‘Não importava meu aniversário, éramos campeões’: Torcedor do Racing baleado no Rio se emociona
Horas antes de jogo de volta da final da Recopa Sul-Americana, Gabriel Gago ficou entre a vida e a morte

Apaixonado pelo Racing, o torcedor Gabriel Gago, de 42 anos, viajou da Argentina para o Brasil para acompanhar a Recopa Sul-Americana, no início do ano, mas o sonho de ver o seu time conquistar um título se tornou um pesadelo.
No dia 26 de fevereiro, um dia antes da partida de volta contra o Botafogo, ele foi baleado na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro, após um assalto e foi encaminhado a um hospital em estado grave.
Após duas cirurgias e cinco dias desacordado, o torcedor do Racing se recuperou e já está em sua casa, no bairro Villa del Parque, em Buenos Aires. Em uma entrevista emocionante ao diário “Olé”, Gabriel Gago relembrou as cenas de terror e o longo processo de recuperação.
MANO A MANO CON OLÉ 🎙️
— Diario Olé (@DiarioOle) April 1, 2025
➡️ Gabriel Gago, el hincha de Racing que fue baleado en Brasil antes de la Recopa Sudamericana, habló sobre las heridas que le dejaron los disparos. Por pedido del entrevistado, no mostraremos fotos de las cicatrices.
🗣️ "Tengo algunas secuelitas: tengo… pic.twitter.com/JSNJ3wp6TM
Cenas de terror
Após a vitória do Racing por 2 a 0 sobre o Botafogo, no Estádio Presidente Perón, em Avellaneda, na ida da Recopa, Gago juntou a família e foi para o Rio de Janeiro com a expectativa de acompanhar mais um título. Empolgado com a conquista da Copa Sul-Americana no ano anterior, o torcedor do Racing aproveitou para realizar uma espécie de “mini férias” no Rio. Ao lado de familiares, Gabriel Gago escolheu a praia da Barra da Tijuca para passear.
Contudo, enquanto estava sentado em uma cadeira de praia, o torcedor do Racing percebeu que seu cunhado, Cristian Pagani, foi abordado por duas pessoas. Um ladrão que estava em uma moto saiu do calçadão para roubar um cordão.
— Vi um tumulto, uma situação tensa. Não sabia porque, se era por causa da rivalidade entre Argentina e Brasil. Me levantei da cadeira para ajudar Cristian. Quando me aproximei, vi um deles sacar sua arma e atirar à queima-roupa.
O cunhado caiu de bruços no chão e Gago tentou desarmar o criminoso, porém, recebeu dois disparos, um no braço e outro no peito. Apesar dos ferimentos, o torcedor do Racing continuou de pé, mas logo se deu conta do que estava acontecendo:
— Fiquei parado e chocado com o que estava vivenciando. Pensei que não podia ser verdade. E quando olhei para o meu peito, o sangue estava jorrando, como em um filme de guerra.
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Gabriel Gago se deparou com a morte
A exactamente un mes de la agresión sufrida en Río, Gabriel Gago estuvo en el Cilindro junto a su familia y vivió una mañana inolvidable: todo el plantel, el cuerpo médico, el cuerpo técnico, el presidente Diego Milito y el director deportivo Sebastián Saja lo recibieron con el… pic.twitter.com/ehD1uA2ZJW
— Racing Club (@RacingClub) March 26, 2025
No trajeto para o hospital, o torcedor do Racing chegou a se despedir da esposa, pensando que não sobreviveria aos disparos. Depois de avaliarem Gago, os médicos constaram que uma das balas atingiu o diafragma, o fígado, a vesícula e o estômago. Para evitar sangramento na região, Gabriel Gago foi medicado e passou por cirurgia. Dois dias depois, no dia 1 de março ele passou por nova operação — essa mais delicada e que durou cinco horas.
Foi somente no dia 4 que Gago acordou. A data também marcava seu aniversário. Os familiares do torcedor do Racing explicaram o que estava acontecendo e onde ele estava. Além disso, recebeu a notícia que estava mais ansioso para descobrir.
— Minha cunhada estava usando a camisa do Racing que os meninos do time autografaram para mim e me foi enviada por Milito (Diego, ídolo e presidente do clube) e Costas (Gustavo, treinador), quando estavam com meus filhos.
— Aquele dia era meu aniversário. Eles me lembraram disso e me disseram que éramos campeões da Recopa. Foi muita informação para mim. De repente, a última coisa com que me importava era meu aniversário, mas sim o fato de termos sido campeões.
Racing cuidou de seu torcedor
❤️🩹🗣 "RACING SE PORTÓ EXCELENTE"
— Diario Olé (@DiarioOle) April 1, 2025
▶ Gabriel Gago, el hincha de Racing baleado en Brasil, contó el trato excepcional que tuvo la Academia tanto en Rio de Janeiro como en Buenos Aires con él y su familia antes, durante y después de la consagración en la Recopa
💻🗞La nota… pic.twitter.com/YgG3eN8PgU
Desde o primeiro dia, o Racing prestou todo seu apoio a Gabriel Gago. O torcedor conta que elenco, jogadores e dirigentes do clube o visitaram no hospital durante sua internação após o título da Recopa Sul-Americana:
— Minha filha me contou que no dia da consagração, Martirena (lateral) fez a brincadeira: “Nós vamos para o hospital com a Taça, nós vamos para o hospital com a Taça.” Tudo isso gerou em mim uma emoção, uma alegria imensa.
Torcedores do Racing e até mesmo do Independiente (arquirrival) enviaram mensagens de apoio a Gabriel Gago. Gago fala com orgulho de como seu clube cuidou de seus filhos em meio ao horror vivido.
— Minha filha e Thiago (enteado) haviam retornado para Buenos Aires em um voo com o Racing. Eles levaram meus filhos para o estádio (em Avellaneda), os colocaram no campo e os tiraram do pesadelo que estávamos vivendo. Eles nos fizeram participar das comemorações pela conquista da Recopa.
O Racing também providenciou um voo comercial para Gago com tudo pago para voltar para casa. Agora, o torcedor tem apenas um desejo: finalmente assistir à vitória por 2 a 0, no Nilton Santos, para celebrar a taça da Recopa.
— Ainda não tivemos a oportunidade (ver o jogo). Porque tem que ser como um grande evento. Vê-lo, vivê-lo, mesmo que já saibamos o resultado. Eu quero viver (título da Recopa Sul-Americana) de alguma forma.