Brasil precisa jogar (muito) mais e depender menos de Endrick se quiser vaga nos Jogos Olímpicos
Seleção sub-23 até estreou com vitória por 1 a 0 sobre a Bolívia, mas o desempenho ficou muito abaixo do esperado
O Brasil estreou no torneio pré-olímpico com vitória por 1 a 0 sobre a Bolívia, na última terça-feira (23), mas basta uma breve análise sobre as entrevistas de jogadores e do técnico Ramon Menezes após a partida para perceber que os brasileiros tiveram muito pouco a comemorar, além do resultado. O placar magro e o desempenho abaixo do esperado contra um rival frágil deixaram mais dúvidas do que esperanças sobre a seleção brasileira sub-23 na briga por uma vaga nos Jogos Olímpicos de Paris.
– Feliz pela vitória, logo na estreia. Sempre bom começar assim. Não foi um dos melhores jogos. Por ser estreia, todos nós estávamos um pouquinho nervosos, é normal. Foi um jogo muito truncado. Acho que estamos no caminho certo. Erramos algumas coisas, mas teve muita coisa boa também – disse Marlon Gomes.
– É muito importante estrear ganhando, a gente sabe que foi um jogo difícil. Sabemos que a Bolívia tem uma boa equipe. Mas conseguimos sair ganhando, que é o que a gente precisa – completou o volante Bruno Gomes.
De fato, a estreia valeu por apenas três minutos. Foi tempo suficiente para Endrick abrir o placar, após John Kennedy ganhar uma disputa na bola aérea. O camisa 9, de quem tanto se espera, resolveu. Mas é pouco para quem pretende ir às próximas Olimpíadas. O que dirá, defender o bicampeonato olímpico, com dois ouros conquistados nos Jogos do Rio, em 2016, e Tóquio, em 2020 – mas disputados em 2021 devido à pandemia do Coronavírus.
– Cumprimos nosso objetivo, que era o de vencer o primeiro jogo. Enfrentamos uma seleção qualificada, que fez uma excelente partida na rodada inicial do Pré-Olímpico, empatando com a Venezuela por 3 a 3, depois de estar perdendo por 3 a 1. Vamos crescer jogo a jogo durante a competição, fazendo as correções necessárias. Começamos com saldo positivo, com três pontos, e deixando para trás o peso da estreia – justificou e projetou o técnico Ramon Menezes.
Brasil precisa jogar mais e depender menos de Endrick
“Eu prometo sempre dar a minha vida pelo Brasil. Deus vai decidir se vou fazer gol ou não, se vou ajudar em alguma coisa. A coisa que eu mais quero é dar minha vida pelo Brasil”. As palavras de Endrick condizem com o que ele fez em campo na estreia. Além do gol, o atacante foi sempre o jogador mais perigoso da equipe. Mas o camisa 9 – e a Seleção – precisa que o restante da equipe jogue na mesma toada. Especialmente, John Kennedy, que até deu a assistência para o gol, mas não foi nem de perto o jogador decisivo que é pelo Fluminense.
Contra a Bolívia, o Brasil abriu o placar cedo, mas não usou a vantagem a seu favor. Pelo contrário. Após o gol, a equipe pouco criou na primeira etapa. Só voltou a levar perigo no segundo tempo, com duas bolas na trave. E ainda viu a seleção boliviana encerrar a partida com mais posse de bola (54% contra 46%), algo impensável no confronto entre as duas seleções.
Uma Seleção com tanto talento individual do meio para frente encerrou a partida com uma estatística positiva no sistema defensivo. O Brasil foi o único time que não cedeu uma finalização sequer no gol ao adversário. A Bolívia finalizou nove vezes: seis para fora e três, bloqueadas.
Mas é pouco perto do que se espera e do que pode ser feito. O melhor momento do Brasil no jogo foi quando Mauricio e Gabriel Pec entraram nas vagas de Guilherme Biro e Marquinhos. A Seleção conseguiu ficar com a bola e entrar na área para criar chances e finalizar. Pode ser um caminho ao técnico Ramon Menezes para encontrar uma formação ideal. E para levar a seleção brasileira a Paris.
O caminho do Brasil no pré-olímpico
Após “descansar” na primeira rodada, o Brasil assumiu a segunda colocação do Grupo A do pré-olímpico, atrás do Equador devido ao saldo de gols. A seleção equatoriana estreou com vitória por 3 a 0 sobre a Colômbia. A Venezuela, dona da casa, é a outra integrante da chave, cujos jogos serão todos disputados em Caracas, no Estádio Brigidio Iriarte.
O pré-olímpico da Conmebol reúne dez equipes divididas em dois grupos para disputar duas vagas nos Jogos Olímpicos de Paris. Do outro lado, o Grupo B é formado por Peru, Argentina, Paraguai, Uruguai e Chile. Conforme o regulamento, as duas melhores seleções de cada chave avançam para um quadrangular final. Campeão e vice-campeão nesta segunda fase garante a classificação para as Olimpíadas.
Os jogos do Brasil:
3ª rodada – Brasil x Colômbia – sexta-feira (26), às 20h (horário de Brasília);
4ª rodada – Brasil x Equador – segunda-feira (29), às 17h (horário de Brasília);
5ª rodada – Venezuela x Brasil – quinta-feira (1), às 20h (horário de Brasília).