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Não existe final de Libertadores sem tensão, e o River soube usá-la para levar o empate

A vocação ofensiva estava lá, presente em ambos os times no Estádio Universitário. Mas, em final de Libertadores, lutar de peito aberto é correr o risco de tomar o nocaute com um gol. A tensão não permitiu que Tigres ou River Plate começassem a definir quem ficará com a taça continental. Em um jogo com iniciativa, mas de poucas chances de gol, preponderaram as defesas e as muitas faltas. Melhor para os argentinos, que terão a vantagem da vitória simples no reencontro, quando contará com a pressão do Monumental de Núñez. E, como na decisão do torneio não há qualificação nos gols fora de casa, o 0 a 0 no México já sai de ótimo tamanho. Por outro lado, lamento aos felinos, que não converteram a superioridade em gols.

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O ponto alto do jogo no México, dentre tudo o que aconteceu, acabou sendo mesmo o espetáculo nas arquibancadas. Com ingressos esgotados, os 42 mil presentes no Volcán fizeram uma festa imensa nas entradas do Tigres em campo, com direito aos bandeirões do clube e também do país. E a vibração se seguiu com os anfitriões durante os 90 minutos, em intensidade menor. Só que não intimidou o River Plate, em uma atuação valente fora de casa.

Sabendo da qualidade ofensiva dos adversários, Marcelo Gallardo tratou de congestionar o meio de campo. Dava pouquíssimas oportunidades para o Tigres invadir a área e muito menos para que finalizassem. Quando conseguiam, era apenas nas bolas paradas, diante das muitas faltas cometidas pelos millonarios. Especialmente Rafael Sóbis e Gignac tinham os tornozelos caçados pelos visitantes. Então, sem Aquino, o melhor caminho para os mexicanos era atacar pela ponta direita, com o novato Jürgen Damm. Duas jogadas com eles resultaram nas melhores chances da equipe na primeira etapa: quase um gol contra que parou na trave e uma cabeçada de Sóbis que foi em cima de Barovero.

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O River Plate, por sua vez, tentava jogar mais nas ligações diretas, se aproveitando da capacidade de movimentação de Rodrigo Mora e Lucas Alario na frente. O problema era vencer o goleiro Nahuel Guzmán, de ótima saída de gol, que conseguiu antecipar as melhores tentativas dos adversários. No começo do segundo tempo, após duas mudanças, os millonarios até apertaram o ritmo, pressionando a defesa do Tigres. Nada que também tenha criado grandes oportunidades.

A tensão tomava conta do duelo à medida que o tempo passada, com as faltas ditando o ritmo dos ponteiros do relógio. Até o desespero bater de vez no Tigres a partir dos 15 minutos finais. Os felinos passaram a se impor ainda mais no campo de ataque, e finalmente tiveram seus melhores momentos. Em um chute de longe, Barovero voou no canto para evitar o gol de Juninho em cobrança de falta. Já aos 38 minutos, Damm chegou a driblar Barovero, mas perdeu o ângulo e cruzou para Vangioni afastar. Depois disso, coube ao River amarrar o restante do confronto e comemorar o empate.

Não foi um bom jogo, embora a tradicional raça da Libertadores tenha ficado evidente a todo momento. Deu certo a estratégia do River Plate, que foi mais copeiro e cumpre o objetivo de ao menos não perder fora de casa. O Monumental, de tantos grandes momentos na história do futebol sul-americano, coroará no novo campeão. Dentro de casa, a tendência é de que os millonarios partam um pouco mais para cima e aproveitem suas virtudes ofensivas. Só não podem se descuidar tanto, porque o Tigres também tem força para vencer lá. Destinos abertos para a coroação do novo campeão. Que, tanto quanto da qualidade dos times, dependerá de quem souber melhor jogar uma final de Libertadores.

Foto de Leandro Stein

Leandro Stein

É completamente viciado em futebol, e não só no que acontece no limite das quatro linhas. Sua paixão é justamente sobre como um mero jogo tem tanta capacidade de transformar a sociedade. Formado pela USP, também foi editor do Olheiros e redator da revista Invicto, além de colaborar com diversas revistas. Escreveu na Trivela de abril de 2010 a novembro de 2023.
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