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O garoto que precisou de quatro jogos para se tornar herói da Libertadores

O River Plate deixou a segunda divisão argentina em 2012. Um de seus protagonistas no título, entretanto, estava lá faz alguns meses. Enquanto o Tigres causou impacto com Gignac e o próprio River virou manchete com os retornos de Saviola, Lucho Gonzáles e Aimar, a grande contratação da fase final da Libertadores veio do modesto Colón. Lucas Alario tem 22 anos, somente 64 jogos como profissional e 14 gols. No entanto, ajudou a mudar a história dos Millonarios. O atacante assumiu a responsabilidade de substituir Teo Gutiérrez e se agigantou nos quatro últimos jogos da competição continental. O suficiente para já ser idolatrado pela torcida alvirrubra.

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Alario chegou a Núñez por um pedido de Marcelo Gallardo, após a negociação com Sílvio Romero naufragar. Uma aposta pessoal do treinador, nem tão cotado para assumir a titularidade. Enquanto Rodrigo Mora seguia no comando do ataque, quem mais se referendava para cavar um espaço no time era o veterano Saviola, ou então o jovem Driussi, já mais experimentado em alto nível. Até um treino. Na prévia do primeiro jogo contra o Guaraní, Gallardo decidiu conversar com Alario. Perguntou se estava preparado para jogar. “Para isso que você me trouxe”, respondeu. Palavras firmes que foram suficientes para a escalação do novato.

Alario deixou o campo como um dos melhores do primeiro jogo contra o Guaraní. Participou de ambos os gols na vitória por 2 a 0, desviando a bola para Mercado abrir o placar e dando o passe para a pintura de Mora logo depois. Já no Paraguai, o próprio garoto marcou o gol que sacramentou a classificação no empate por 1 a 1. Não foi bem no primeiro jogo da final, assim como todo o resto do time. Mas provou ser mesmo um jogador decisivo ao desviar de cabeça o cruzamento de Vangioni e iniciar a festa dos millonarios nos 3 a 0 sobre o Tigres.

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O oportunismo e o poder de definição marcam Alario nesta reta final da Libertadores. Só que o jovem vai muito além. Especialmente pela entrega dentro de campo, a maneira como correu e suou durante os seus quatro jogos com a camisa do River Plate. Em um time que por vezes se fechou na defesa, o atacante dava conta de lutar contra os marcadores rivais. O tipo de jogador que a torcida adora, diante do esforço evidente. E também pela ousadia. Teo Gutiérrez era um dos jogadores mais tarimbados do elenco, com Copa do Mundo no currículo. Havia sido decisivo no título da Copa Sul-Americana, na classificação cardíaca na fase de grupos e na vitória imponente contra o Cruzeiro. Porém, diante do que fez o substituto, ninguém sentiu falta do colombiano, até pela forma como forçou a sua saída para o Sporting. Não teve o coração do novato.

As cenas mais legais de Alario na final da Libertadores, no entanto, aconteceram sem a bola rolar. Lesionado, saiu de campo ovacionado para ser substituído no segundo tempo. E, tão emocionado com o gol, distribuiu abraços entre seus companheiros. Um gesto singelo, mas que serve para mostrar o garoto simples que se tornou herói. “Há seis meses eu estava conquistando o acesso com o Colón e agora estou passando por este momento”, declarou. Pode até ser que Alario não decole no River Plate, mesmo tendo o seu caminho aberto a partir de agora. Independente disso, nunca perderá a gratidão dos millonarios. Seu nome já está eternizado entre os campeões, e como um dos protagonistas.

Foto de Leandro Stein

Leandro Stein

É completamente viciado em futebol, e não só no que acontece no limite das quatro linhas. Sua paixão é justamente sobre como um mero jogo tem tanta capacidade de transformar a sociedade. Formado pela USP, também foi editor do Olheiros e redator da revista Invicto, além de colaborar com diversas revistas. Escreveu na Trivela de abril de 2010 a novembro de 2023.
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