Três anos após rebaixamento, Guangzhou alcança a glória

Com um investimento muito maior que o dos adversários, ser tricampeão chinês é um feito importante, mas nem tão difícil assim. Com o dinheiro de Xu Jiayin, presidente do Evergrande Real Estate Group, especializado em imóveis, o Guangzhou Evergrande dominou o futebol nacional, mas faltava uma glória além da China para deixar de vez para trás a vergonha do rebaixamento em fevereiro de 2010 por ter comprado resultados.
Ela veio, neste sábado, com o empate por 1 a 1 contra o Seul, em casa, que selou para o Guangzhou o título da Liga dos Campeões da Ásia, o primeiro de um clube chinês desde 1990, quando o Liaoning foi campeão. Essa conquista é boa para o futebol da China, mas o sucesso do time de Evergrande é um ponto fora da curva.
Além do jejum de 23 anos, o Guangzhou conseguiu, ano passado, chegar às quartas de final da competição. Foi o primeiro chinês entre os oito primeiros desde 2006. A seleção do país não disputa a Copa do Mundo desde 2002. O elenco do tricampeão chinês está avaliado em € 18,6 milhões, muito mais que o do Shandon Taishan (€ 12,3 milhões) e que o do Guizhou (€ 9 milhões), o segundo e o terceiro colocado dessa lista.
A ambição de Xu Jiayin deu seus primeiros sinais poucos meses depois de ele assumir o clube, com a compra do brasileiro Muriqui, do Atlético Mineiro, na época um recorde de transferências do país. Ele ainda trouxe Darío Conca, que havia sido o melhor jogador do Campeonato Brasileiro de 2010, com um salário milionário, e o paraguaio Lucas Barrios, ex-Borussia Dortmund. Esse já saiu do clube e está no Spartak Moscou.
O maior nome que o Guangzhou conseguiu, porém, foi Marcelo Lippi. A experiência de um técnico que foi campeão mundial pela Itália foi fundamental para o clube, que até 2012 nunca havia jogado uma partida da Champions League da AFC. Lippi é o primeiro treinador da história a ser campeão da Liga dos Campeões da Europa – venceu com a Juventus em 1996 – e da Ásia.
Na temporada passada, o Guangzhou foi eliminado nas quartas de final pelo Al-Ittihad, da Arábia Saudita. Agora, a campanha foi quase impecável. Patinou um pouco na fase de grupos, mas na fase decisiva foi arrasador. Goleou o Central Cost, da Austrália, o Lekhwiya, do Catar, e o japonês Kashiwa Reysol. O próximo desafio de Lippi, Conca e companhia é o Mundial de Clubes do Marrocos. Se passar das quartas, contra o campeão africano, enfrenta o Bayern de Munique na semifinal. Difícil imaginar alguma surpresa, mas não tem problema. O Guangzhou Evergrande já assegurou o maior título da sua história.