Fala de Caçapa evidencia contradição no planejamento do Botafogo
Enquanto Caçapa fala sobre importância do tempo de trabalho para o treinador, o Botafogo chega a 50 dias sem técnico efetivo

Há 50 dias sem um técnico efetivo, o Botafogo saiu no prejuízo no jogo de ida da Recopa Sul-Americana. Na última quinta-feira (20), o Glorioso perdeu por 2 a 0 para o Racing-ARG, em Buenos Aires, e vai precisar vencer por três gols de diferença, no Nilton Santos, na próxima semana, para ficar com o título no tempo regulamentar.
Depois da partida, a entrevista coletiva do técnico interino Cláudio Caçapa evidenciou as contradições do planejamento do Botafogo.
Enquanto John Textor reforça a ideia de que a temporada só começa entre março e abril, quando começam o Campeonato Brasileiro e a Copa Libertadores, o novo auxiliar técnico do clube afirmou que precisa de tempo para que o time volte a jogar melhor do que vem apresentando.
— Ainda não estamos conseguindo mostrar tudo que podemos. Tudo é o tempo. Lógico que precisamos acelerar esse tempo, o mais rápido possível voltar a jogar melhor do que estamos jogando. Hoje, um jogo atípico, sabíamos que seria difícil — afirmou Caçapa em entrevista coletiva.

Antes da chegada do novo interino Caçapa, o elenco principal do Botafogo trabalhou durante 31 dias com Carlos Leiria, técnico do sub-20 alvinegro. Neste período, o time apresentou pouca evolução e perdeu o título da Supercopa Rei.
Por outro lado, um possível novo treinador terá, no máximo, 36 dias até a estreia do Botafogo no Campeonato Brasileiro. Levando em consideração a dificuldade que o clube tem encontrado para fechar com um novo treinador, é provável que este período de preparação para o Brasileirão seja ainda menor.
A diretoria do Botafogo, é claro, se escora em 2024 para acreditar que o tempo não é tão importante assim. No último ano, o técnico Artur Jorge foi contratado com a fase de grupos da Copa Libertadores já em andamento e poucos dias antes da estreia no Campeonato Brasileiro, depois de mais de 40 dias com o interino Fábio Matias.
Por mais que Caçapa tenha sido contratado para pavimentar o terreno para o próximo treinador efetivo, a pobre atuação na derrota para o Racing deixou claro que ele tem muito trabalho pela frente. E, se pouco ou nada mudar, o futuro técnico também terá.
Botafogo acumula negativas de treinadores
Sem treinador desde o começo de janeiro, quando foi oficializada a saída de Artur Jorge, o Botafogo convive com negativas de treinadores.
A primeira opção de Textor foi André Jardine, ex-São Paulo e Seleção Brasileira sub-20. O técnico, no entanto, optou por seguir no América, do México.
Com a negativa de Jardine, o Botafogo passou a buscar diversas opções no mercado. E ouviu alguns “nãos”. Tata Martino, ex-Inter Miami, disse que não gostaria de voltar a trabalhar no momento. Já Rafa Benítez, que também foi procurado por Textor, não se animou com a ideia de trabalhar no Brasil.
Textor também procurou o português Paulo Fonseca. Mas, assim como Rafa Benítez, o treinador recusou a possibilidade de trabalhar no Brasil. Agora, ele comanda o Lyon, clube do americano na França.
Dessa forma, Vasco Matos, que já estava no radar do Botafogo desde o meio de janeiro, passou a ser o favorito para o cargo. Mas o negócio não foi efetivado.
Tite e Roberto Mancini também foram procurados pelo Botafogo. Textor gosta do técnico italiano, mas os valores pedidos por Mancini são considerados altos. Já sobre Tite, as negociações não andaram até o momento.