Brasil

Bloqueio criativo de medalhões do ataque preocupa até o mais otimista no Flamengo

Quinteto que marcou geração vitoriosa do Flamengo vive jejum de gols com bola rolando e traz incerteza para futuro do ataque com Tite

Desde 2019, o Flamengo esbanja números impressionantes no ataque, de certa forma surreais para o futebol brasileiro. Recheado de craques, como Gabigol, Arrascaeta, Everton Ribeiro, Bruno Henrique e Pedro, o Rubro-Negro tem ultrapassado a marca dos 100 gols com frequência. Esse DNA ofensivo do clube, contudo, se perdeu um pouco em 2023.

Ao analisar os medalhões citados, vemos que o bloqueio criativo dos principais jogadores é real. Nenhum deles conseguiu marcar gol com a bola rolando há pelo menos um mês, com o jejum de alguns perdurando desde junho. O cenário preocupa, visto que são os mesmos nomes que levaram o Flamengo a duas conquistas da Copa Libertadores, além de Copa do Brasil, Brasileirão e outros.

Falta de criatividade dos craques preocupa o Flamengo

Arrascaeta e Everton Ribeiro são símbolos de um meio-campo genial do Flamengo nos últimos anos. Contratados para serem pilares, eles entregaram tudo e mais um pouco, mas o 2023, assim como para o restante do elenco, não foi bom. Os números estão aí, mas a performance dentro de campo foi abaixo da expectativa, além de lesões minarem chances de boa sequência.

No campo das assistências, até que a dupla vai bem. São sete de Everton Ribeiro e oito de Arrascaeta, números próximos às outras temporadas no Flamengo. O que pega é a quantidade de gols, já que ambos vivem os anos menos artilheiros pelo clube. Com a bola rolando, a fase é ainda pior: o camisa 7 não marca desde o fim de junho, enquanto o uruguaio, desde agosto.

Everton Ribeiro e Arrascaeta estão longe da forma ideal pelo Flamengo (Foto: Marcelo Cortes/CRF)

Centroavantes em péssima fase

Se para os meias o jejum já é incômodo, imagina para os centroavantes, cuja função é única e exclusiva de marcar gols. Pedro e Gabigol foram a dupla mais efetiva no ano passado, considerados por muitos os melhores do Brasil na posição. Ainda que o 2023 não seja ruim em números, as performances assustam e levam a crer que eles ainda têm muito a melhorar.

Estatisticamente, Pedro vive a temporada mais artilheira de sua carreira, com 29 gols marcados, empatando um 2022 em que ele foi eleito Rei da América. O problema é que ele não marca com bola rolando desde junho, diante do Aucas, pela Libertadores. Foram apenas quatro tentos de lá para cá, todos anotados de pênalti. O cenário e as performances do camisa 9 preocupam.

Gabigol é outro que vive péssimo momento. O atacante não conseguiu esbanjar a mobilidade esperada em 2023, foi presa fácil para a defesa e, pela primeira vez no Flamengo, ficou no banco de reservas em três jogos consecutivos. Ele não marca com a bola rolando há três meses e acumula 20 gols no ano, o menos artilheiro pelo clube. Ao todo, são 842 minutos com tentos apenas da marca da cal.

Briga de Marcos Braz é apenas mais um episódio de um Flamengo sem direção
Gabigol vive sua pior temporada pelo Flamengo desde que chegou, em 2019 (Foto: Icon Sport)

Bruno Henrique se salva?

Com o contrato recém renovado por mais três temporadas, Bruno Henrique pode até se salvar entre outros nomes da lista, mas o jejum de gols com bola rolando já dura mais de um mês. O atacante ainda não conseguiu se adaptar ao estilo de Tite e fez jogos abaixo dos melhores momentos de 2023. Contra o Grêmio, por exemplo, errou nos dois gols que geraram a virada dos mandantes.

Veja quando foi o último gol com bola rolando dos citados

Everton Ribeiro: 25/06, Santos, pela 12ª rodada do Brasileirão (24 jogos e 1365 minutos de jejum)
Pedro: 28/06 – Aucas, pela fase de grupos da Libertadores (20 jogos e 1239 minutos de jejum)
Gabigol: 26/07 – Grêmio, pela semifinal da Copa do Brasil (15 jogos e 842 minutos de jejum)
Arrascaeta: 20/08 – Coritiba, pela 20ª rodada do Brasileirão (6 jogos e 360 minutos de jejum)
Bruno Henrique: 24/09 – São Paulo, pela final da Copa do Brasil (5 jogos e 384 minutos de jejum)

Próximos passos

Atualmente, o Flamengo depende de atacantes reservas, defensores e, especialmente, de Gerson para balançar as redes. Todos os medalhões citados estarão à disposição no próximo compromisso do Rubro-Negro, diante do Santos, com exceção de Everton Ribeiro. O camisa 7 recebeu o terceiro cartão amarelo no último compromisso da equipe no Brasileirão e, por isso, está suspenso.

Tite terá muito trabalho para deixar o Flamengo com um futebol envolvente (Foto: Gilvan de Souza/CRF)

Flamengo e Santos se enfrentam na próxima quarta-feira (01), às 20h (de Brasília), no Estádio Mané Garrincha, já que o Maracanã estará entregue à Conmebol, pensando na final da Libertadores. O Rubro-Negro precisa que seu ataque funcione para se consolidar no G-4 e encaminhar a vaga na competição mais importante da América, principal objetivo de momento.

Foto de Guilherme Xavier

Guilherme XavierSetorista

Jornalista formado pela PUC-Rio. Da final da Libertadores a Série A2 do Carioca. Copa do Mundo e Olimpíada na bagagem. Passou por Coluna do Fla e Lance antes de chegar à Trivela, onde apura e escreve sobre o Flamengo desde 2023.
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