Messi é suspenso por quatro jogos. O que isso significa para a classificação da Argentina?

A Argentina recebeu uma notícia difícil de digerir: a Fifa decidiu punir Messi, com quatro jogos de suspensão, por ele ter insultado o auxiliar brasileiro Dewson Silva. Apesar de o árbitro Sandro Meira Ricci não ter relatado o incidente na súmula, o comitê disciplinar da entidade mundial interveio e aplicou a sanção, que tira o craque argentino de quatro dos últimos cinco jogos da seleção pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2018.
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A rigorosa punição da Fifa é incomum para um caso desses, ainda mais sem o relatório oficial do árbitro da partida, e a Federação Argentina já prometeu que irá recorrer. Mas o que ela significa para a campanha albiceleste nas Eliminatórias do Mundial da Rússia? A situação atual não é das mais confortáveis. A equipe de Edgardo Bauza ocupa a terceira posição, mas com apenas dois pontos a mais do que sexto colocado Chile. Os quatro primeiros ganham vaga direta, o quinto disputa a repescagem.
Ou seja, os argentinos ainda têm trabalho a fazer para carimbar o passaporte. Esse trabalho fica muito mais difícil sem Messi. Muito, muito mais difícil, mesmo considerando que estamos tirando um dos melhores de todos os tempos da equação.
Com Messi, a Argentina tem 83% de aproveitamento nas Eliminatórias para a Copa de 2018, com cinco vitórias e uma derrota – para o Brasil, em Belo Horizonte -, enquanto que, sem ele, o aproveitamento cai para 33%. Sem Messi, a Argentina só conseguiu ganhar da Colômbia, empatou com Peru, Venezuela, Paraguai e Brasil e foi derrotada, em casa, pelo Equador e pelos paraguaios.
Mesmo com essa porcentagem baixíssima, que deixaria a Argentina na oitava posição das Eliminatórias, a situação é menos periclitante do que se imagina. Aplicando esses 33% nos próximos quatro jogos – quatro pontos em 12 possíveis – a equipe chegaria a 26 pontos, com o retorno de Messi para uma partida crucial contra o Equador na última rodada. E, com pelo menos 28 pontos, nenhuma seleção ficou abaixo da quarta posição no atual formato do torneio de apuração da América do Sul.
Olhando os jogos, dá para imaginar a Argentina atingindo essa pontuação até antes do encontro com o Equador. Os próximos dois duelos são difíceis, contra a Bolívia, na altitude, e contra o Uruguai, em Montevidéu. No entanto, na sequência, os albicelestes encaram Venezuela e Peru, dois dos três últimos colocados, em casa. Com ou sem Messi, a Argentina tem totais condições de vencer essas duas partidas. O problema é que a equipe de Edgardo Bauza não mostra evolução coletiva em relação à de Tata Martino, que sofreu contra esses adversários, longe de seus domínios, e foi derrotada por Paraguai e Equador, em casa.
A Argentina, com Di María e Mascherano, Higuaín e Agüero, Dybala e Icardi à disposição (embora este último não esteja entre os convocados), entre outros, não deveria precisar tanto de Messi para alcançar uma missão relativamente fácil diante de tantos recursos. Mas tem precisado. E, mesmo contando com ele em quase metade das partidas, tem sido mais difícil do que se imaginava ficar pelo menos entre os cinco primeiros em um grupo com dez seleções. Com ou sem vaga na Rússia, essa já é a tragédia da seleção argentina.
Com Messi (5V, 1D, 83%):
Argentina 1 x 0 Chile
Argentina 3 x 0 Colômbia
Brasil 3 x 0 Argentina
Argentina 1 x 0 Uruguai
Argentina 2 x 0 Bolívia
Chile 1 x 2 Argentina
Sem Messi (1V, 4E, 2D, 33%)
Argentina 0 x 1 Paraguai
Peru 2 x 2 Argentina
Venezuela 2 x 2 Argentina
Colombia 0 x 1 Argentina
Argentina 1 x 1 Brasil
Paraguai 0 x 0 Argentina
Argentina 0 x 2 Equador