Austrália fez muito mais do que se imaginava na Copa do Mundo

Quando foram sorteados os grupos do Mundial 2014, espanhóis, chilenos e holandeses sabiam que iam brigar por duas vagas. E sabiam também que estavam ao lado da fraca e virtualmente eliminada Austrália. Ao final de duas rodadas, os australianos realmente já estão fora da Copa do Mundo, mas não venderam barato as derrotas para Chile e Holanda. Aliás, venderam por um preço muito mais alto que a campeã mundial e bicampeã europeia Espanha.
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Diante dos sul-americanos, a partida começou comprovando-se o prognóstico de vitória fácil do adversário. Mas os 2 a 0 nos primeiros 15 minutos de bola rolando se transformaram em 2 a 1 no intervalo. A Austrália teve chances de empatar no segundo tempo, principalmente via jogadas aéreas, mas acabou levando o terceiro já nos acréscimos.
Diante dos holandeses, esperava-se uma goleada do time de Robben e Van Persie, já que eles haviam humilhado a poderosa Espanha por 5 a 1 na estreia. Os europeus até começaram vencendo, mas a Austrália virou o jogo no início do segundo tempo. Acabaram sofrendo reviravolta no placar e perdendo por 3 a 2.
Mesmo antes da partida final do Grupo B, contra a também eliminada Espanha – vai que dá para vencer, não é mesmo? –, o saldo australiano na Copa do Mundo é positivo. Veja quais os principais destaques dos Socceroos na competição…
Tim Cahill: mesmo aos 34 anos (o mais velho ao lado de Mark Bresciano), o jogador do New York Red Bulls disputa sua última Copa do Mundo e tem o que comemorar. Cahill, mesmo sozinho no ataque, marcou duas vezes, sendo um golaço contra a Holanda, num forte chute sem deixar a bola tocar o gramado. No grupo B, ele só fez menos gols que Robben e Van Persie. Nos chutes por partida (3,5), atrás de Van Persie (4).
Matthew Leckie: o atacante de 23 anos, que defende o Ingolstadt 04, da segunda divisão da Alemanha, também chamou a atenção. Ele foi bem diante do Chile, quando acertou 30 passes (83% de sucesso), mas foi ainda melhor diante da Holanda, ao dar trabalho para a defesa adversária. Leckie driblou, chutou uma vez no alvo, tomou cinco faltas e foi eleito o melhor jogador da Austrália na partida. É jovem e pode evoluir no futuro.
Jason Davidson: o jovem lateral esquerdo do Heracles Almelo, da primeira divisão da Holanda, tem só 22 anos e se destacou defensivamente. Seu melhor desempenho foi na estreia diante dos chilenos, quando interceptou três jogadas adversárias, deu um desarme e bloqueou um chute. Ele também é bom nos passes (acertou 78), mas mal nos cruzamentos – dois acertos em dez tentativas.
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Outros destaques foram Mark Bresciano, 34, principalmente no jogo contra o Chile, e o meia e capitão do time, Mile Jedinak, 29 anos – foi o que mais desarmou na estreia, com cinco intervenções. Com média de 25,8 anos, é lógico que o elenco australiano tem defeitos, como debaixo das traves (Matthew Ryan, 22, ainda precisa melhorar muito), mas há de se valorizar o bom trabalho do jovem técnico australiano Ange Postecoglou.
Aos 48 anos, ele foi contratado em outubro de 2013 e vem liderando a reformulação da seleção australiana, substituindo os velhos ídolos, como Mark Schwarzer e Lucas Neill, renovando a equipe. O projeto dos cangurus é de longo prazo, tanto que são cinco anos de contrato entre Postecoglou e federação australiana.
Outros jogadores vão aparecer durante o próximo ciclo Mundial, enquanto os atuais jovens ganharão experiência em seus clubes – dos 23 convocados, apenas seis atuam na liga australiana e a maioria dos outros joga nas elites nacionais da Europa. Talvez a Austrália chegue um pouco melhor na Copa do Mundo 2018, mas o simples fato de se classificar para o torneio já é muito importante para o país da Oceania que joga na Ásia.
O principal problema de Postecoglou será encontrar substitutos para Mark Bresciano e Tim Cahill. E a procura deve começar logo após o Mundial 2014. O tempo é curto, pois os australianos sabem que precisarão ir muito bem na Copa da Ásia 2015, que começa em janeiro. Atuando em casa, será terrível se os Socceroos não superarem Coreia do Sul, Omã e Kuwait na fase de grupos. O objetivo é o título continental, que passou perto em 2011, na primeira participação: vice-campeonato, perdendo para o Japão (1 a 0) na prorrogação. O futuro australiano não parece tão ruim assim como se apregoou antes do Mundial.