Copa da Alemanha

Após eliminação, Tuchel tenta explicar o inexplicável: “Existem 100 motivos ou talvez nenhum”

O treinador disse que o Bayern de Munique se encontrou no lado errado da magia da copa após ser eliminado por um clube da terceira divisão

Thomas Tuchel teve a missão de explicar o que não tem explicação. Ou tem várias. O Bayern de Munique foi eliminado na segunda rodada da Copa da Alemanha pelo Saarbrücken, da terceira divisão, e pelo quarto ano consecutivo não conquistará o título da competição da qual é o maior campeão. Ele levantou algumas hipóteses, mas ainda deixou claro que os bávaros deveriam ter vencido a partida e, no fim, se encontraram no lado errado da magia das copas.

A derrota ainda foi de virada. O Bayern entrou em campo com um time misto, e Thomas Müller abriu o placar, aos 16 minutos. O Saarbrücken empatou antes do intervalo e segurou o bombardeio dos gigantes, que deram 15 finalizações no segundo tempo. Em um contra-ataque nos acréscimos, Marcel Gaus decretou a grande zebra da semana de copas nacionais na Europa.

Se ainda não se mostra confiável ou avassalador como em outros tempos, o começo de temporada do Bayern ainda é positivo, com 100% de aproveitamento na fase de grupos da Champions League e perto do líder Bayer Leverkusen na Bundesliga. Mas as eliminações precoces na Copa da Alemanha já se tornaram um hábito que incomoda. É a terceira vez nesses quatro anos que cai na segunda rodada.

– Existem 100 explicações ou talvez nenhuma. Queríamos ir para Berlim (palco da final) com todas as nossas forças. É amargo, não podemos compensar. Não é que tenhamos sido arrogantes ou encarado levianamente. Nós nos esforçamos, tentamos de tudo e tivemos que engolir uma pílula amarga no último chute a gol – disse Tuchel.

Ele reconheceu alguns erros do seu time. Houve problemas para “se adaptar ao estilo de jogo agressivo” e queria levar o jogo mais para o campo adversário, o que “não conseguimos na primeira parte mas foi melhor na segunda”. Também admitiu que alguns jogadores do elenco relativamente curto do Bayern não estavam com ritmo de jogo.

– Todos os que dizem que ainda tínhamos que vencer têm razão. Dissemos nos vestiários que não é hora de apontar o dedo um para o outro. Não é hora de questionar tudo. Vencemos juntos e perdemos juntos. Não será a última derrota de nossas vidas no futebol. Estamos no lado errado da mágica da taça – completou.

“Claro que fizemos muitas coisas erradas”

Um dos líderes do elenco, e geralmente bastante franco, Thomas Müller também não amenizou nas críticas.

– Você pode encontrar muitos motivos. Em 90 minutos, há muitas situações em que você pode fazer melhor. E então, aos 90 minutos, você consegue um contra-ataque… Antes disso, perdemos chances. Claro que estávamos no jogo. Era para ser assim. Se o Saarbrücken elimina o Bayern como uma equipe da terceira divisão, então é claro que fizemos muitas coisas erradas. Talvez possa acontecer de ir para a prorrogação, mas, se você sofrer um gol no último minuto ou pouco antes do final, então é um golpe brutal para nós – disse.

Pressão para o Borussia Dortmund

Após a partida, os torcedores do Bayern de Munique que viajaram a Saarbücken, 400 kms ao oeste de Munique, pareciam irritados conversando com alguns jogadores do elenco ainda no gramado. Segundo o Bild, o problema não era apenas o desempenho ruim, mas também o fato de que a maioria do time foi diretamente para os vestiários, sem cumprimentá-los. O jornal acrescentou que Sané disse aos fãs que não há mais desculpas e que o Bayern precisa de uma boa apresentação no clássico do próximo sábado contra o Borussia Dortmund. Se isso não acontecer, segundo o Bild, ele afirmou que entenderá o descontentamento e a irritação dos torcedores.

– Claro que, como tantas vezes acontece, os torcedores não estão preocupados com o resultado, com um jogo, mas o que não é possível é que no final apenas três ou quatro jogadores entendam como respeitar o apoio. Os rapazes dirigiram centenas de quilômetros para um jogo fora de casa durante a semana para nos apoiar. Isso é o mínimo que você pode fazer para retribuir – disse Thomas Müller, um dos seis que conversaram com os torcedores, além de Sané, Joshua Kimmich, Mathys Tel, Bouna Sarr e Frans Krätzig.

Problema de mercado?

Como disse Thomas Tuchel, com todas as ponderações, o Bayern de Munique ainda deveria ter vencido, mas certas dificuldades na Copa da Alemanha podem refletir os problemas do último mercado de transferências. Os bávaros deixaram muitos jogadores saírem e não conseguiram fechar as reposições no dia do fechamento. As prioridades eram o meio-campo e o ataque que perderam Ryan Gravenberch para o Liverpool e Benjamin Pavard para a Internazionale quase de última hora.

Na rotação, o Bayern ainda teve que escalar jogadores como Müller, Kimmich, Matthijs de Ligt, Leroy Sané e Kim Min-Jae, que estão jogando com regularidade, ainda que nem todos sejam sempre titulares. O problema na defesa ficou claro, e maior, quando De Ligt saiu machucado, aos 25 minutos. Tuchel o substituiu por Konrad Laimer e teve que recuar Kimmich à zaga. O holandês sofreu uma ruptura parcial do ligamento do seu joelho direito e deve ficar algumas semanas fora. O clube estuda a contratação temporária do Jérôme Boateng como uma solução emergencial.

Outro ponto de discussão da derrota foi a decisão de Tuchel de não utilizar Harry Kane, que estava no banco de reservas, apesar do jogo ainda estar indefinido. O treinador afirmou que não queria queimar sua última substituição: “Eu queria esperar até a prorrogação, se houvesse prorrogação”. Mas não houve.

Foto de Bruno Bonsanti

Bruno Bonsanti

Como todo aluno da Cásper Líbero que se preze, passou por Rádio Gazeta, Gazeta Esportiva e Portal Terra antes de aterrissar no site que sempre gostou de ler (acredite, ele está falando da Trivela). Acredita que o futebol tem uma capacidade única de causar alegria e tristeza nas mesmas proporções, o que sempre sentiu na pele com os times para os quais torce.
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