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Kagawa volta para casa depois de 13 anos e vestirá novamente a camisa do Cerezo Osaka

Kagawa marcou 57 gols em 127 partidas pelo Cerezo Osaka, onde se projetou pouco antes de viver seu auge no Borussia Dortmund

Shinji Kagawa teve um auge espetacular em sua carreira, ainda que esse período mais avassalador não tenha durado muito. As duas primeiras temporadas do meia pelo Borussia Dortmund foram brilhantes, como protagonista do time bicampeão da Bundesliga em 2010/11 e 2011/12. A adaptação rápida do japonês à Alemanha pegou embalo naquilo que já produzia na J-League. Kagawa precisou ascender da segunda divisão, mas fazia misérias com a camisa do Cerezo Osaka. Uma história que volta a ser escrita 13 anos depois. Aos 33 anos, o camisa 10 retornou ao seu primeiro clube e atuará novamente no Campeonato Japonês.

A relação de Kagawa com o Cerezo Osaka começa em 2005, quando o clube descobriu o adolescente nas competições escolares do Japão. Assinou seu primeiro contrato com 16 anos e passou seus primeiros meses na base, antes de se profissionalizar em 2006, aos 17 anos. Porém, o projeto de craque ainda não estreou no time principal e viu o cenário se tornar mais difícil, com o rebaixamento do Cerezo. Ao menos, estaria num nível mais baixo na segunda divisão para receber chances.

Kagawa costumava ser usado como lateral esquerdo de início, e mal aparecia no time titular do Cerezo Osaka. A transformação de sua carreira aconteceu a partir da chegada de Levir Culpi ao clube, em meados de 2007. Foi o treinador brasileiro que tornou o adolescente titular e o firmou como meia. A sua sequência de temporada a partir de então seria ótima, com cinco gols e nove assistências em 35 partidas. Contudo, o Cerezo não conquistou o acesso. Como consolo, o novato disputou o Mundial Sub-20 com o Japão.

O ano de 2008 seria ainda melhor para Kagawa. O meia arrebentou na segunda divisão do Campeonato Japonês. Foram 16 gols em 35 partidas, com uma sequência arrasadora de 12 tentos nas últimas 12 aparições. Ainda assim, o Cerezo Osaka não subiu. Mas o prodígio pôde disputar os Jogos Olímpicos de Pequim e recebeu as primeiras convocações à seleção principal. Era um raríssimo caso de atleta da segundona que virava recorrente nas listas dos Samurais Azuis.

Apesar da fama nacional, Kagawa se manteve firme no compromisso de levar o Cerezo Osaka de volta à primeira divisão. E isso finalmente aconteceu na terceira tentativa, em 2009. O craque só não fez chover na J2: anotou 27 gols e distribuiu 16 assistências em 44 partidas. O time ainda treinado por Levir Culpi não ficou com o título, mas a ambicionada promoção se tornou um alívio. O jovem seria eleito o melhor jogador do torneio e os rumores ao redor de seu nome se tornaram mais fortes.

Kagawa ainda teve o gosto de disputar a J1 pelo Cerezo Osaka, mas não por muito tempo. O meia participou de 11 partidas do Campeonato Japonês em 2010, com sete gols marcados. Sua despedida aconteceu com gol, numa vitória sobre o Vissel Kobe, clube de sua cidade natal. Embora não tenha sido chamado para a Copa de 2010, o jovem de 21 anos se mudou à Europa logo depois do torneio. O Borussia Dortmund pagou módicos €350 mil pelo novato, numa cláusula de rescisão baixa em caso de oferta europeia.

A partir de então, a história de Kagawa é bem mais conhecida. O meia foi mágico nas duas primeiras temporadas com o Dortmund. Teve uma passagem apagada pelo Manchester United, antes de renovar sua idolatria no BVB, mas sem o nível de outrora. Desde que deixou os aurinegros em 2019, o japonês virou um andarilho da bola. Vestiu as camisas de Besiktas, Zaragoza, PAOK e Sint-Truiden sem emplacar. Havia chegado a hora de retornar para casa. De vestir novamente a camisa do Cerezo Osaka.

A forma recente de Kagawa deixa sinceras dúvidas do que pode fazer. No atual Campeonato Belga, anotou apenas dois gols em 12 aparições. Ainda assim, o camisa 10 sempre teve talento de sobra. E pode recobrar seu melhor dentro de seu país, num nível mais baixo, com um clima favorável. É uma lenda do futebol japonês. E poderá resgatar a aura do passado.

Foto de Leandro Stein

Leandro Stein

É completamente viciado em futebol, e não só no que acontece no limite das quatro linhas. Sua paixão é justamente sobre como um mero jogo tem tanta capacidade de transformar a sociedade. Formado pela USP, também foi editor do Olheiros e redator da revista Invicto, além de colaborar com diversas revistas. Escreveu na Trivela de abril de 2010 a novembro de 2023.
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