A 2 km da Batalha dos Aflitos, Santa Cruz subia pela Série A em 2005

A cidade de Recife foi o palco da rodada final da Série B de 2005. Foi lá que, no estádio do Náutico, aconteceu a famosa Batalha dos Aflitos, que levou o Grêmio a um épico celebrado pela torcida, em uma volta à Série A de forma emocionante. A história ficou tão famosa e é tão impressionante que ofuscou outro jogo da Série B naquele dia, que aconteceu na mesma cidade e também definiu um acesso. A cerca de dois quilômetros dos Aflitos, no Arruda, o Santa Cruz também decidia o seu acesso à Série A. Justamente o último acesso do time à primeira divisão antes de conquistar, há poucos dias, o acesso novamente, 10 anos depois.
LEIA TAMBÉM: O Santa Cruz voltou como um meteoro: da quarta divisão à Série A em cinco anos
A Série B daquela época tinha outro formato. A fase final era um quadrangular com quatro times e só dois deles subiam de divisão. O Grêmio liderava com nove pontos, seguido por Santa Cruz, com sete, Náutico, com seis, e Portuguesa, com cinco. Ao Santa, bastava vencer. A Portuguesa precisa vencer e torcer contra o Náutico.
O Santa era dirigido por Givanildo de Oliveira e tinha entre seus destaques o meia Rosembrick e os atacantes Carlinhos Bala e Reinaldo. Na Portuguesa, jogaram Gléguer, o zagueiro Silvio Criciúma, o meia Alexandre e o atacante Leandro Amaral. O técnico era Giba.
Sabendo que precisava vencer e com mais de 60 mil pessoas torcendo pelo Santa, a Portuguesa surpreendeu. Pressionou na frente e, aos 19 minutos, abriu o placar. Johnson, angolano que depois defenderia o Coritiba, entrou na área e foi derrubado por Carlinhos. Pênalti que Cléber cobrou e marcou. Em dificuldades, o Santa quase viu a Portuguesa ampliar novamente com Johnson, que acabou perdendo o gol.
A virada, porém, veio ainda no primeiro tempo. Carlinhos Bala fez a jogada pela direita, cruzou rasteiro para Reinaldo, que dominou, tirou de Du Lopes e chutou forte no ângulo do goleiro Gléguer para empatar o jogo aos 38 minutos – resultado que já garantia o time na Série A naquele momento. Mas o segundo gol viria pouco depois, desta vez em jogada pela esquerda. Foi Rosembrick que cruzou para a área e Reinaldo, livre, tocou de cabeça para marcar o segundo do Santa e enlouquecer a massa tricolor.
No segundo tempo, o Santa chegou mais perto de marcar o terceiro. Chutou bola na trave, viu Xavier passar pelos marcadores e pelo goleiro e chutar, mas Leonardo salvar em cima da linha e Carlinhos Bala acertar a trave em cobrança de falta. No final, vitória por 2 a 1 e vaga na Série A garantida.
Quando a partida no Mundão do Arruda acabou, o Santa comemorou o acesso. Naquele momento, o jogo estava parada nos Aflitos, quando o Náutico tinha um pênalti a seu favor. O drama por lá ainda duraria mais e teria seus minutos finais de forma emocionante – e quase matando do coração os torcedores dos dois times envolvidos.
O que a torcida do Santa não imaginava naquele momento é que o clube sofreria tanto nos 10 anos seguintes, chegando até a começar o ano sem vaga na Série D, tentando que lutar por ela no Campeonato Estadual. Só 10 anos depois o time comemoraria novamente a alegria de voltar à Série D.
FICHA TÉCNICA
SANTA CRUZ
Cléber; Osmar, Carlinhos, Valença e Xavier; Júnior Maranhão, Andrade, Lecheva (Adriano) e Rosembrick (Leonardo); Carlinhos Bala e Reinaldo
Técnico: Givanildo de Oliveira
PORTUGUESA
Gléguer; Wilton Goiano (Mendes), Du Lopes, Sílvio Criciúma e Leonardo; Almir, Rafael Toledo (Celsinho), Cléber e Alexandre; Leandro Amaral (Oliveira) e Johnson
Técnico: Giba
Local: estádio do Arruda, em Recife (PE)
Árbitro: Heber Roberto Lopes (Fifa – PR)
Auxiliares: Roberto Braatz (Fifa – PR) e Rogério Carlos Rolim (PR)
Cartões amarelos: Carlinhos (S), Carlinhos Bala (S), Leonardo (P), Wilton Goiano (P), Johnson (P), Oliveira (P)
Gols: Cléber, aos 20min, Reinaldo, aos 38min e 41min do primeiro tempo