Ásia/Oceania

Torcida do Guangzhou faz pressão na Libertadores parecer gincana

A Copa Libertadores está entre os campeonatos mais difíceis de se disputar no planeta. Principalmente, por causa da pressão que as torcidas põem em seus adversários. Não é raro ver um jogador protegido por escudos para cobrar um escanteio, chuvas de cuspe à beira das arquibancadas, foguetório na frente do hotel ou outras formas de intimidação. A Liga dos Campeões da Ásia, no entanto, parece disposta a competir neste quesito.

VEJA TAMBÉM: O protesto da torcida do Legia contra porcos capitalistas da Uefa ficou sensacional

Quem sofreu com a torcida adversária foi o Western Sydney Wanderers. A equipe australiana havia vencido o jogo de ida contra o Guangzhou Evergrande, pelas quartas de final, com algumas decisões polêmicas da arbitragem. Dois jogadores dos atuais campeões foram expulsos, o que levou até mesmo o técnico Marcello Lippi a invadir o campo. Então, os chineses resolveram tornar a vida dos visitantes um inferno na partida de volta.

A coação ao Western Sydney começou já na ida ao estádio. Segundo os jogadores, o terror começou na véspera, com portas batendo nos quartos do hotel e trotes no meio da madrugada. Pouco antes da partida, o ônibus do clube sofreu dois acidentes de propósito e ainda foi atingido por objetos quando se aproximava do estádio. Para os australianos, uma tentativa em atrapalhar a chegada do time e, assim, beneficiar o Guangzhou Evergrande.

“Um carro fechou o nosso ônibus, quem sabe se não tinha a ver com futebol? Nós pisamos no freio e alguém correu até o fundo do ônibus. Felizmente, tínhamos outro ônibus de reserva. Isso deu a todo o time mais vontade de nos classificar”, afirmou o defensor Brendan Hamill, acreditando que o acidente foi proposital.

A história é endossada por Shannon Cole, companheiro de Hamill no clube: “Alguém fechou o nosso ônibus por querer e batemos nele. Em seguida, outro ônibus nos atingiu por trás. Tivemos que esperar um ônibus reserva e, cinco minutos depois, outro acidente. Eles fizeram tudo o que foi possível. Na chegada ao estádio, centenas de garrafas foram atiradas contra nós. Mas estávamos adiantados, a comissão técnica planejou tudo muito bem”.

Apesar da pressão, o Western Sydney conseguiu manter os nervos no lugar. A derrota por 2 a 1 foi suficiente para o time graças ao gol fora de casa, já que os australianos haviam vencido por 1 a 0 em seus domínios – e, na comemoração, Tomi Juric pediu silêncio à torcida chinesa. A ajuda extra não adiantou para o Guangzhou buscar o bicampeonato. E os Wanderers já podem dizer que estão prontos para um duelo com um pouco mais de pressão, seja ele no Defensores del Chaco ou na Bombonera.

Foto de Leandro Stein

Leandro Stein

É completamente viciado em futebol, e não só no que acontece no limite das quatro linhas. Sua paixão é justamente sobre como um mero jogo tem tanta capacidade de transformar a sociedade. Formado pela USP, também foi editor do Olheiros e redator da revista Invicto, além de colaborar com diversas revistas. Escreveu na Trivela de abril de 2010 a novembro de 2023.
Botão Voltar ao topo