Sobraram astros, faltou futebol: A Argentina vence, mas precisa se repensar com urgência

A Argentina reage nas Eliminatórias a duras penas. O time de Edgardo Bauza continua distante de apresentar um futebol convincente. E, nesta quinta, conquistou uma vitória um tanto quanto sofrível no Monumental de Núñez. Com um gol de pênalti logo aos 16 minutos do primeiro tempo, a Albiceleste superou por 1 a 0 o Chile, algoz nas duas últimas finais da Copa América. Entretanto, durante o final do duelo, os anfitriões precisaram suportar uma pressão imensa para garantir o resultado. Assumem a terceira colocação na tabela, mas deixando mais questionamentos do que certezas. Já os chilenos saem da zona de classificação, em sexto, mas com a mesma pontuação do Equador, em quinto, e a dois pontos dos argentinos.
Na escalação inicial, Bauza apostou em um ataque recheado. Entrou em campo com Lionel Messi, Sergio Agüero, Ángel Di María e Gonzalo Higuaín na linha de frente. A badalação de seu setor ofensivo, contudo, não resultou necessariamente em ofensividade. E os argentinos tomaram um susto logo nos primeiros minutos, quando José Pedro Fuenzalida balançou as redes, mas estava impedido. A resposta da Albiceleste veio pouco depois, em boa saída do gol de Claudio Bravo, evitando o gol por cobertura de Di María. Já aos 16, o pênalti que determinou o placar. Di María caiu na área após contato com Fuenzalida e Sandro Meira Ricci marcou. Na cobrança, Messi chutou com firmeza, na lateral da rede, deslocando Bravo.
O gol garantia certa tranquilidade à Argentina, mas o que se viu foi desleixo. Tirando um chute pelo lado de fora da rede, de Agüero, se desenrolaram minutos de marasmo. Faltava encaixe nas jogadas ofensivas, sem que os jogadores se aproximassem. Havia um buraco na intermediária, preponderando a lentidão. E não que o Chile fizesse uma partida tão brilhante assim na defesa. No máximo, a Albiceleste encontrou uma chance claríssima de ampliar aos 44, após cobrança de falta. Nicolás Otamendi fez questão de isolar na pequena área.
Já na segunda etapa, o Chile cresceu. La Roja também não vive um bom momento sob as ordens de Juan Antonio Pizzi, mas melhorou pela necessidade. Diante de um adversário tão desencontrado, conseguia se colocar no campo de ataque. Aos 19 minutos, em cobrança de falta na entrada da área, Alexis Sánchez acertou o travessão, antes de Jean Beausejour obrigar uma defesa toda estranha de Sergio Romero. Bauza mandou Banega na vaga de Agüero, mas a substituição surtiu pouco efeito. Os chilenos buscavam o empate, forçando faltas na entrada da área.
Aos 25, o Chile assumiu a postura ofensiva de vez, com Jorge Valdívia entrando no lugar do volante Francisco Silva. E a Argentina se apequenou. Não conseguia sequer encaixar contra-ataques. Foram minutos de aflição para a Albiceleste, sobretudo nos acréscimos. Os chilenos rondavam a área e defesa de Bauza ia afastando como podia. Ao apito final, o alívio. A deficiência dos adversários em concluir as jogadas salvou o time da casa. De maneira até impressionante, ao invés de vaiar, a torcida no Monumental ofereceu seus cânticos à seleção, mesmo que esta não merecesse.
Ao longo da carreira, Bauza se destacou por armar equipes vitoriosas a partir da defesa. E, na Argentina, a falta de inventividade depõe contra o treinador. Nesta quinta, o time pareceu um amontoado de astros que estão longe do melhor momento. Fica o questionamento se não dá para fazer melhor, diante das peças disponíveis. Ángel Correa estava no banco, enquanto Paulo Dybala foi poupado após sentir lesão. Põe-se em xeque inclusive a convocação, na qual, por exemplo, Ezequiel Lavezzi permanece, a despeito de jogadores que poderiam ser muito mais úteis. Pior para o futebol exibido pela Albiceleste, anêmico.