Bayern encerra patrocínio que gerou protestos da sua torcida
Após cinco anos e críticas da torcida sobre a associação com um regime ditatorial, Bayern decide encerrar o contrato com empresa aérea

Bayern e Qatar Airways encerraram o contrato de patrocínio por acordo mútuo. O contrato acaba no dia 30 de junho e não será renovado. O clube alemão e a empresa do Catar eram parceiros há cinco anos e o patrocínio foi muito questionado por torcedores e mesmo internamente dentro dos bávaros.
A empresa aparecia na manga da camisa do Bayern, além de em materiais do clube e no centro de treinamento. Os torcedores fizeram repetidos protestos contra o patrocínio da empresa aérea catariana. A crítica é ao regime ditatorial do Catar, que tem usado empresas do país, como a Qatar Airways, para tentar limpar a imagem do país, como fez ao comprar o PSG e especialmente com a Copa do Mundo.
Segundo o Bayern, as trocas abertas criaram uma amizade que irá continuar” mesmo após o acordo terminar. “O FC Bayern e a Qatar Airways trabalharam juntos com sucesso e aprenderam um com o outro. Gostaria de agradecer a Akbar Al Baker, CEO da Qatar Airways, por isso”, afirmou o presidente do Bayern, Jan-Christian Dreesen. “Desejamos aos funcionários da Qatar Airways o melhor para o futuro”.
“A Qatar Airways e o FC Bayern tiveram uma parceria frutífera por anos. O FC Bayern é um grande clube de futebol cujos jogos são acompanhados com alegria e paixão. Desejamos ao time o melhor para o futuro”.
- Patrocínio da Qatar Airways rendia aproximadamente €20 milhões por ano (€100 milhões no total dos cinco anos)
- Protestos vinham de torcedores e associados do clube pelo acordo
- Bayern fazia treinos de intertemporada de inverno no Catar para ativação do acordo
Protestos da torcida contra o patrocínio da Qatar Airways
Em novembro de 2021, em jogo contra o Freiburg, uma bandeira mostrava o CEO do clube, Oliver Kahn, e o presidente do clube, Herbert Hainer, com a mensagem: “Por dinheiro, limpamos qualquer coisa”. Internamente, também houve questionamentos sobre o patrocínio. Os associados do clube ficaram revoltados porque o clube não abriu votação para decidir sobre o patrocínio, com receio que não fosse aprovado.
Em 2021, Kahn foi questionado sobre o assunto e respondeu de uma forma que não satisfez os torcedores. “Quanto mais tempo se passou desde então, mais me incomoda que aquela noite tenha se transformado numa reunião com um único item na agenda. Vamos cumprir o contrato e, enquanto isso, vamos ficar de olho na maneira como as coisas evoluem. O Bayern analisará isso para decidir como proceder depois”, afirmou Kahn, na época.
“O critério econômico também terá um papel importante. É claro que o contrato com a Qatar Airways é lucrativo. Mas isso não significa que não tenhamos analisado outros aspectos também. Não pode ser uma solução condenar esse contrato ao ostracismo ou não dialogar”.
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“A torcida não iria parar de se manifestar”
“Teria havido protestos contínuos e haveria mais raiva na AGM do clube. Ficou claro para o clube que a torcida não iria parar de se manifestar”, disse Alex Salzweger, do grupo de torcedores do Bayern, Club No. 12, à Associated Press.
“Ainda há trabalhadores no Catar hoje, trabalhadores da construção de estádio, que estão esperando pelo seu dinheiro. Eu acho que isso diz tudo. Nada mudou”, continuou Salzweger. “Eu acho que a coisa toda, e provavelmente o fato que eles podem conseguir outro patrocínio, levou o clube a decidir encerrar o contrato. Do modo que foi preciso pagar nenhuma multa contratual. O contrato vai acabar e é isso. É uma solução e estamos satisfeitos”.
“Os sinais dos últimos dias e semanas estavam dizendo outra coisa”, afirmou Michael Ott, membro do Bayern que tentou apresentar um recurso para pedir uma votação sobre o patrocínio, em 2021. “Isso mostra que os torcedores podem ter um impacto quando eles sabem usar os recursos que têm. É um sinal maravilhoso para o esporte, para o Bayern e para nós, torcedores”.