Após anos difíceis, Internacional aposta tudo contra o Fluminense
Depois de muitas frustrações nos últimos anos, gestão do Internacional, do presidente Alessandro Barcellos, aposta todas suas fichas na conquista da Libertadores

Quase sete anos se passaram do fatídico 11 de dezembro de 2016. No Estádio Giulite Coutinho, em Mesquita/RJ, o empate em 1 a 1 com o Fluminense sacramentou o inédito rebaixamento do Internacional para a Série B do Campeonato Brasileiro. Muita coisa aconteceu até o Colorado reencontrar o Tricolor Carioca na semifinal da Libertadores, que inicia na noite desta quarta-feira (27), às 21h30min, no Maracanã.

O processo de reconstrução foi árduo. O acesso em 2017 veio sem o título da Série B, que ficou com o América-MG. Mesmo que nos anos seguintes o Inter tenha voltado a figurar entre as principais equipes do futebol nacional, sendo vice-campeão da Copa do Brasil de 2019 e vice-campeão do Brasileirão em 2020 e 2022, a sucessão de frustrações machucaram a torcida colorada.
O presidente Alessandro Barcellos, que iniciou sua gestão em 2021, após ter sido vice-presidente de futebol no ano anterior, pegou um clube endividado e com seca de títulos. A última conquista do Inter foi o Campeonato Gaúcho de 2016. De troféu relevante, lá se vão 12 anos da Recopa Sul-Americana.
Gestão com início ruim e reformulação de elenco
O primeiro ano e meio de gestão foi terrível desportivamente. Os treinadores Miguel Ángel Ramirez, Diego Aguirre e ‘Cacique' Medina fracassaram. Somaram-se eliminações vexatórias para Vitória, Olimpia e Globo/RN em confrontos de mata-mata. O elenco, desgastado com a torcida, urgia reformulação.

Foi o que a direção promoveu ao longo de 2022. Saíram figuras como Marcelo Lomba, Victor Cuesta, Rodrigo Dourado, Rodrigo Lindoso e Patrick. Ao final do ano, Edenilson. Chegaram peças que montaram a espinha dorsal do time vice-campeão brasileiro, sob o comando de Mano Menezes: Bustos, Vitão, Renê, De Pena, Alan Patrick e Wanderson.
Mesmo com o bom trabalho na reta final do Brasileirão do ano passado, Mano não passou incólume de eliminações doídas, dentro de casa, para Melgar, na Copa Sul-Americana de 2022, e para Caxias, no Gauchão, e América-MG, na Copa do Brasil, ambas em 2023. Isso pesou para sua demissão, em julho, além do desempenho fraco da equipe — ainda que viesse de somente uma derrota nos seus últimos 11 jogos.

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Coudet, o treinador dos sonhos de Barcellos
Eduardo Coudet sempre foi o treinador dos sonhos do presidente Alessandro Barcellos. Os dois construíram ótima relação em 2020. A conturbada saída do argentino esteve muito mais atrelada a desentendimentos com o então mandatário Marcelo Medeiros e com o executivo de futebol Rodrigo Caetano.
Agradeço a parceria com o “Chacho” Coudet no clube.
Esses meses foram muito proveitosos para o crescimento da equipe durante a atual temporada. Gostaria que o tempo fosse maior, mas desejo todo o sucesso na carreira e torço que o seu caminho com o Inter se cruze novamente. pic.twitter.com/tyDCN4vwRg
— Alessandro Barcellos (@BarcellosSCI) November 9, 2020
Ao longo da presidência de Barcellos, no entanto, Coudet quase sempre esteve empregado. Primeiro no Celta de Viga, da Espanha, e depois no Atlético-MG. A saída do Galo deu brecha para a mudança no comando técnico do Inter antes do início das fases eliminatórias da Libertadores.
Contratações de hierarquia
Além de Coudet, o presidente apostou alto em contratações de hierarquia visando à conquista continental. Durante o ano, chegaram peças do calibre de Rochet, Aránguiz e Enner Valencia. Isso sem falar em “coadjuvantes”, também experientes, como Hugo Mallo e Bruno Henrique.
O Inter encorpou. Foi vibrante, sanguíneo e competitivo para passar por River Plate e Bolívar. Depois de oito anos, voltou a uma semifinal de Libertadores. Passou a alimentar na torcida a esperança de conquistar o tricampeonato e terminar com o jejum de títulos.

Mas isso cobra um preço. De forma literal, no caso financeiro, já que os grandes investimentos vão exigir retorno técnico para não causar prejuízo aos cofres do clube, e também dentro de campo. O foco na Libertadores complicou a campanha no Campeonato Brasileiro, onde o Colorado é apenas o 13º colocado, estando a cinco pontos da zona de rebaixamento. Se não conquistar o título continental, terá dificuldades para estar na principal competição da América do Sul em 2024.
Por isso os duelos com o Fluminense são tão importantes. Em jogo, ainda está a reeleição do presidente Alessandro Barcellos. Nos últimos meses da gestão, que encerra ao final do ano, o mandatário deu seu “all-in“. E a torcida colorada, sedenta por conquistas, espera que funcione.