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Por problemas cardíacos, Agüero encerra a carreira aos 33 anos: “Saúde em primeiro lugar”

O atacante sofreu arritmia cardíaca em campo no final de outubro e foi aconselhado a colocar ponto final em uma das trajetórias mais vitoriosas do futebol

Sergio Agüero, que sofreu uma arritmia cardíaca em campo contra o Alavés no final de outubro, anunciou o fim da sua carreira, aos 33 anos, nesta quarta-feira, por problemas de saúde. O atacante que defendeu Independiente, Atlético de Madrid e Manchester City, além da seleção argentina, havia acabado de começar o seu contrato com o Barcelona.

O anúncio foi feito entre lágrimas e muita emoção no Camp Nou, com a presença do presidente do clube catalão Joan Laporta, do técnico Xavi Hernández, e também de Pep Guardiola, que o comandou no Manchester City, e do diretor de futebol dos ingleses, Txiki Begiristian.

Em 12 de novembro, uma rádio catalã havia divulgado informações de que o problema no coração de Agüero era sério e o obrigariam a se aposentar. O argentino veio a público dizer que ainda não havia tomado essa decisão e que seria monitorado pelos próximos três meses para que o seu tratamento fosse acompanhado de perto.

Agüero afirmou que tomou a decisão 10 dias atrás, após fazer “tudo que fosse possível caso houvesse uma chance”, mas não havia alternativa. “Levei alguns dias para processar, quando a decisão já era definitiva. Eu mesmo colocava na cabeça que ainda era possível. Mas, friamente, eu via que não poderia ser”, afirmou.

“Eu decidi parar de jogar futebol. É um momento muito difícil. A minha saúde em primeiro lugar. Eu vou de cabeça erguida e muito feliz. Não sei o que me esperará na outra vida, mas sei que tenho muita gente que gosta de mim e que quer o melhor para mim”, acrescentou. “Estou muito feliz com minha carreira. Sempre sonhei em jogar futebol desde que chutei a primeira bola aos cinco anos”.

Segundo Agüero, os médicos lhe informaram que havia uma possibilidade muito grande de que não pudesse continuar a carreira no momento em que fez o primeiro teste físico na sua recuperação. “Quero ser feliz fora do futebol e poder desfrutar os momentos que você perde como jogador. Muita gente pensa que é fácil ser jogador, mas garanto que não é. Treinar todos os dias, viajar, jogar… Acredito que a maioria deveria ter respeito enorme com os jogadores de futebol. Seguirei vinculado ao futebol, com certeza”, afirmou o maior artilheiro da história do Manchester City.

Entre as mensagens de apoio que inundaram as redes sociais, o Real Madrid afirmou que foi uma “honra” competir com um jogador como Agüero, “um dos melhores do mundo”. Leonel Messi escreveu uma carta.

“Praticamente toda uma carreira juntos, Kun. Vivemos momentos muito lindos e outros que não foram tanto assim. Todos eles fizeram com que nos uníssemos cada vez mais e fôssemos mais amigos. E continuaremos vivendo juntos fora de campo. Com a grande alegria de levantar a Copa América há tão pouco tempo, com todos os feitos que você conseguiu na Inglaterra.. e a verdade é que agora dói muito ver como tem que parar de fazer o que mais gosta por causa do que aconteceu com você”, escreveu o jogador do PSG no Instagram.

“Com certeza continuará sendo feliz porque é uma pessoa que transmite felicidade. E nós que gostamos de você estaremos com você. Agora, começa uma nova etapa da sua vida e estou convencido de que a viverá com um sorriso e com toda a emoção que você coloca em tudo. Tudo de melhor nesta nova etapa. Gosto muito de você, amigo, vou sentir muita falta de estar com você dentro de campo e quando estivermos com a seleção”, completou.

Formado pelo Independiente, Agüero entrou no futebol europeu pelo Atlético de Madrid, em 2006, e explodiu como um dos jogadores mais promissores do mundo Conquistou a Liga Europa de 2009/10. Foi contratado em 2011 pelo Manchester City, no início do projeto dos Emirados Árabes, e foi rapidamente galgando posições na lista de maiores ídolos da história do clube, especialmente depois de marcar o gol contra o Queens Park Rangers na rodada final da Premier League de 2011/12 que quebrou um jejum de 34 anos sem títulos ingleses.

Com 260 gols em 390 jogos, ninguém fez mais gols com a camisa do Manchester City do que Agüero. Ele também é o estrangeiro que mais redes balançou na Premier League, recordista de hat-tricks e tem a melhor média de tentos por minuto da era moderna da liga inglesa, com um a cada 108 em campo. Foi cinco vezes campeão nacional pelo City e também conquistou a Copa da Inglaterra seis vezes. Pela seleção argentina, foram 41 gols em 101 jogos, uma medalha de ouro olímpica e a Copa América, sua última conquista antes da aposentadoria.

Chegou ao Barcelona ao fim do seu contrato em momento difícil para o clube catalão, que perdeu Lionel Messi quase ao mesmo tempo. Por problemas físicos, conseguiu estrear apenas em outubro e sofreu a arritmia cardíaca que colocou um ponto final na sua carreira em seu quinto e último jogo pelo Barça. Destacou três gols especiais da sua trajetória: uma pintura contra o Racing, pelo Independiente, quando tinha apenas 17 anos; aquele contra o QPR; e o único que anotou vestido de azul-grená, diante do Real Madrid. E também o último de um dos maiores goleadores da sua geração.

Foto de Bruno Bonsanti

Bruno Bonsanti

Como todo aluno da Cásper Líbero que se preze, passou por Rádio Gazeta, Gazeta Esportiva e Portal Terra antes de aterrissar no site que sempre gostou de ler (acredite, ele está falando da Trivela). Acredita que o futebol tem uma capacidade única de causar alegria e tristeza nas mesmas proporções, o que sempre sentiu na pele com os times para os quais torce.
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