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O eterno 11 a 1 que marca a história do clássico entre Bayern e Dortmund

Bayern de Munique e Borussia Dortmund compõem o maior clássico nacional da Alemanha. Não é exatamente o jogo de maior rivalidade, com as rixas regionais entre os aurinegros e o Schalke 04 superando por muito. No entanto, são os clubes mais bem sucedidos dos últimos 20 anos e dois dos três alemães a já terem conquistado a Champions. A disputa acirrada nas temporadas mais recentes, os jogadores que viraram a casaca e até mesmo o crescimento das duas maiores torcidas, com o Dortmund conquistando mais fanáticos na antiga Alemanha Oriental, ajudam a esquentar os ânimos para o jogo deste sábado.

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Em comum, Bayern e Dortmund são clubes que sofreram juntos com o nazismo. Os aurinegros eram comandados por opositores da extrema direita, em tempos nos quais o Schalke era apoiado por Hitler, enquanto os bávaros possuíam fortes raízes no judaísmo. Diante do holocausto promovido pelo ditador,  dirigentes de ambas as equipes foram perseguidos e alguns mesmo assassinados pelo regime. Entretanto, nem sempre o ápice dos gigantes se coincidiu, como recentemente.

O Dortmund contava com um dos melhores times da Alemanha na década de 1950, época em que o Bayern chegou a ser rebaixado. Por outro lado, a ascensão do timaço de Beckenbauer se combinou com o declínio dos aurinegros. A única temporada em que o Dortmund foi rebaixado na Bundesliga foi a mesma em que os bávaros conquistaram o primeiro dos três títulos nacionais seguidos na década de 1970, que se emendaram com o tri da Champions. Um ano que marcou também a maior humilhação do clássico.

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Os duelos na temporada anterior tinham até sido equilibrados, com dois empates. Entretanto, a visita do Dortmund a Munique em 26 de novembro de 1971 acabou sendo inesquecível. Talvez a maior humilhação que o esquadrão do Bayern impôs naqueles anos: 11 a 1, sem piedade alguma contra os adversários. Quem comandou o show do time de Udo Lattek foi Gerd Müller, autor de quatro tentos. Contudo, todos os craques quiseram tirar uma casquinha: Beckenbauer, Breitner e Hoeness também marcaram seus gols. Só quatro jogadores bávaros passaram em branco naquele dia. E Weinkauff foi quem manteve a honra dos aurinegros, vencendo Sepp Maier quando o marcador já estava em 6 a 0. Tão humilhante que o placar precisou ser improvisado no antigo Estádio Grünwalder.

Aquele foi o pior momento de 1971/72 para o Dortmund, a temporada que culminou na queda à segundona. O retorno aconteceu quatro anos depois e, apesar do resultado engasgado, o máximo que os aurinegros conseguiram contra os bávaros foi uma goleada por 4 a 0. O duelo deste sábado, na Allianz Arena, conta outra vez com os times em situações opostas. O Bayern tenta disparar rumo ao tri, enquanto o Dortmund está uma posição acima da zona de rebaixamento. Por mais que o fantasma do “eterno 11 a 1” persiga, Jürgen Klopp prefere se prender à história recente para iniciar uma guinada. Necessária, diante da situação na tabela.

Foto de Leandro Stein

Leandro Stein

É completamente viciado em futebol, e não só no que acontece no limite das quatro linhas. Sua paixão é justamente sobre como um mero jogo tem tanta capacidade de transformar a sociedade. Formado pela USP, também foi editor do Olheiros e redator da revista Invicto, além de colaborar com diversas revistas. Escreveu na Trivela de abril de 2010 a novembro de 2023.
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