconto

Eduardo DecontoSetorista

Jornalista pela PUCRS, é setorista de Seleção e do São Paulo na Trivela desde 2023. Antes disso, trabalhou por uma década no Grupo RBS. Foi repórter do ge.globo por seis anos e do Esporte da RBS TV, por dois. Não acredite no hype.
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