Beckenbauer e Pelé nutriram linda amizade no New York Cosmos, que teve a honra de contar com a dupla
O galático New York Cosmos dos anos 70 teve Pelé e Franz Beckenbauer, dupla que nutria relação de irmãos

Campeão da Europa e do mundo com a Alemanha, tri da Champions League e tetra da Bundesliga pelo Bayern de Munique. Com esse currículo e muito futebol para jogar, o histórico Franz Beckenbauer, com apenas 31 anos, decidiu largar os Bávaros para se aventurar nos Estados Unidos em 1977. O clube escolhido não poderia ser outro: o galático New York Cosmos, que já tinha “apenas” Pelé e o artilheiro italiano Giorgio Chinaglia. O próprio Kaiser, falecido nesta segunda-feira (8), definiu seu movimento e os colegas, como pioneiro, abrindo uma era de ouro do soccer, que ainda teve Johan Cruyff, Gerd Muller e outros craques no território estadunidense.
Junto do alemão veio também Carlos Alberto Torres, capitão do tri da Seleção Brasileira. Com Beckenbauer, Pelé, Capita e Chinaglia tudo foi um sonho para o clube. A North American Soccer League (NASL, então principal campeonato do país) foi uma presa fácil para aquele elenco estrelado, que lotava estádios e chegou a levar mais de 77 mil pessoas ao Giants Stadium. Logo no primeiro ano, o quarteto conquistou o primeiro dos três títulos que viriam nos próximos quatro anos.
O Rei não participou dos dois títulos seguintes do Cosmos porque aposentou-se em 77. O curto período com Beckenbauer foi o suficiente para nutrir uma das mais lindas amizades do futebol, já cultivada antes pela admiração mútua. Nos gramados, não aconteceram muitos embates históricos, limitados apenas a amistosos. Em um deles, entre Brasil e Alemanha em 1968, o brasileiro mostrou toda sua genialidade ao deixar Kaiser no chão com uma linda caneta.
Franz chegou a vir ao Brasil para visitar Pelé em 1980, durante férias de verão, com o alemão ficando na casa do Rei no Guarujá, litoral de São Paulo.
A conta oficial do maior jogador da história detalhou que brasileiro e alemão eram muito mais do que amigos e tinham uma amizade rara. “Rei Pelé chamava Beckenbauer de irmão”, escreveu.
Eram muito mais que bons amigos. Rei Pelé chamava Beckenbauer de irmão. Parceiros de time, quando jogaram juntos no New York Cosmos, as duas lendas nutriram uma linda e rara amizade, ao longo de toda a vida. Essa é uma despedida difícil para quem ama o futebol. Todavia, esperamos… pic.twitter.com/JeLkbuMKjZ
— Pelé (@Pele) January 8, 2024
Beckenbauer sofreu com críticas na Alemanha, mas adorou os Estados Unidos
A Alemanha não reagiu bem à mudança do ídolo para os Estados Unidos. “Traidor”, “mercenário”, foram alguns dos termos utilizados pela mídia alemã para definir o Kaiser, trocando a Alemanha por uma aventura estadunidense a um ano da Copa do Mundo de 1978. Beckenbauer não se abalou e aproveitou cada momento, conforme revelou em várias entrevistas após a passagem no Cosmos.
– Esse foi o melhor período da minha vida. Morei perto do Central Park e pude vivenciar da melhor forma uma cidade extraordinária. A nível futebolístico, fomos verdadeiros pioneiros. Contribuímos para o crescimento do futebol nos EUA numa altura em que a NASL recrutava estrelas de primeira classe, desde Johan Cruyff a George Best até Gerd Muller – disse, há alguns anos, em entrevista à revista Sports Illustrated.

Ele adorava não ser reconhecido nas ruas de Nova York, podendo caminhar a vontade sem ser incomodado. Tal atitude seria impossível em seu país. “Na Alemanha, eu não conseguia andar dois metros sem ser parado. Isto é o paraíso”, chegou a dizer certa vez.
Em 1980, Franz retornou à Alemanha e ainda venceu uma Bundesliga com o Hamburgo, retomando o respeito e admiração após a troca de três anos antes. Ainda voltaria ao Cosmos em 1983, antes de se aposentar, finalizando a passagem com a camisa verde com 23 gols e 53 assistências em 132 jogos.
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O reencontro da dupla em 2015

Em abril de 2015, o New York Cosmos promoveu o reencontro da dupla Pelé e Beckenbauer, dois dos maiores ídolos da equipe, no topo do Empire State. O edifício ficou verde para celebrar a prévia da temporada que viria. Eles pousaram para fotos e, novamente, o alemão falou como o Rei foi decisivo para escolher os Estados Unidos em 1977.
– Eu te contei [Pelé] uma vez que você foi um dos motivos de eu ter assinado pelo New York Cosmos no ano de 1977. Ele veio em 1975 e acho que fomos pioneiros na época porque ninguém aqui no país jogava futebol – exaltou o Kaiser, marcando a última vez que esteve nos Estados Unidos.
Algumas imagens marcantes da passagem de Beckenbauer pelo Cosmos e com Pelé



