Quem é o ex-jogador da seleção da Palestina morto em um ataque aéreo de Faixa de Gaza
Ataque de Israel em prédio na região sul da Faixa de Gaza matou Muhammed Barakat, ex-atacante da Seleção Palestina, na última segunda-feira (11)
Exatamente no primeiro dia do mês de jejum islâmico do Ramadã, na última segunda-feira (11), forças de segurança de Israel bombardearam a cidade de Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza, o que culminou na morte de Muhammed Barakat, aos 39 anos. Ele era um atacante histórico do futebol palestino com passagem pela seleção nacional. A informação foi publicada pela Associação de Futebol da Palestina.
Barakat, um atacante de sucesso no futebol local, tinha o apelido de “A Lenda de Khan Yunis” e “Leão” por conta de seu faro de gol. Foram 114 ao longo da carreira e foi o primeiro jogador palestino a atingir 100 por apenas um clube, no caso o Khan Yunis Youth Club. Além da Seleção Palestina e do time local, Muhammed atuou por Ahli Gaza Football Club, Al-Wehdat, da Jordânia, e Al-Shoala, da Arábia Saudita. Uma curiosidade do jogador é que em certo momento de sua trajetória como atleta dividiu o futebol de campo com a modalidade de areia.
— No primeiro dia do mês sagrado do Ramadã, o bombardeio da ocupação matou a estrela da nossa seleção nacional de futebol, Muhammad Barakat. O ataque aéreo mortal de Israel teve como alvo Khan Yunis, ao sul da Faixa de Gaza, resultando no seu martírio — lamentou a Associação Palestina em comunicado.
🚨 لاعب المنتخب الوطني لكرة القدم الشاطئية #محمد_بركات يرتقي شهيدا جراء عدوان الاحتلال الإسرائيلي على قطاع غزة.. #غزة #gaza #Gazaagenocide pic.twitter.com/TtRpsi3S3r
— الاتحاد الفلسطيني لكرة القدم (@PSFA28) March 11, 2024
O zagueiro palestino Khalid Abu-Habel tratou a morte de Barakat como uma “grande perda para o futebol palestino”, em entrevista à Al Jazeera. O jogador, que também é médico e trabalha no Hospital dos Mártires, que fica no centro de Gaza, exaltou as qualidades de Mohammed, seja em campo ou fora dele.
— Joguei contra ele. Ele era rápido e inteligente. Um artilheiro de topo. Fora de campo, ele era gentil e amigável. Um querido amigo de todos. – Quantos devemos perder mais? A comunidade esportiva em Gaza está simplesmente em colapso. Estou com muita raiva. Ele é um ícone do futebol. O esporte em Gaza perdeu muito durante a guerra — disparou o Abu-Habel.
A notícia da morte de Barakat chegou a Mick Wallace, irlandês membro do Parlamento Europeu, que cobrou a Uefa para banir os times e a seleção Israel das competições europeias, como aconteceu com a Rússia após a invasão na Ucrânia, em 2022.
— A Uefa está de acordo com o regime israelita do apartheid que assassinou o futebolista palestiniano Muhammad Barakat…? A UEFA continuará a permitir que as equipas de futebol israelitas compitam…? Eles expulsaram a Rússia, o que o brutal regime israelense tem que fazer…? A Uefa está a ser gravemente exposta — escreveu o parlamentar, que definiu como “vergonha total” se acontecer a partida entre Israel e Islândia, pela repescagem da Eurocopa, em 21 de março.
Os ataques de Israel à Gaza começaram após o grupo terrorista Hamas, que comanda a Palestina, promover um massacre no território israelense em 7 de outubro do ano passado. Foram mais de 1200 mortos, a maioria civis, além de levar 250 reféns.
A partir disso, Israel tem bombardeado e atacado o território vizinho quase que incessantemente. Segundo o Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, controlado pelo Hamas, já são 31 mil palestinos mortos, grande parte mulheres e crianças, além de mais de 72 mil feridos. Também há uma severa crise de mantimentos básicos no local. Desse número de óbitos, 158 vítimas são atletas de distintas modalidades, sendo 91 jogadores de futebol das mais diferentes divisões locais.
Um das mortes em Gaza que mais chocaram o mundo do futebol foi Hani Al-Masdar, ex-jogador e então técnico da seleção olímpica da Palestina, em janeiro. Ele foi atingido por estilhaços de um míssil lançado na aldeia de Al-Masdar.