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O Benfica fez um negócio estratosférico ao contratar Orkun Kökçü, capitão e camisa 10 do Feyenoord campeão

Melhor jogador da última Eredivisie, Kökçü chega como maior compra da história do Benfica, mas ótimas perspectivas de impactar de imediato e gerar mais dinheiro no futuro

O Benfica caiu de ritmo na segunda metade da temporada, mas atravessou um 2022/23 bastante especial. Roger Schmidt realizou um trabalho de encher os olhos, o título no Campeonato Português veio com certa segurança e a caminhada na Champions League encantou. Elevar mais o sarrafo será uma missão dura para os encarnados. Mesmo assim, o clube deu um grande passo para demonstrar suas ambições neste final de semana: os benfiquistas anunciaram a contratação de Orkun Kökçü, capitão e camisa 10 do Feyenoord. O meio-campista chega por €25 milhões, com mais €5 milhões possíveis em bônus, e aproximadamente 20% de uma transferência futura aos holandeses. Serão cinco anos de vínculo com o Benfica, com uma cláusula de rescisão na casa dos €150 milhões. É um excelente negócio por um jogador que, além de referência do Feyenoord campeão, também terminou eleito o melhor da última Eredivisie.

Kökçü estava muito bem cotado no mercado de transferências. Formado na base do Feyenoord, o meio-campista tinha sido um dos grandes nomes do clube na campanha até a decisão da Conference 2021/22. Já na atual temporada, o capitão do Stadionclub deu um passo além. As responsabilidades sobre Kökçü se tornaram até maiores, com a saída de vários companheiros e a montagem de uma base titular nova sob as ordens de Arne Slot. Pois o camisa 10 conseguiu se superar: foi ainda mais brilhante, como claro protagonista na conquista da Eredivisie. Foram 12 gols e cinco assistências em 46 jogos por todas as competições, número alto para um volante.

Apesar da ligação umbilical com o Feyenoord, Kökçü indicava sua abertura para buscar novos rumos. E parecia possível ver o meio-campista numa das grandes ligas europeias, depois de duas ótimas temporadas em Roterdã. Entretanto, ele decidiu seguir por outro caminho. A diferença entre os campeonatos nacionais de Portugal e Países Baixos não é tão grande assim. O Benfica, entretanto, parece mais capaz de competir na Champions do que o Feyenoord. O camisa 10 optou por um passo até inesperado, ao seguir para os encarnados e buscar sua progressão no futebol. Um baita negócio fechado no Estádio da Luz.

Kökçü foge um pouco dos padrões de transferências do Benfica. Os encarnados estão mais acostumados a comprar jogadores baratos para desenvolvê-los e lucrar alto no mercado de transferências no futuro. Ainda que o meio-campista deva se valorizar em Lisboa, é um jogador mais pronto e mais renomado do que as costumeiras apostas benfiquistas. O clube tinha dinheiro em caixa para fazer tal investimento, até por causa da venda de Enzo Fernández. O turco parece exatamente o candidato a ocupar a lacuna deixada pelo argentino, como volante que preenche bem a faixa central e possui categoria para se mandar ao ataque. Oferece qualidade para bater na bola, além de uma ampla gama de virtudes, inclusive por sua pegada defensiva.

O encaixe de Orkun Kökçü não se sugere nenhum problema ao Benfica. É um jogador que deve tomar conta da cabeça de área, especialmente com a companhia de Florentino Luís no setor e a ascensão de João Neves, além da opção de Chiquinho. O nível de jogo que apresenta também deve colocá-lo como um protagonista de imediato dos encarnados. E não tende a ter problemas de adaptação nos vestiários, diante da companhia de velhos conhecidos da Eredivisie. Fredrik Aursnes foi seu colega no Feyenoord, enquanto enfrentou David Neres nos tempos de Ajax. Tal negócio também indica a marca positiva que Roger Schmidt deixou no país, depois de dirigir o PSV.

Já para o Feyenoord, não será tão simples ocupar a lacuna deixada por Kökçü. Não era apenas uma peça nevrálgica no meio-campo, como motor no time, mas também uma liderança evidente e também uma referência técnica. Se existiam esperanças sobre o potencial do Stadionclub em buscar os mata-matas da Champions e o bicampeonato na Eredivisie, a missão se torna um pouco mais difícil. Entretanto, Arne Slot já possui enormes méritos na atual temporada ao contornar a venda de vários jogadores de relevo dentro do elenco. Sua missão mais difícil é encontrar alguém que se coloque exatamente no papel que Kökçü teve, como craque da equipe.

Para a função no meio-campo, ao menos, o Feyenoord já se mexeu bastante rápido ao buscar novos volantes. O principal reforço do clube é o de Ramiz Zerrouki, de 25 anos. O Stadionclub pagou €7,2 milhões pelo argelino, um dos melhores jogadores do Twente nas últimas três temporadas e pronto para se tornar dono da posição. Já uma aposta para o futuro é Thomas van den Belt, de 22 anos. O jogador do PEC Zwolle arrebentou na segunda divisão, com 16 gols e oito assistências. Custou apenas €850 mil. De qualquer maneira, o valor de venda de Kökçü ainda parece baixo ao que poderia ser. Ao menos, os 20% mantidos oferecem uma garantia futura em Roterdã.

Para o Benfica, a contratação soa como uma pechincha, mesmo que Kökçü chegue como reforço mais caro da história do clube (descontados os bônus pagos depois por Darwin Núñez e Enzo Fernández) e também da história do futebol português. Obviamente, o meio-campista de 22 anos precisará se provar no novo ambiente. Ainda assim, as mostras dadas nos tempos de Feyenoord parecem boas o suficiente para endossar sua compra. É um jogador que possuía outros horizontes nesta janela de transferências e poderia seguir a ligas maiores. Que, além do mais, pode ganhar mais mercado no futuro. Tende a auxiliar o Benfica já no curto prazo e render mais dinheiro no futuro.

Foto de Leandro Stein

Leandro Stein

É completamente viciado em futebol, e não só no que acontece no limite das quatro linhas. Sua paixão é justamente sobre como um mero jogo tem tanta capacidade de transformar a sociedade. Formado pela USP, também foi editor do Olheiros e redator da revista Invicto, além de colaborar com diversas revistas. Escreveu na Trivela de abril de 2010 a novembro de 2023.
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