Athletico continua centenário turbulento com terceira saída de técnico
Martin Varini sai após apenas dois meses e 19 partidas; antes dele, Osorio e Cuca passaram pelo cargo
O ano do centenário de um clube de futebol no Brasil é sempre cercado de boas expectativas para o torcedor pelo simbolismo da data. Em 2024, o Athletico Paranaense completou 100 anos em março e o sonho para torcida do Furacão era que as conquistas dos últimos anos se repetissem, mas a gestão falhou no momento decisivo.
Mais uma prova dos equívocos da presidência de Mário Celso Petraglia é a demissão de Martin Varini, confirmada na noite desta segunda-feira (23), após apenas 19 jogos em pouco mais de dois meses no cargo.
Segundo o portal UmDoisEsportes, o próprio Petraglia foi quem escolheu contratar o técnico uruguaio em julho.
No período, o jovem comandante de 33 anos avançou com o time até às quartas de final da Copa do Brasil, caindo para o Vasco, e venceu a ida da mesma fase na Copa Sul-Americana, contra o Racing — a volta acontece nesta quinta.
Já no Campeonato Brasileiro, o grande calcanhar de Aquiles no período com Varini, o Furacão é apenas o 13º após 27 rodadas, mas possui duas partidas a fazer.
Athletico-PR sob comando de Varini:
- 19 jogos, 9 vitórias, 6 derrotas e 4 empates. Aproveitamento de 54,3%.
Agora, a ideia dos diretores é que o time seja comandado pelo auxiliar permanente Juca Antonello na volta da Sul-Americana, nesta quinta-feira (26) — o clube também cogita contratar o ex-auxiliar Lucho González, ídolo como jogador, segundo as jornalistas Monique Vilela e Nadja Mauad.
Auxiliar ou efeito, o novo técnico será o quarto do Furacão na temporada, um centenário marcado por erros e decisões que culminam na situação atual.
O Athletico Paranaense informa que Martín Varini não é mais o técnico da equipe principal athleticana.
O Club agradece o trabalho desenvolvido por Varini e por seus auxiliares, e deseja sucesso na continuidade de suas carreiras.
— Athletico Paranaense (@athletico.com.br) September 23, 2024 at 9:28 PM
O início: a aposta sem sentido em Osorio deu indícios do que seria o ano do Athletico
Para começar o ano mais importante de sua história, o Athletico Paranaense investiu mais de R$ 80 milhões e fortaleceu o elenco que decepcionou em 2023.
No entanto, para comandá-los, trouxe um nome pouco usual e que só trabalhou no Brasil uma vez: o colombiano Juan Carlos Osorio, conhecido por suas improvisações e muitas mudanças de escalações.
Passados dois meses, pareceu que a diretoria não sabia quem contratou, pois Osorio caiu, justamente, por escalar 12 times diferentes e não utilizar tanto alguns jogadores que a diretoria contratou — pesou, também, problemas de relacionamento do comandante com o elenco.
— O Paranaense investiu mais de 15 milhões de dólares em oito jogadores estrangeiros. E no Estadual podiam jogar cinco. Tinha quatro jogadores para jogar na ponta direita e, para mim, isso é inusitado e inapropriado. Tinha seis zagueiros, cinco destros e um canhoto. Para mim deveria haver quatro defensores, dois canhotos e dois destros… — criticou Osorio à TV colombiana Telemedellín.
Chegada polêmica de Cuca e saída ainda mais problemática
Para substituir Osorio, Petraglia e companhia escolheram Cuca, que faria o primeiro trabalho desde a saída conturbada do Corinthians, em 2023, após pressão da torcida por conta da condenação por estupro na Suíça, em 1987 — o técnico foi inocentado neste ano depois que finalmente buscou saber sobre o caso, que foi prescrito.
Mesmo sabendo que seria criticado, a gestão apostou no técnico de 61 anos, recebido com carinho por grande parte da torcida.
Até deu um bom resultado inicial: título estadual, apenas duas derrotas nos 16 jogos iniciais e classificação na Sul-Americana encaminhada.
Só que tudo passou a dar errado após uma derrota para o modesto Danubio, depois Sportivo Ameliano, ambas em casa.
Na sequência disso, sofreu três empates consecutivos nos acréscimos pelo Brasileirão, e o técnico, após ter a imagem “limpada” pelo clube, pediu para sair.
As causas do pedido de demissão não são tão claras. A decisão foi vista com revolta pela cúpula do CAP, enquanto Cuca estaria incomodado com a postura do elenco nos resultados anteriores e com críticas da torcida.
— Tiveram derrotas que foram difíceis de administrar contra o Danúbio e Ameliano, inadmissíveis. E, nesses três últimos empates, foi se achando culpados. Quando isso acontece, o jogador perde a confiança. Aí entra o treinador, que tem que assumir a responsabilidade e tentar dar ao clube o direito de pôr um sangue novo e que jogue para cima o astral. Foi nesse intuito que conversei com a diretoria, que entendeu. — explicou Cuca à época.
Saída de Cuca é seguida por reformulação no futebol, enquanto clube contrata pouco
Após anunciar Marini em 7 de julho, o CAP passou por uma gigante reformulação no departamento de futebol. Um dia após chegar o novo técnico, o CEO Alexandre Leitão foi o primeiro a sair por divergências com Petraglia.
Na sequência, Diogo Kotscho, então diretor de comunicação e indicação de Leitão, deixou o clube.
No fim de julho, 11 profissionais foram demitidos da base ao profissional. O principal deles o diretor de futebol André Mazzuco, após apenas quatro meses no cargo.
Muitas saídas depois, o Athletico apostou na zona de conforto ao nomear Paulo Autuori como diretor técnico, atualmente em sua terceira passagem na Arena da Baixada (antes ficou entre 2016-2017 e 2020-2022).
A torcida esperava que, neste momento de meio de temporada, o clube buscasse jogadores para repor as lacunas do elenco e recalcular a rota para ter um bom segundo semestre. Não aconteceu.
A gestão entendeu que investiu muito nos primeiros meses de 2024 e não havia necessidade de muito mais na janela de transferências do meio do ano. Trouxe apenas Marcos Victor e Praxedes, ambos por empréstimo.
Athletico chegará a 13º técnico em quatro anos
Considerando o início de 2020 até agora, o Athletico Paranaense contou com 12 técnicos diferentes, entre interinos e efetivos.
Técnicos do Athletico-PR desde 2020:
- Dorival Júnior
- Eduardo Barros
- Paulo Autuori
- Antonio Oliveira
- Alberto Valentim
- Fábio Carille
- Luiz Felipe Scolari
- Paulo Turra
- Wesley Carvalho
- Osorio
- Cuca
- Varini
O próximo que assumir, seja Lucho, Juca ou outro, será o 13º no período, chegando a uma média acima de três treinadores por ano.