Libertadores

‘Venezuelano morto de fome’: Jogador do Talleres denuncia Bobadilla por xenofobia

Miguel Navarro acusa volante do São Paulo do ato xenofóbico durante partida no MorumBIS

Mais de uma hora e meia já havia se passado desde o apito final da vitória por 2 a 1 do São Paulo sobre o Talleres, quando Miguel Navarro apareceu na zona mista do MorumBIS nitidamente abalado para conceder entrevista coletiva.

Neste meio tempo, o venezuelano havia ido ao Juizado Especial Criminal (Jecrim) do estádio para prestar queixa contra Damián Bobadilla por um suposto caso de xenofobia que ele sofreu nos minutos finais da partida.

Diante de um batalhão de jornalistas brasileiros, o lateral deu sua versão sobre o episódio e sobre o que o levou a ir às lágrimas dentro de campo.

— É lamentável. Quando aconteceu o 2 a 1, eu falei ao árbitro para que reiniciasse o jogo rápido, porque Luciano estava dando a volta em todo o campo. O Bobadilla veio e disse que “vocês sempre fazem tempo”. Eu disse: “que tempo, se vocês estão ganhando?”. E aí ele me disse: “venezuelano morto de fome” — explicou o venezuelano.

Na hora, Navarro chegou a cogitar deixar o gramado. Mas, como o Talleres já havia feito todas as substituições, ele decidiu permanecer para não prejudicar o trabalho dos companheiros.

— Quis sair, mas lamentavelmente não tínhamos mais substituições. Pelo trabalho que fizeram meus companheiros, não quis sair do campo, deixar o time com um jogador a menos. Minha cabeça não estava lá naquele momento — afirmou Navarro.

Ainda de acordo com o lateral, alguns jogadores do São Paulo prestaram solidariedade e disseram estar ao “seu lado”. Casos de Ferraresi, seu companheiro de seleção venezuelana, e Arboleda.

Bobadilla saiu sem prestar depoimento

Após Navarro prestar queixa e registrar sua denúncia — cerca de 30 minutos depois do fim da partida —, a Polícia Militar foi até o vestiário do São Paulo para colher depoimento de Bobadilla.

Mas quando a PM chegou, o volante já havia deixado o MorumBIS. Como a quarta-feira (28) será de folga para o elenco, muitos jogadores se apressaram a ir embora — uma prática considerada recorrente por funcionários do clube ouvidos pela Trivela.

A partir daí, os relatos são desencontrados.

Uma das versões é que, ao não encontrar Bobadilla no vestiário, o delegado e os policiais foram informados por representantes do clube que Bobadilla se apresentaria para prestar depoimento na Delegacia de Repressão aos Delitos de Intolerância Esportiva (DRADE) nesta quarta-feira (27).

Outra é de que Bobadilla seria “convidado” a prestar esclarecimentos. O São Paulo, por sua vez, nega que tenha informado à delegacia que o volante irá se apresentar às autoridades. O clube aguarda mais informações para se posicionar sobre o caso.

Bobadilla é dúvida para a seleção paraguaia, e também para o São Paulo
Bobadilla é acusado de ato de xenofobia (Foto: IconSport)

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O que aconteceu?

O caso ocorreu instantes após o gol de Luciano, já aos 41 do segundo tempo. Bobadilla e Navarro discutiram no meio do campo, e o jogador venezuelano logo extravasou toda a sua revolta com o que ouviu do volante são-paulino.

O lateral foi às lágrimas e chegou a ameaçar deixar o campo, mas foi convencido a seguir no gramado pelos companheiros.

Os próximos jogos do São Paulo

  • Bahia x São Paulo — Brasileirão — sábado (31), às 18h30 (horário de Brasília);
  • São Paulo x Vasco — Brasileirão — quinta-feira (12), às 21h30 (horário de Brasília).
Foto de Eduardo Deconto

Eduardo DecontoSetorista

Jornalista pela PUCRS, é setorista de Seleção e do São Paulo na Trivela desde 2023. Antes disso, trabalhou por uma década no Grupo RBS. Foi repórter do ge.globo por seis anos e do Esporte da RBS TV, por dois. Não acredite no hype.
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